Académica do Algarve de Luto
Dizem que com a idade vamos perdendo os amigos, que é o fruto da velhice. Mas, hoje em dia, os mais novos perdemos muitos amigos, graças às nossas estradas!
Carlos Santos foi o segundo presidente eleito da Associação Académica da Universidade do Algarve e o primeiro a falecer. Aquando do telefonema que recebi, ontem, informaram-me que se tratava de um acidente na Auto-Estrada da Via do Infante: não sei se excesso de velocidade, más condições de via, irresponsabilidade de outros condutores, não sei...
Sei, sim, quem era o Carlos Santos que eu conheci. A primeira conversa que tivemos foi na estação de autocarros e, de facto (admito), em parte, surpreendeu-me! Era a altura das eleições, ele era vice-presidente da Associação e candidato a Presidente. Escusado será dizer que ganhou as eleições e cumpriu os seus dois mandatos (Janeiro de 2001 a Janeiro de 2003), comigo, simultaneamente, como amigo e causador de dores de cabeça.
Apesar de discordâncias que tivemos em vários momentos, sempre nutrimos um respeito mútuo e até uma boa relação. Eramos duas pessoas insistentes em nossas perspectivas, não haja dúvidas! Ele consultava com todos, mas a decisão tomada seria levada avante. Ouvia os estudantes, ouvia os vice-presidentes e ouvia a voz da sua consciência. Era como aquele rei que não se importava com o que as pessoas pudessem dizer nas suas costas, porque fazia o que considerava correcto. A voz da sua consciência esteve ao seu lado! Era consciente e consistente.
Tive a honra de poder conceber alguns projectos com ele. O Academismos que ele e a Zaida elaboraram e que com a minha ajuda foi consolidado. Os encontros entre os Núcleos por mim concebido e por ele, em todo momento, apoiado. A Rádio Universitária do Algarve que ele conseguiu viabilizar. O seu ressabio (como ele dizia) contra as injustiças perpetradas contra estudantes era o seu maior atributo: não tolerava professores injustos com alunos, não aceitava governos que dificultavam a vida aos estudantes e detestava ver a classe discente dividida em rivalidades internas, mas esse era o retrato do ambiente no qual havia decidido servir à Instituição.
Acabou o curso, começou a trabalhar e, alguns, de longe, como eu, aguardavam a sua ascensão no seu partido, quem sabe, daqui a dez anos, para líder de uma bancada parlamentar aonde, em nossos ecrãs, longe, diríamos: "vimo-lo a brincar aos políticos, e, hoje, já não brinca, é um político sério".
Mas, infelizmente, as estradas portuguesas ceifaram mais uma vida! Mais um amigo perdido nas estradas do Algarve, mais um jovem promissor português que desaparece, sem jamais ter deixado a sua verdadeira marca no panorama nacional. Foi-se o Carlos, fica-se a sua memória, na Universidade do Algarve e nos amigos que deixou.
Actualizações (24/09): Hoje a missa de corpo presente em Faro será feita na Igreja da Misericórdia, pelas 12h. O funeral será realizado pelas 11 da manhã de terça, na Capela de S. Brás, Quinta do Gato, Santa Joana, em Aveiro e a Universidade do Algarve disponibiliza transporte para lá.
Carlos Santos foi o segundo presidente eleito da Associação Académica da Universidade do Algarve e o primeiro a falecer. Aquando do telefonema que recebi, ontem, informaram-me que se tratava de um acidente na Auto-Estrada da Via do Infante: não sei se excesso de velocidade, más condições de via, irresponsabilidade de outros condutores, não sei...
Sei, sim, quem era o Carlos Santos que eu conheci. A primeira conversa que tivemos foi na estação de autocarros e, de facto (admito), em parte, surpreendeu-me! Era a altura das eleições, ele era vice-presidente da Associação e candidato a Presidente. Escusado será dizer que ganhou as eleições e cumpriu os seus dois mandatos (Janeiro de 2001 a Janeiro de 2003), comigo, simultaneamente, como amigo e causador de dores de cabeça.
