segunda-feira, setembro 03, 2007

Ouvi por aí... no Hotel Ruanda

Vi, há dias, um filme que dificilmente me vejo capaz de comentar; pelo que apenas transcrevo algumas passagens que me chamaram bastante a atenção.

Faço-o ao bom estilo do Cejunior, quando cita determinados escritores e faladores.

"Nós somos a maioria, eles são a minoria de traidores e invasores. Nós iremos esmagar a praga."
RTLM Hutu Power Radio (com o comentário de as maiorias serem melhores que as minorias)

"A política é poder, Paul, e dinheiro."
George Rutagunda, líder da Guerrilha Interhamwe

"Os belgas é que criaram a divisão. Eles escolhiam as pessoas: aqueles com narizes mais finos, pele mais clara; costumavam medir a largura das narinas das pessoas. Os belgas usavam os Tutsis para gerir o país, mas quando se foram deixaram o poder para os Hutus. E, é claro, os Hutus vingaram-se contra os Tutsis pelos anos de repressão."
Benedict, o jornalista especialista de Kigali (definindo historicamente o rídiculo da dicotomização da espécie humana)

"É tempo de limpar a savana, Hutus de Ruanda. Devemos cortar as árvores altas. Cortar as árvoras altas agora. (...) Encontrar esses traidores (...). Não deixar nem um deles escapar."
George, líder da Guerrilha Interhamwe na RTLM Hutu Power Radio (dando ordem de ataque à milícia: a aniquilação total dos Tutsis)

"Estamos aqui para manter a paz e não para fazer a paz. As nossas ordens são para não intervir."
Coronel Oliver, responsável das forças de manutenção da paz das Nações Unidas durante o conflito (demonstrando o absurdo do sistema de Nações Unidas que possuímos)

"É um massacre, cádaveres, machetes."
Líder da equipa de repórteres

"Como podem não intervir, quando testemunharem tais atrocidades?"
Paul Rusesabagina, ao falar com o repórter que filmou as primeiras cenas noticiadas de chacinas

"Penso que quando as pessoas virem essas filmagens dirão: "O meu Deus, é horrível". E então continuarão comendo os seus jantares."
Daglish, o repórter, respondendo

"Por favor, não deixem que me matem: prometo que deixarei de ser Tutsi."
Uma das dez crianças do orfanato, com a irmã amarrada nas costas, antes de ser morta a machada

"Almejam crianças tutsis, Paul, para eliminar a próxima geração."
Sr.ª Archer, membro da Cruz Vermelha

"Eles não ficarão. Eles não vão parar a chacina."
Coronel Oliver, falando dos recém-chegados soldados europeus

"O Coronel Oliver disse que tem 300 soldados para manutenção da paz em todo o país."
Paul, falando com a esposa

"Fonte nas Nações Unidas reportam que os representantes americano e britânico no Conselho de Segurança pedirão a remoção total dos soldados da N.U. do Ruanda."
Notícias News Service Africa (comprovando o papel activo do "Ocidente")

"Não toque na câmera. Temos o direito a filmar."
Repórter a filmar a congregação religiosa que os soldados europeus aceitam proteger sem os membros ruandeses do grupo (sacerdotes e civis, adultos e crianças que são deixados para trás)

" - A quem posso telefonar para acabar com isso?
- Os franceses. Eles armamentam os Hutu."
Presidente da cadeia de hotéis Sabena, Sr. Tillens (na Bélgica), em conversa telefõnica com Paul, tentando impedir que o exército Hutu leve as mais de 900 pessoas instaladas no Hotel Mille Collines (veio-se a saber, posteriormente, que eram um total de 1.268), provavelmente, para serem mortas

"Implorei aos franceses e belgas que regressassem e vos trouxessem a todos... Temo que isso não aconteça. São covardes, Paul. Ruanda não vale um único voto para nenhum deles: os franceses, os britânicos, os americanos..."
Tillens (comprovando o desinteresse político pelos seres humanos)

"Temos todas as razões para crer que actos de genocídio têm ocorrido."
Porta-Voz da Casa Branca, respondendo a um repórter sobre o genocídio em Ruanda

"Quantos "actos de genocídio" são necessários para fazer um genocídio?"
Pergunta seguinte

"Não é uma pergunta na qual esteja em posição de responder."
Nova resposta (não creio que eu precise comentar!)

"Deixaram para trás quase um milhão de cadáveres."
Última frase escrita no filme.

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2 Comentários:

Blogger João Moutinho disse...

Os soldados se quiserem intervir têm de disparar, matar, serem odiados até pelos dois lados.
Não é fácil.

04 setembro, 2007 18:34  
Blogger AlmaAzul disse...

O filme impressionou-me muito... desconhecia a história, e quase que o vi por acaso...
Mas o que me peocupa é que Daglih tem razao...

"Penso que quando as pessoas virem essas filmagens dirão: "O meu Deus, é horrível". E então continuarão comendo os seus jantares."
Daglish, o repórter, respondendo"

07 setembro, 2007 11:47  

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