segunda-feira, maio 12, 2008

Autoreconhecimento na infância: trinta anos atrás e hoje

Li uma análise interessante de um estudo publicado em 1972 (no Developmental Psychobiology) por Beulah Amsterdam de nome Mirror image reactions before age two (em português, Reações a imagem em espelho antes dos dois anos). Neste estudo testaram-se 88 crianças que eram colocadas em frente a um espelho, com o objetivo de verificar se elas entendiam quem seria aquela do reflexo. Da conclusão da análise que só foi lograda em 16 das crianças (repare-se o número nada significativo!), concluíram-se três possibilidades:
  • As crianças comportaram-se como se a pessoa no espelho fosse outra criança: sorriem-lhe e tentam falar-lhe, como que tentando com ela interagir;
  • Escape: olham um pouco ou sorriem ocasionalmente – basicamente não se entende porque elas assim reagiam, sem demonstrar interesse como no caso anterior (reconhecem-se e não querem se ver no espelho? acham outras coisas mais interessantes do que ficar a olhar para outra criança?);
  • Auto-reconhecimento: acontecendo somente aos dois anos de idade, a criança reconhece-se, brinca consigo mesma, leva a mão ao nariz e se ri, olha para o adulto e aponta para si mesma e aponta para ele, entre outros sinais.

Bem, já pararam para pensar que as crianças de hoje, mais de trinta anos depois, nascem já com os pais filmando, ou mesmo as ecografias mensais (que exagero!!!) a ser gravada em DVDs, estas crianças já não têm que esperar 2 anos, mas apenas meros 6 meses para se reconhecerem no espelho? Alguém já notou como elas agora reagem a todos os estímulos como nenhuma criança de geração anterior? As nossas crianças nascem e agem de formas que nós, quando crianças, demorávamos muito mais. E depois, quando adolescentes, será que aprenderão mais rapidamente que nossos pais? Bem, se nós pensamos em nossos doutorados como quem pensava, há um par de décadas, em se graduar, e qualquer ponto do planeta se faz nosso potencial lar, definitivamente não poderemos pensar que a vida se mantém a mesma.

Viktor Frankl afirmava que “cada época tem sua neurose”, Ludewig que “cada época necessita uns modelos de cura que respondam a seu auto-conceito histórico” e Bahá’u’lláh que “cada época tem seu próprio problema, e cada alma sua aspiração especial”.

Então, talvez devêssemos ocupar-nos com os requisitos desta época e deixar de nos basearmos em estudos de décadas atrás. Assim, não será oportuno refazer a investigação em condições mais adequadas? Ou melhor, não será mais adequado repensar a nossa visão de vida e de desenvolvimento humano?

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2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Sam:
O passado pode nos ajudar a entender o que está acontecendo agora. Mas é fundamental que nos debrucemos, também, sobre o presente, vendo que complexidades ele acrescentou à nossa vida, ao desenvolvimento das pessoas.

12 maio, 2008 17:21  
Blogger Ana Pallito disse...

A pergunta essencial não continua a mesma? Provavelmente só antecipada?
"Ser ou não ser"

20 maio, 2008 13:35  

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