Apesar de discordâncias que tivemos em vários momentos, sempre nutrimos um respeito mútuo e até uma boa relação. Eramos duas pessoas insistentes em nossas perspectivas, não haja dúvidas! Ele consultava com todos, mas a decisão tomada seria levada avante. Ouvia os estudantes, ouvia os vice-presidentes e ouvia a voz da sua consciência. Era como aquele rei que não se importava com o que as pessoas pudessem dizer nas suas costas, porque fazia o que considerava correcto. A voz da sua consciência esteve ao seu lado! Era consciente e consistente.
Tive a honra de poder conceber alguns projectos com ele. O Academismos que ele e a Zaida elaboraram e que com a minha ajuda foi consolidado. Os encontros entre os Núcleos por mim concebido e por ele, em todo momento, apoiado. A Rádio Universitária do Algarve que ele conseguiu viabilizar. O seu ressabio (como ele dizia) contra as injustiças perpetradas contra estudantes era o seu maior atributo: não tolerava professores injustos com alunos, não aceitava governos que dificultavam a vida aos estudantes e detestava ver a classe discente dividida em rivalidades internas, mas esse era o retrato do ambiente no qual havia decidido servir à Instituição.
Acabou o curso, começou a trabalhar e, alguns, de longe, como eu, aguardavam a sua ascensão no seu partido, quem sabe, daqui a dez anos, para líder de uma bancada parlamentar aonde, em nossos ecrãs, longe, diríamos: "vimo-lo a brincar aos políticos, e, hoje, já não brinca, é um político sério".
Mas, infelizmente, as estradas portuguesas ceifaram mais uma vida! Mais um amigo perdido nas estradas do Algarve, mais um jovem promissor português que desaparece, sem jamais ter deixado a sua verdadeira marca no panorama nacional. Foi-se o Carlos, fica-se a sua memória, na Universidade do Algarve e nos amigos que deixou.
Actualizações (24/09): Hoje a missa de corpo presente em Faro será feita na Igreja da Misericórdia, pelas 12h. O funeral será realizado pelas 11 da manhã de terça, na Capela de S. Brás, Quinta do Gato, Santa Joana, em Aveiro e a Universidade do Algarve disponibiliza transporte para lá.
Etiquetas: amizade, Dimensões da realidade
3 Comentários:
Ainda bem que há gente ingénua...
Não fosse alguém lembrar-se que foi ele que associou a AA ao candidato do PSD à Câmara de Faro e que por isso mesmo ganhou o seu tachinho; ou que foi ele que, ainda aluno, já guiava carrinho último modelo (curiosamente depois da semana académica); ou que era ele que, de facto, não dava atenção às propostas de ninguém, porque era rei e senhor dentro da AA e só sabia hostilizar o Pimpão e a única coisa boa que fez foi encher os amigos; ou que se diz que foi com ele que a AA teve 10.000 de prejuízos, mas tinha um bar avaliado noutros 10.000; ou que fazia tudo para proteger os alunos, mas nem participava nas reuniões académicas nacionais para não se comprometer (porque o governo era PSD!).
Sim senhor! Recorda a pessoa, que lá pessoa era, mas deixa as hipocrisias, que ninguém tas pede!
Abraço de azinho,
De facto, Marcos, quando li algumas coisas, achei-as contrárias à minha memória, e, exactamente, por não ter a certeza, não pude deixar de ignorar.
Não digo que o Carlos fosse um santo, ele até era criticado por mim, com frequência! Mas, acho que devo ressaltar os seus aspectos positivos, nesta minha tentativa de homenagem. Não é hipocrisia -- não o elogiei aonde, em vida, o havia criticado: elogiei-o aonde ele merecia elogios.
E, de facto, ele merecia elogios. E, digo mais, foi uma das pessoas (como tu e algumas outras) que me marcaram bastante o percurso académico e mais longe até.
Pelo que opto por não lembrar de boatos ou polémicas, mas das suas acções dignas de serem lembradas.
Meu querido...
Não são boatos... mas tens razão... lembremos o jovem promissor e português!
Abraço,
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