quinta-feira, junho 14, 2007

The Astronaut Farmer

Se não temos os nossos sonhos,
Não temos nada.
Charles Farmer


Filme de 2006 estreado recentemente nas salas portuguesas, The Astronaut Farmer é a história do engenheiro que, não podendo completar a sua formação na NASA, continua a lutar pelo seu sonho: criar um foguete e lançá-lo ao espaço.

A NASA, o Exército, o Congresso, a FAA, com o apoio do FBI, erguem-se contra o seu sonho, o banco o ameaça de bancarrota e o legado do seu pai continua a pairar sobre ele como uma sombra.

Mais do que um filme, é uma trama sobre o sonho, trata-se de uma família humanas que, a cada cena, tenta responder, em unidade, à grande pergunta: Como é que uma família funciona? Os jogos familiares ao jantar, o legado que se transmite de pai para filho (de desistir ou de persistir ante as dificuldades), o sorriso ternurento de crianças (que fantasiam com o pai) e o filho que ajuda (numa fé quase cega e claramente idólatra).

É a história de uma família, entre tantas outras; é a história de uma esposa que entende que a família deve encontrar sentido numa actividade conjunta, numa obra criada por todos. É a história do filho que não pode ser como o avô, porque o pai recusa em ser como o seu predecessor. É a história do marido que não sabe a quem ama mais: o seu sonho ou a sua família (apesar de saber responder a essa pergunta).

Mais do que o elenco – na medida em que o filme não depende das actuações de Billy Bob Thorton e de Virginia Madsen nem da presença discreta de J. K. Simmons ou de Bruce Willis (tão discreta que nem vi o seu nome no genérico!!!) – que não nos faz chorar, nem apela ao mais humano em cada um de nós, nem tampouco nos dá uma história convincente – afinal de contas, quem consegue sozinho (ou com a ajuda de três crianças) montar um foguete espacial em nada menos que um mês de Maio? – temos os gémeos Polish com um enredo profundo. Michael Polish, em particular, está de parabéns pela realização aguçada.

Farmer vivia numa cidade de nome Story e a estória da sua vida era a de um homem que, como tantos outros, delineava a ténue barreira entre o sonho e a insanidade, entre a genialidade e a estupidez humana. O que o filme demonstra é que é o guião que comanda o filme e é o sonho que comanda a vida.

Resta saber:
Será que ele alcança o sonho da sua vida?
Será que ele desiste?
Será que ele toma a decisão certa?
Será que a sua família lhe apoia?
Será que ele apoia a sua família?
Será que ele sobrevive às suas escolhas?
Ou as escolhas sobreviverão a ele?

De um enredo excepcional, o Astronauta não é um mero camponês (farmer): o astronauta é do campo (farm), mas o seu limite é aquele que ele, enquanto ser humano decide. O sentido não está na morte (como diria Freud), mas na obra criada, no amor recebido e no sofrimento. O sentido da vida está naquilo que a família, em conjunto, decide para todos: é o filme que relata uma família em busca de sentido.

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2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Será que uma família assim no mundo real existe ou será que este é um desejos... um sonho para ser incentivado a se tornar na realidade???!!!
Eu não vi o filme mas será que esta família é tão perfeita quanto quer parecer???
Não será o desejos de todas as famílias no mundo real um pouco de ficção???
:-)

14 junho, 2007 12:55  
Blogger Sam Cyrous disse...

Atenção, Ella, que até essa família "perfeita" teve as suas crises.

A beleza foi vê-la conseguir superar a crise.

E verdade seja dita: o filme era mais irreal que surreal!!!

14 junho, 2007 13:58  

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