O estranho caso do cinema mudo
bem e o mal. Por toda a nossa vida, a luta continua entre
eles, e um deles deve conquistar. Mas em nossas mãos jaz o poder de escolha --- aquilo que mais quisermos ser, seremos."
E, por isso mesmo, não pude deixar de notar o excentricismo dos actores, os exageros da música e o berrante do branco. Quando não temos cores, os contrastes são mais fortes: é na escuridão que maior contraste faz o branco. Tenho reparado que quando, naqueles tempos, pretendia-se mostrar que uma mulher era bonita, maquiavam-na de tal forma excessivamente, que nos anos 70 poderia ter sido uma personagem de filme de terror, de tão branca e pálida que estava: afinal, os conceitos de beleza (e não só) vão evoluindo com os tempos. Se o excesso de lividez era considerado sinónimo de beleza, hoje já é considerado possível enfermidade.
Mas, o mais belo é mesmo notar como os seres humanos comunicam, mesmo sem querer. Para todos aqueles que discordam dos modelos da pragmática da comunicação humana, basta ver um filme do cinema mudo e passar a concordar: é impossível não comunicar.
Aqueles olhares de ternura, de angústia, de desolação ou mesmo de indiferença substituem qualquer linha exposta num guião. A postura é, por sua vez, o espelho da mente: inclinação para frente quando estão interessados na mensagem que é transmitida pelo outro, a autoconfiança dos lordes ingleses demonstrada em suas cabeças erguidas e colunas direitas e mesmo o impulso à invasão do espaço do outro por Mr. Hyde e o afastamento retraído do Dr. Jekyll.
Num mundo como o nosso, onde parece que as palavras são pronunciadas antes mesmo de serem pensadas e são ouvidas antes mesmo de serem sentidas, o cinema mudo nos trás algo único, quase que mágico: percebemos que não é só pelas palavras que comunicamos!
Etiquetas: Comunicação, psinema, Robert Louis Stevenson
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