segunda-feira, junho 23, 2008

Encontrando o Bem em si mesmo

Há um par de semanas, a televisão portuguesa de banda aberta deve ter batido algum recorde de índice de novelas produzidas no Brasil. Umas dez eram transmitidas quase em simultâneo. Duas da Record no início da tarde da RTP1, e na SIC uma repetição no início da tarde e mais três novelas no fim da tarde e umas quatro à noite. Não sei se as minhas contas estão certas, até porque, neste momento, só vejo uma destas novelas (e seriamente pondero deixar de ver essa Ciranda de Pedra). E, ainda vai começar outra que parece interessante – A Favorita – que, ao que parece, tem o seu conceito de bom e mau da história, pelo menos nos seus inícios, não muito claro. Parece que a linha entre o certo e o errado parece ser cada vez mais ténue… Ou talvez não!

Na dose de novelas que a televisão nos dá, mesmo que eu não queira – e, de facto, não tenho muito interesse em Duas Caras, a última novela do dia – acabo por receber quase tudo o que há sem sequer assistir… Então, o que eu fui entendendo, por capas de revistas no Supermercado e conversas em casa e som alto da TV é que aquele que era o suprassumo do mal, aquele que roubou a esposa, fugiu, fez plástica e hoje possui um império de dinheiro, Marconi Ferraço é um desses casos de linha ténue. Ele amansou, enamorou-se da esposa, quer ser um bom exemplo para o filho, quer, enfim, ser aquilo que se poderia chamar de cidadão de bem.

Será que tais transformações ocorrem? Profissionalmente acredito que sim. Aliás, como ser humano quero crer que sim. O personagem do Ferraço é um intento de prova de que o mal não existe nas pessoas, mas o que existe é uma possível ausência de bem. Não sendo amado, ele não sabia o que era o amor. Não sendo respeitado, ele não sabia o que é o respeito. Descobrindo em seu filho o amor que nunca havia recebido enquanto ele mesmo era um filho, parece que o seu lado bom foi nutrido e fortalecido, enchendo aquele vazio, aquele buraco ao qual chamamos de lado mau.

Em tais mudanças não há conflitos internos, não há luta entre os tais dois lados da pessoa: o bem e o mal nele. Nada disso! O que há é um vazio que, cedo ou tarde, pode ser preenchido. Há um buraco que aguarda ser cheio. Há uma ausência de amor que precisa ser reencontrado.

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3 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Este assunto foi tema de uma revista aqui no Brasil. Se não me engano foi a Veja. Mas também concordo que as pessoas se transformam - tanto para bem quanto para mal.
Uma pergunta básica: você realmente gosta das novelas brasileiras?

23 junho, 2008 22:47  
Blogger Ricardo Rayol disse...

I hate novelas, mas se quiser posso mandaro final de todas elas eheheheh

24 junho, 2008 20:11  
Anonymous Anónimo disse...

Acho muito interessante a interpretação das pessoas quanto as novelas!!!
Perda de tempo, sem conteúdo, amoral...no entanto todos sabem o q se passa nelas!!!
Mas a verdade é q são o retrato, talvez um pouco temperada, da nossa vida quotidiana, daquela parte q nós ñ temos conhecimento.
E eu gostei muito da analise da mudança e do crescimento do personagem de Ferraço, demonstrando como um amor inocente e incondicional (de filho pelo pai) pode mudar uma pessoa para o bem mas também um outro amor (de Sílvia pelo Ferraço) pode se tornar numa obsessão doentia até levar a pessoa à loucura!!!

25 junho, 2008 09:23  

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