sexta-feira, dezembro 07, 2007

Bem-vindos à Somália!

No dia em que os meios de comunicação social europeus deveriam dar especial destaque à Cimeira União Europeia – África, gostaria de dar destaque a um tema que creio que, dificilmente, terá destaque nessa reunião.

Há uma tragédia humanitária que poucos de nós conhecemos e que, por isso mesmo, merece toda a atenção dos olhos do mundo para que algum dia, quem sabe, os olhos dos líderes o vejam e resolvam agir. Aqui segue a sua descrição:

  • Dez anos de existência;
  • 700 mil deslocados;
  • pelo menos 70 campos de refugiados construídos com ramos de árvores e coberturas de plástico;
  • Taxa de subnutrição de 19% (quando o limiar crítico é de 15% e o Darfur tem 13%);
  • Inundações;
  • Secas;
  • Pragas de gafanhotos;
  • Minas;
  • Assassínios quase diários, num total de cerca de 600 mil só este ano.

Bem-vindos à Somália!

A maioria de nós lembra-se do conflito através do filme Black Hawk Dawn, que relata o abatimento de dois helicópteros Black Hawk em Mogadíscio e o massacre de soldados estadunidenses, cujos cadáveres foram, posteriormente, exibidos pelas ruas da cidade. Com isso, a intervenção internacional desapareceu quase que instantaneamente, após um ano de presença e três de derrube do Governo pelas milícias dos clãs, em 1991.

Vive-se hoje, na Somália, aquilo que, porventura, poderíamos descrever como a pior crise humanitária do presente. Ninguém está a salvo, nem os trabalhadores humanitários (como o caso recente de um humanitário estrangeiro e um guarda somali abatidos num centro de distribuição de ajuda de Afgooye).

A comunidade internacional reúne-se em paz na cidade de Lisboa, mas na Somália o governo de transição, indigitado com a ajuda do EUA há cerca de um ano, vê-se incapaz de conter a insurreição sistemática de um suposto islamismo, claramente inadaptado aos tempos de hoje.

Já a União Africana que havia prometido 8 mil soldados, devido a outra tragédia humana – a do Darfur – relocalizou 26 mil de seu contingente militar e só pôde enviar 1.600 ugandeses.

Pergunto-me, enquanto a SIC ontem tentava explicar/brincar com o nome de Qadafi, será que esta ou outra emissora televisiva da atual capital europeia é capaz de chamar a atenção para este drama? Será que os meios de comunicação social irão lembrar aos líderes? Ou, à semelhança do Darfur, há uns 4 anos atrás, deixaremos a tragédia correr até que seja tarde demais?

Para quem quiser saber mais, uma sugestão.

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5 Comentários:

Blogger Dad disse...

Oy Sam!
Cá estamos todos a escrever sobre os direitos humanos - Cadê eles?

O Momentos de Luar já tem o meu artigo bem como o Mulheres na Nova Era e o "A Luz do Dia e da Noite".

Acho que é uma excelente ideia e que possa incentivar muita gente a escrever sobre este assunto.

Beijinho,

07 dezembro, 2007 21:59  
Blogger ensaiodepalavras disse...

Vou participar sim dessa blogagem, e dar minha contribuição para quem sabe algo maior do que eu mesma imagine.
bjos e obrigada pela visitinha.

08 dezembro, 2007 02:34  
Anonymous Anónimo disse...

Meu caro Sam
Parece-me que sustentar tamanha quantidade de gente nestes países subsaarianos não é prática que interesse a qualquer nação, dita rica ou em desenvolvimento. Os grandes dominam uma tecnologia que ninguém deles tirará; esta cada dia fica mais exclusiva. No subsolo destes países há muita riqueza inexplorada que sairá de lá com grandes, massivos investimentos. No momento podem esperar; enquanto isto as tribos se matam. Fica melhor assim.
Menos gente menos despezas e contestações.
Já postei minha modesta contribuição sobre direitos humanos no Chega mais.
Um abraço

09 dezembro, 2007 16:17  
Anonymous Anónimo disse...

Meu caro SAM
Sua preocupação é justa e coerente. Porém, acredito que às autoridades, de modo geral, se omitem grandemente.
Afinal, gastam bilhões de dólares em guerras mundo afora, quando poderia usar parte desses valores para reorganizar esses países, num trabalho de solidariedade e união de esforços entre os países ricos.

O problema é que eles estão largados à própria sorte. É claro que tem a ajuda desse ou daquela país, mas é pouco. Nesses casos mais graves, a ONU tinha que ser uma instituição mais poderosa, mais firme, mais decisiva e juntamente com os seus mais CENTO E SESSENTA FILIADOS buscar saídas imediatas para esses casos.

Esses conflitos se arrastam décadas com prejuízo para todos. Só solidariedade não adiante. É importante sim, o lado humanitário. Mas é fundamental a urgência de soluções e a aplicação de recursos financeiros imediatos para gerar bens de consumo, alimentação e geração de emprego para esses milhares de cidadãos que, na verdade, vegetam sem nenhum alternativa de vida digna, na atualidade.

É preciso mudar esse quadro. Mas para isso é preciso mais ação e menos palavrório. Uma força conjunta e um basta nisso.
Abs

09 dezembro, 2007 19:10  
Anonymous Anónimo disse...

Olá !
Vim aderir à blogagem, estarei participando, com toda a certeza!!!
Conte comigo e até amanhã!
Beijo carinhoso, Cris.

09 dezembro, 2007 22:27  

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