segunda-feira, junho 12, 2006

Rumi

Cada lua, ó meu amado, por três dias estou demente;
Hoje é o primeiro deles -- Por isso me vês contente.

Mowlana Rúmí ou Jalálu’d-Dín-i-Rumí (1207-1273) .
Trad. por Sam, a partir do inglês de
Marzieh Gail (The Four Valleys).

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4 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Respondendo à minha amiga Sandra, que comentou noutro poema o seguinte: "não entendo o sendos dos 'três dias'".


Devo dizer que a mística do Rumi é complexa e não ouso afirmar dominá-la: nem de longe!


Mas a questão do número três é interessante. Repara: três é o número de instâncias psíquicas designadas por Freud (id, ego e super-ego), o número de factores motivantes da nossa espécie prescritas por McClelland (afiliação, sucesso e poder), os valores humanos de Frankl (de criação, de experiência, de atitude). Três é um número que nos acompanha sempre!

Três é o número da mística cristã (a Santíssima Trindade) e o livro sagrado do budismo é o Tri-Pitakas.

É graças ao número três que podemos confluir o passado (1), o presente (2) e o futuro (3) numa percepção global do fenómeno da existência.

É nele que encontramos que encontramos o equilíbrio, o caminho do meio, pois permite a possibilidade de um ponto médio entre 2 extremos.


Mas também, tendo em conta que este texto é citado na literatura bahá'í, creio que se referirá ao fenómeno religioso em si. "A cada lua" ou a cada ciclo, surge uma nova dispensação divina.

Pode-se ler nos textos bahá'ís que “A vinda do Manifestante de Deus é a estação da primavera espiritual” (o primeiro dia da metáfora?); e noutro lado: “assim como o ciclo solar possui suas quatro estações, o ciclo do Sol da Realidade tem seus distintos e sucessivos períodos”.

A "cada lua" pode significar "cada mês", uma vez que ambas palavras possuem a mesma designação em persa, daí a questão do ciclo/período religioso que o estudioso Savi tão bem explica. Ele diz que "Esses períodos podem ser comparados respectivamente às primaveras, quando começa uma nova era espiritual; à primavera, quando a civilização, conduzida pelo Manifestante de Deus, atingiu a sua máxima florescência; ao outono, quando seus frutos estão reunidos, ao mesmo tempo que começa seu declínio; e ao inverno, quando há “a morte e o desaparecimento do desenvolvimento divino e a extinção da luz e do amor de Deus”, restando somente “Os dogmas e as cegas imitações”. Naquele momento, “o ciclo se inicia e uma nova primavera surge”".

Assim, parece-me que os três dias são a ascendência, a estagnação e o declínio da lei de Deus, que urge por renovação.

Rumi, quiçá ansiasse pelo 1º dia desse ciclo para estar contente.


Já a sua loucura (ou demência) seria o êxtase de sua felicidade por, à semelhança de nós, estar neste "dia".


Sobre este texto de Rumi, o Próprio
Bahá'u'lláh diz ser ”a respeito de sabedoria divina e de conselho celestial”. Quem sou eu, portanto, para perceber algo celestial ou a sabedoria divina?

Trata-se apenas duma ideia. Quem quiser compartilhar a sua: benvindo!

18 junho, 2006 17:37  
Anonymous Anónimo disse...

Muito obrigada Sam, e pelos vistos, tinha deixado o comentario no sitio errado! Era mesmo desta explicação que precisava para concluir a minha teoria de que a demência do Rumi é permanente, visto que os três dias simbolizam as diferentes fazes ( ascenção, auge e descenção) de cada lua/mês.
ps: descenção existe? lol

18 junho, 2006 18:21  
Anonymous Anónimo disse...

Aqui estou eu a escrever este comentário, enquanto ainda não voltas, para continuar a ser merecedora dos traços de sabedoria que me queiras transmitir.
Penso que seria uma boa ideia deixares o teu ponto de vista sobre cada um dos posts. Este ficou deveras interessante. Beijinhos, Catarina Gomes

22 junho, 2006 13:20  
Blogger Café d' Avó disse...

Rumi, Attar e outros sufis. Que bom começo de conversa é SIMORG. Eu estou sempre as voltas com a Fênix e obrigada pela visita

22 junho, 2006 22:55  

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