quinta-feira, março 08, 2007

Um passáro chamado Humanidade

“A humanidade assemelha-se a uma ave com duas asas – uma é o macho e a outra a fêmea. A ave, se ambas as asas não forem fortes e impelidas por uma força comum, não poderá voar para o céu”

(‘Abdu’l-Bahá; 1973. Selecção dos Escritos de ‘Abdu’l-Bahá. Trad. Leonora Armstrong, São Paulo, Editora Bahá’í do Brasil).


A emancipação da mulher e a conquista da total igualdade dos sexos é essencial para o progresso humano e a transformação da sociedade.

A desigualdade retarda não somente o avanço da mulher, mas o progresso de toda a espécie humana. E, mais grave, a nossa insistência em amputar os direitos de mais de metade da população mundial é não só um ultraje à dignidade da nossa espécie como um carcinoma que nos poderá comer por dentro, deixando sequelas irreparáveis no nosso tecido familiar, social e universal.

E, mais grave, ainda hoje, em muitas partes do mundo, as mulheres são vistas como frágeis e, portanto, inferiores. Diversas culturas de antanho e hodiernas abordam essa questão de diversas formas e, nós, humanos, ainda não nos demos conta de que todas dizem o mesmo!

Reparemos que segundo os hindus (religião de vários milénios de existência!), a população depende da castidade e fidelidade das mulheres e, tal como as crianças, bastante propensas a “serem desencaminhadas, as mulheres são similarmente propensas à degradação. Por isso as mulheres, assim como as crianças, precisam da constante protecção da família” (O Bhagavat-Gita (como ele é). 7ª ed., Trad. A. C. Prabhupáda, São Paulo, The Bhakdivendanta Book Trust). O próprio Krishna ao falar dos homens diz que eles se poderão ocupar “de trabalhos prejudiciais e horríveis destinados a destruir o mundo”, mas não diz isso das mulheres…

Já na teologia judaico-cristã, a mulher é aquela que concedeu “o direito à redenção, pela glorificação da virgindade de Maria” (Carr, A., 1997. A Mulher na Igreja. Temas e Debates), tendo a sua origem “da costela, que o senhor Deus tomou do homem” (Génesis, II:22).

E, é claro, não se poderia abordar este tema, sem falar no mundo islâmico. No Irão, por exemplo, um país que, infelizmente como tantos outros, as mulheres carecem de direitos básicos e simples (ainda que se sintam alguns progressos), surgiu uma jovem poetisa, Táhirih, que “marcou o [seu] século (…) com transcendente heroísmo”. Conjugava beleza, sabedoria e eloquência tais, que atraia multidões de homens e de mulheres e que inclusive levantou o interesse do próprio Xá da Pérsia.

Abandonando o uso do véu, a despeito do costume milenar de sua pátria (…) e participando de acolorados debates sobre temas místicos e espirituais, acumulou seguidas vitórias contra os expoentes masculinos mais representativos do pensamento de seu tempo”. Foi exactamente por isso que o Governo a aprisionou, a apredejou nas ruas, a exilou de cidade a cidade: por ela defender tão fervorosamente os direitos de suas irmãs, as mulheres. Finalmente, foi-lhe sentenciada a morte e, segundo testemunhos da época, ela foi incisiva: “Podeis matar-me, mas não podeis impedir a emancipação da mulher!” (Araújo, W., 1994. Nova Ordem Mundial – Novos Paradigmas. São Paulo, Editora Planeta Paz).

A inspiração de Táhirih provinha dos ensinamentos bahá’ís que com tanto ardor abraçara. “O Senhor fez a mulher e o homem para viverem unidos na mais íntima associação, e serem como uma só alma” (‘Abdu’l-Bahá, 1973. Selecção dos Escritos. São Paulo, Editora Bahá’í do Brasil). É como se incentivasse ao regresso àquele ser assexuada, ao qual foi retirado uma costela. Afirma-se que a “educação das meninas é até mais importante que a dos meninos, pois no devido tempo essas meninas serão mães, e assim as primeiras educadoras da próxima geração” (Esslemont, J.; 1975. Bahá’u’lláh e a Nova Era. Curitiba, Editora Bahá’í). Tentando como que adaptar-se aos requisitos da época em que surge, encontram-se no seus escritos sagrados:

Em harmonia ao espírito desta época, a mulher deve progredir e cumprir sua missão em todos os sectores da vida, tornando-se igual ao homem. Deve estar no mesmo nível que os homens e gozar de direitos iguais. Esta é minha mais ardente prece” (‘Abdu’l-Bahá, 1973. Selecção dos Escritos São Paulo, Editora Bahá’í do Brasil).

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6 Comentários:

Blogger Dad disse...

Olá Sam!

Muito bom post!

Quando poderá a Humanidade deixar de comemorar estes dias internacionais?

Já cá não estarei para ver...

Um beijinho,

08 março, 2007 12:41  
Anonymous Anónimo disse...

Tenho passado os últimos anos da minha vida a saborear culturas diversas, apreciando as suas belezas e sentindo o que têm de desagradável. A igualdade dos direitos da mulher não são necessária como inevitável. Contudo! Parece me que em muitas culturas, nós as mulheres confundimos 'direitos e oportunidades iguais' e esquecemo-nos do que é sermos femininas. Adoptamos atitudes e linguagens masculinas, numa tentativa da nossa autoridade ser reconhecida pelos homens. A beleza da mulher, a sua linguagem corporal, e toda a sua leveza de tacto devem ser preservadas, e, parece-me que está na altura de os homens exercitarem a sua sensibilidade para decifrarem a autoridade das mulheres lendo as pautas dos seus subtis e cordeais requisitos.

08 março, 2007 15:46  
Anonymous Anónimo disse...

Inelizmente, em muitos lugares a mulher ainda é tratada como se fosse um ser inferior e está longo de ter seus direitos reconhecidos.
Mas acho que é uma questão de tempo isso acontecer.

10 março, 2007 13:23  
Anonymous Anónimo disse...

coloco aqui este link para que se alguém quiser conhecer algumas corajosas mulheres que estão hoje presas e torturadas porquê simplesmente querem ter o direito de serem livre da opressão e da tirania.
http://www.hrw.org/photos/2007/iran03/index.html

10 março, 2007 13:36  
Blogger Bonny disse...

Estou convertida pronto! :P

:) Gracias
beijos

13 março, 2007 17:27  
Anonymous Anónimo disse...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

31 março, 2007 19:56  

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