terça-feira, junho 12, 2007

Tomada de decisão - Consultar para agir

Não podemos pensar que a liderança é o somatório de atividades levadas avante num vácuo, desordenadamente. Na vasta maioria das vezes, para sermos sucedidos enquanto líderes, devemos nos dirigir a uma tarefa específica, estando cientes de que todos os participantes no processo de decisão sabem claramente quais são os costumes sociais e culturais do seu grupo de trabalho. Os métodos e os materiais usados não devem ser escolhidos aos nossos “gostos” e “desgostos”, mas devem ser o resultado de pesquisas e experimentação durante um bom tempo - estudo, consulta, experimentação, e análise dos métodos e dos resultados das primeiras ações.

Cada pessoa, nas funções que desempenha enquanto líder de um determinado grupo, deve seguir o modelo “consulta, ação e reflexão” no processo de sua tomada de decisão. Cada líder deve-se engajar regularmente nas atividades, refletirem acerca dos resultados dos seus esforços e consultar com os colegas e colaboradores sobre a eficácia do método utilizado no momento da ação.

É a sua função criar uma cultura de encorajamento e de aprendizagem, desencorajando conflitos e rigidez de opiniões. É também sumamente importante que ele se lembre (e relembre aos demais) que existem muitos caminhos para a mesma verdade: “Do mesmo modo, quando encontrardes aqueles cujas opiniões difiram das vossas, não lhes vireis a face. Todos estão procurando a verdade, e há muitos caminhos que conduzem a isso”, diria o sábio persa - Abdu'l-Bahá.

1. Consulta

Neste período é apresentada a situação a debater. A forma como a situação é apresentada tem efeito sobre todo o processo: uma linguagem confusa e complexa pode gerar mal-estar entre os participantes, enquanto que a insinuação pode acarretar reações defensivas e de contra-ataque.

É necessária a brevidade e a pragmática. O líder deve permitir que os participantes no processo adquiram informação suficiente, de modo a poderem dar opiniões fundamentadas. Para isso, o tempo de partilha de informação deve ser otimizado, permitindo a participação de todos. Se quiser saber, enquanto líder as reais opiniões dos demais não apresente comentários opinativos, mas, antes, os fatos com o menor grau de interpretação possível.

Não deixe que as pessoas confundam fatos com opiniões, os sintomas com a causa do problema, muito menos que procurem um bode expiatório. Pelo contrário, deve-se focar na procura de uma solução que consiga ir de encontro aos interesses do grupo enquanto tal, tornando-o capaz de ponderar a informação que já possui, decidindo por uma série de opções.

Deve-se facilitar a participação de todos na gênese de possibilidades e soluções, que devem ser analisadas em pormenor, decidindo-se pela mais adequada. Pois, como disse 'Abdu'l-Bahá - “Conhecimento é o primeiro passo; resolução, o segundo passo; ação, o seu cumprimento, é o terceiro passo”.

2. Ação

O mesmo autor, noutro momento, afirma que “Todo conhecimento é bom, mas não pode produzir qualquer fruto senão através de ação”: portanto, não basta apenas tomar as decisões; é também necessário agir! O líder deve estar atento a inúmeros aspectos, para que a ação seja sumamente maximizada.

Permita que o grupo delineie as estratégias de implementação da atividade, tendo em conta os recursos humanos disponíveis, bem como o tempo e os materiais necessários. Um bom líder dará bastante atenção ao grau de delegação que utiliza com a equipe ou indivíduo(s) e a forma como as utilizará para desenvolver as suas capacidades.

Mas, ao mesmo tempo em que delega atividades (e confiança) nos membros da equipe, deve monitorar a evolução de cada um deles - de cada indivíduo e de cada tarefa -, apoiando toda a equipe ao longo do processo. Pode-se também ir dando novos desafios com o ímpeto de torná-los cada vez mais responsáveis com a tarefa (e, portanto, mais independentes e mais capazes).

3. Reflexão

Por fim, depois da ação feita e acabada, é necessário refletir sobre a forma como foi feita e sobre os resultados obtidos (ou não!). Aqui, o feedback tem um papel crucial, tornando-se fundamental a sua estimulação - tanto a nível grupal como individual. Fazer perguntas simples e diretas (“Qual a melhor estratégia para enfrentar este problema?”) pode ser melhor estratégia do que perguntas complexas ou generalistas (“Alguém tem outra sugestão?”), porque a pessoa sabe o que se espera dela e o líder demonstra sinceridade no desejo de ver aquela pergunta respondida.

Mas, atenção: é comum haver visões diferentes das do líder, pelo que todo o processo de consulta, ação e reflexão se trata de um método enriquecedor cujo objetivo não é mais que o de permitir uma melhor execução da tarefa, evitando futuros erros e repetindo o que se fez bem (e não o contrário!). Isto proporciona a todos mais e melhor informação que pode ajudar na melhoria da performance do seu grupo.

Texto publicado in Boletim RH

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5 Comentários:

Blogger João Moutinho disse...

Ainda bem que tomaste a decisão, e voltaste a blogar.

12 junho, 2007 17:35  
Anonymous Anónimo disse...

Sam, por esta sua postura e fé na humanidade, estou indicando o Fenix ad eternum para o selo "Prémio blog com tomates", organizado pela Brit.com, aí de Portugal.
Segue o link do lá do blog com o post completo. Um grande abraço.

Blog com tomates e muito riso

13 junho, 2007 03:25  
Anonymous Anónimo disse...

Bela conferência.Embora não seja de sua autoria vc podia mandar para O APRENDIZ...

13 junho, 2007 13:35  
Blogger João Moutinho disse...

Sam,
A Epístola de Bahá'ulláh aos Cristãos está disponível na Net.

13 junho, 2007 17:27  
Blogger SAM disse...

Blogue da Magui, obrigado pelo comentário. O texto é, de fato meu. Só não sei quem é o "aprendiz".

João Moutinho, amigo de longa data, mais do que a minha decisão, está a tua decisão de colaborar com este blog, através de comentários.

Cejunior, obrigado pela nomeação. Como é que isso funciona?

14 junho, 2007 09:40  

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