terça-feira, setembro 18, 2007

Da migração à mundialização humana


A 25 de Junho deste ano, foi tornado público pela OCDE, em Paris, o relatório Perspectivas das migrações internacionais, que demonstra o aumento do fluxo migratório internacional nos 30 países que a constituem: de 3,5 para 4 milhões.

Países como Portugal, Espanha e Itália que, outrora demonstraram-se países emigratórios, convertem-se, hoje, em países imigratórios, o que leva a uma profunda mudança de paradigma. Tratam-se de países com condições económicas interessantes – ricos para aqueles do Hemisfério Sul e pobres para os países a Norte.

Calcula-se, assim, que hoje em dia 1,7% da população mundial viva fora do seu país de nascimento, como consequência de três conjuntos distintos de motivos, que ao longo da história humana:

  • Motivos políticos – na esperança de uma nova vida na América Latina, por parte de italianos do início do Século XX, ou durante, por exemplo, as ditaduras sul-americanas ou os conflitos na África;
  • Motivos económicos – os cidadãos do antigo bloco soviético ou da África que chegam à procura de melhores condições de vida;
  • Motivos religiosos – a povo judeu que liderado por Moisés (cc. 500 a.C.) saiu do Egipto, e as várias famílias bahá’ís do Irão que saíram pelas perseguições iniciadas pelo regime instaurado em 1979, matando só em 1981, pelo menos 150 de seus adeptos.

O Relatório também estabelece que nos período 1995-2005 houve uma melhoria da integração dos imigrantes e também dos seus filhos no mercado de trabalho, apesar de ainda 1 em cada 4 imigrantes altamente qualificados encontrar-se inactivo ou a trabalhar em trabalhos inferiores às suas habilitações.

É, portanto, crucial que a imigração seja acompanhada de integração, através de mecanismos efectivos, eficazes e eficientes que assegurem que os imigrantes sejam incorporados nos mercados de trabalho, na economia e na sociedade.

Muitas medidas estão a ser tomadas por diversos grupos profissionais e sociais, e mesmo políticos e governamentais, no entanto, enquanto se descurar o aspecto individual e relacional, pouco ou nada pode ser feito.

Pois existe “um sempre crescente número de estrangeiros, que trazem consigo valores, tradições, crenças religiosas, hábitos e problemas deveras diferentes dos nossos” (Andolfi, 2004). Esses imigrantes encontram-se numa espécie de limbo, perdidos entre o sentido que não conseguiram dar às suas vidas nos países de onde emigraram e o sentido que não conseguem encontrar nos países para onde imigrarem. Experimentam formas múltiplas de stress, tentando ajustar a maneira como se vêem e a maneira como vêem ao mundo.

Talvez devessemos encontrar uma estratégia que preconizasse a unidade na diversidade e a possibilidade de crescimento colectivo e de encontro do sentido da vida, onde as diferenças não mais fossem simplesmente toleradas ou aceites: mas incentivadas e apreciadas. A nobreza humana deve ser promovida através do direito à escolha: em conjunto, procura-se, descobre-se e aplica-se a verdade. O sentido da vida torna-se algo mais realista, pois as pessoas envolvem-se numa teia de actividades conjuntas, produzindo algo que consideram útil e todos, nacionais e imigrantes, percebem que não são meramente um conjunto de pessoas, mas indivíduos com diferentes capacidades e visões, baseados nas diferenças étnicas, culturais, geográficas, idiomáticas, sociais e também individuais.

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