segunda-feira, abril 14, 2008

Da leitura, da Trindade, e da Religiosidade

Há dias li um livro do falecido antigo e ex-Cónego da Catedral de Dt. Patrick, Dublin (Irlanda) e também Arcediago de Clonfert, George Townshend. Uma figura cuja obra merece ser estudada por todos aqueles que se gostariam de afirmar como doutos nas ciências de análise religiosa.

O livro que li possuía toda uma análise coerente (mesmo que se discorde dele não se pode deixar de confirmar a coerência nos argumentos expostos) de toda uma série de questões religiosas e dogmáticas, sociológicas e sociais, históricas e culturais, desde o tempo de Jesus Cristo; começando, assim, o seu livro com o Capítulo Chamado de Deus aos Cristãos e terminando com O Reino na Terra, logo antes do epílogo.

Sobre o Cristianismo, aquele dos tempos de inicias, ele comenta:

Uma nova qualidade de amor caracteriza agora o Reino, amor este que unia os crentes não só com Deus mas também uns com os outros e até se estendeu aos inimigos e “àqueles que vos odeiam”. (…) O supremo ideal deste amor, segundo mostra o Evangelho de S. João, foi a relação entre Cristo e o Pai e, embora revelada na linguagem simples, em palavras sem adorno, salienta-se como a mais alta expressão do amor divino nas Sagradas Escrituras.

Uma análise minuciosa é feita sobre esta relação entre Jesus, o Filho do Homem, e o Pai, Deus Todo-Misericordioso; e, aqui, uma das coisas que mais me chamou a atenção, na obra, foi essa capacidade de me explicar, finalmente, a questão da Santíssima Trindade. O autor explica sobre a “crença geral de que Jesus Cristo foi encarnação única de Deus” e sobre o facto de “nas próprias palavras de Cristo registradas no Evangelho, entretanto, nada se encontra em apoio de tal crença”, conforme os argumentos que aqui tento sintetizar.

  • Jesus era enfático na distinção entre Ele Próprio e o Pai, dizendo:
    • do Pai que me enviou” (João, 14:24);
    • Vou para o Pai” (João, 14:28);
    • porque o Pai é Maior do que eu” (Idem);
    • vou ao Pai” (João, 16:16);
    • eu rogarei ao Pai” (João, 14:16);
    • nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou” (João, 8:28).
  • Também afirmou que ao Pai pertencia o conhecimento desconhecido por Ele, o Filho:
    • A respeito, porém, deste dia ou desta hora, ninguém sabe quando há de ser, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas só o Pai” (Marcos, 13:32).
  • Ainda, Ele falava de Si mesmo como profeta (Mateus, 13:57).
Para Townshend, faz-se fundamental entender o conceito de Espírito da Verdade e entender que há duas realidades distintas, pois o Próprio Cristo fala de um “ele” e de um “eu”:
  • Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; (…) Ele me glorificará, porque há-de receber do que é meu” (João, 16:13-14).

O autor continua explicando que, como consequência de más interpretações das Escrituras Sagradas do passado, “os adeptos de todas as religiões do mundo têm inventado para si crenças semelhantes, afirmando ser único e final seu próprio Profeta. Em consequência disto, nenhuma religião reconheceu aquele Profeta de uma religião posterior. Os hindus não acreditam em Buda, nem os budistas, e nem ainda os zoroastrianos, em Cristo. E o resultado dessa crença delusória é que as religiões do mundo têm concorrido para a divisão da humanidade em vez de sua unificação”.

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