quinta-feira, abril 24, 2008

As leis da sedução

Como diria um amigo meu, não seria mais fácil simplesmente dizer o que se sente à outra pessoa e avançar conforme a resposta dada? Ao que parece a resposta é não, e os meus colegas psicólogos não param de estudar e chegar às mais diversas conclusões sobre este maravilhoso e estranho tema que só nos dá dores de cabeça! E, como a blogosfera parece conspirar para que eu leia matérias e mais matérias sobre este admirável e incompreensível tema da sedução, aqui vai a oferta do que pode servir para novas aprendizagens, desaprendizados e mesmo leituras e conclusões irrelevantes.

Análise de interesse sexual
Num estudo publicado em Abril na revista Psychological Science, Colleen Farris pediu a 280 universitários de ambos os géneros sexuais que categorizassem fotos de mulheres em 4 categorias: amigável, com interesse sexual, triste, rejeitando. Das quatro categorias, ambos classificaram em pior grau o interesse sexual, com os homens cometendo o erro de categorizar imagens amigáveis como sendo sexualizadas em 12% e as mulheres em 8,7%. Comparativamente, elas obtiveram melhores resultados que eles, o que permite concluir uma coisa: os homens são piores que as mulheres em ler o comportamento não-verbal delas. Rapazes, arranjem sempre uma amiga para vos fazer de dicionário, porque elas se entendem melhor (ou menos mal!).

Tamanha conta (ou talvez não!)
Conta, pelo menos para os Xiphophorus helleri, peixes das Américas central e do norte, cuja barbatana do macho é a única que cresce. É interessante notar a esperteza destes animais. Craig Walling e colegas das das Universidades de Exeter e Glasgow observaram que a fêmea mais rapidamente amadurece sexualmente perante um macho de grande barbatana, sendo “a primeira evidência de que as espécies adaptam a sua evolução a nível da maturação sexual em resposta a indícios visuais”, por isso a aparência é importante rapazes! Por outro lado, observou-se também que estes peixes retardam o seu desenvolvimento sexual quando existe outro macho com maior barbatana que eles no aquário, o que me parece uma semelhança com o acanho que muitos rapazes têm, evitando contacto com a outra pessoa quando sentem que existem outros rapazes potencialmente mais interessantes para elas. Trata-se, obviamente, de um erro claro: nós não temos barbatanas, mas um leque complexo de traços que faz mais complexa a escolha (ou não?).

Poder, ambição, dinheiro e aspecto físico
Pessoalmente não sou muito fã do estudo publicado em Fevereiro no Journal of Personality and Social Psychology, mas, para justiça do tema, publico aqui algumas notas. Num processo speed-dating (aonde a pessoa fala por alguns minutos com uma pessoa do sexo oposto, levanta-se e fala com outra, depois com outra, tudo cronometrados), Paul Eastwick (estudante) e Eli Finkel (professor assistente) do curso de psicologia da Weinberg School of Arts and Sciences (Northwestern, Louisiana) notaram que “bom visual era o estímulo primário de atração tanto para homens como para mulheres, e uma pessoa com perspectivas de bons lucros ou ambição” são os que, tendencialmente, mais gostam, sem qualquer diferenciação entre os dois sexos.
Não gosto do estudo em si, não das conclusões. As conclusões são lógicas: gostamos mais do que é mais promissor, dos que poderão dar melhor sustento, dos que são mais agradáveis de se olhar e de se falar. Mas a futilidade do estudo é que me assusta. As variáveis aspecto e ambição são variáveis muito fugazes! Se a pessoa troca de roupa ou conta uma história diferente passa a ser menos ‘querida’? E depois, a metodologia de speed-dating não é muito fiável: quantos minutos de conversa chegam para medir a atractividade? Ou se fosse o caso de só se querer analisar a primeira impressão para que a conversa? Não sei, há algo aqui neste estudo que não me encaixa. Talvez seja porque não sou suficientemente ambicioso (rs).

Andar e rebolar pode marcar a diferença
Cinco estudos e 700 participantes observando e avaliando o grau de atração percebida em representações animadas de pessoas andando permitiram concluir que as mulheres eram tidas como mais atraentes (50% a mais) quando andavam balançando a anca e nos homens (mais do dobro) quando a sua forma de andar era arrogante. O artigo ainda fala das medidas ideias que a cultura dita ocidental prefere nas mulheres, mas, cá para mim, a questão não está no aspecto físico, mas da forma como a pessoa dá a mostrar.

Finalmente! A personalidade também conta!!!
Não há muito tempo, em Novembro do ano passado, um artigo publicado na revista científica Personal Relationships sugere que aqueles que exibam traços positivos (honestidade, prestar ajuda, etc.) são percebidos como tendo melhor aspecto, enquanto que aqueles que exibiam traços negativos (injustiça ou rudeza, por exemplo) parecem ser menos atraentes. O processo foi simples e (parece-me) inteligente: as pessoas viam as fotos, respondiam ao grau de desejabilidade de ter a pessoa da foto como amigo ou namorado, depois recebiam informações sobre a personalidade da pessoa, e voltavam a dar uma opinião.
O que o estudo mostra é que a componente cognitiva possui clara influência no processo: não são só os olhos e a primeira impressão (seja no andar, na conversa de três minutos ou no tamanho), mas as informações que se vai recebendo sobre o sujeito! Por isso é que vejo pessoas que se conhecem há anos se apaixonarem, assim, de repente!
A personalidade que for tida como positiva conduz a um maior desejo de se ter a pessoa como amiga, o que leva a maior desejo de tê-la como potencial par romântico, o que, por fim, faz com que a pessoa seja vista como mais atraente do ponto de vista físico.
“Esta investigação providencia uma alternativa mais positiva, ao lembrar as pessoas que a personalidade vai um longo caminho na determinação da tua atractividade; pode mesmo mudar a impressão da pessoa sobre quão bem-parecido és” afirma Gary W. Lewandowski, Jr (autor do estudo).

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