quarta-feira, abril 09, 2008

O milagre de não fazer milagres

Tendo estado, há algum tempo atrás, no Brasil, não poderia ter deixado de notar o leque amplo de religiosidade entre o seu povo. Mas é interessante notar como a religião e o dogma e as tradições se confundem no país da mescla. Porque somos cristãos, judeus, muçulmanos ou bahá'ís? Por tradição familiar ou por decisão pessoal? Pessoalmente, acredito que a livre e independente busca da verdade (ou Verdade?) deveria ser o motor da decisão religiosa (ou arreligiosa até!). Longe daquele clero e dos pastores que acham que são detentores de um conhecimento mais acurado dos textos sagrados que exigem que eu pense como eles, prefiro ser eu a pesquisar e entender a religiosidade e, depois decidir, se concordo com este ou aquele movimento.

Frankl, se estivesse vivendo no Brasil, voltaria a escrever o seu A Presença Ignorada de Deus e, quiçá, faria sequelas da obra. Ele afirma:

De facto, a evidência clínica sugere que a atrofia do sentido religioso na pessoa humana resulta numa distorção de seus conceitos religiosos. Ou, falando em termos menos clínicos: uma vez reprimido o anjo dentro de nós, ele vira um demónio. Existe um paralelo inclusive em nível sociocultural, pois repetidas vezes observamos e somos testemunhas de como a religião reprimida acaba degenerando em superstição.

Ora, mesmo os alegados milagres têm muito que se digam, mas não entrarei por aí. O fenómeno psíquico que funciona, o fenómeno de marketing que engana, as informações erradas que se podem passar, nada disso, me interessa aqui. O que me interessa é pensar no seguinte:
  • Será que Deus precisa de nós e por isso utiliza milagres para nos chamar a atenção? Ou, ao contrário, nós é que precisamos dEle?
  • Será que temos o direito de Lhe exigir milagres, sendo uma obrigação Sua provar-Se perante Suas criaturas, e não estas a Deus?
  • Será a Causa de Deus uma exibição teatral, apresentada de hora em hora, da qual se possa esperar todos os dias algo novo? É que, penso, se assim fosse, tornar-se-ia mero brinquedo de crianças...
  • Além do mais, se os milagres se fazem prova de Deus, o que diferencia o religioso milagreiro e milagroso de um mágico ou mago?
Não ouso responder a nenhuma dessas questões!

Atenção. de forma alguma falo da impossibilidade dos milagres, apenas menciono a sua i-necessidade.

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1 Comentários:

Blogger alexbr82 disse...

Parabéns Sam, as perguntas parecem ser perfeitas para a questão, sem responder directamente deste a melhor resposta possível, mudas o curso da pergunta para a direcção correcta.

09 abril, 2008 20:46  

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