Mentiras na verdade
Todos eles confessaram a formação de uma organização ilegal, incluindo (ter ligações) com Israel.
De facto, uma pessoa que lê isso pode achar que afinal de contas, nós os bahá’ís somos espiões do estado de Israel. Mas, o interessante é que apesar disso não ser verdade, a declaração em si não me parece falsa. Vejamos:
1. Sobre a primeira alegação que implica pertencerem a um grupo ilegal, eu iria ainda mais longe, afirmando que os bahá’ís iranianos pertencem a um grupo inconstitucional: ser bahá’í, ter uma religião que, segundo a agência Reuters, acredita na posição divina de “Abraão, Moisés, Buda, Jesus e Maomé” é considerada pela liderança xiita iraniana como “herético”, não estando, portanto legalizada pelo Regime Islâmico Iraniano.
2. A extensão da Comunidade Bahá’í a inúmeros países do mundo também é uma verdade comprovada, uma vez que a sua diversidade inclui uma extensão de 236 países e territórios de todo o mundo, reunindo representantes de não menos que 2.112 raças da Terra.
3. Quanto ao facto de recebermos ordens de Israel, bem, aqui a coisa já muda de figura. Recebemos orientações provindas de Israel, mas não do seu Governo, mas do Centro Mundial Bahá'í que está lá radicado, justamente porque o Governo Iraniano exilou o seu Fundador, Bahá'u'lláh, a Israel, nos primórdios dessa Fé.
Desta forma, sim, todas as alegações são verdadeiras! O que é claramente falso é aquilo que os meios noticiosos iranianos tentam subentender delas: de que somos espiões (hoje de Israel, há uns anos da Rússia) que não tem a mínima lógica. Afinal de contas, se eu fosse espião de Israel, a minha condição financeira era capaz de ser bem melhor!
Mais interessante ainda, é que isso é tornado público dias após a CNN e outras agências reportarem agressões e ataques contra bahá'ís iranianos (casas queimas e pilhadas, entre outras coisas), dois dias depois da Casa de Representantes do Congresso estadunidense aprovar uma resolução a favor da situação dos bahá'ís no Irã e um dia após o jornal estatal Keyhán mencionar relações entre o estado de Israel, o comité Nobel e o Centro Mundial Bahá'í na escolha de Shirin Ebadi para prémio Nobel em 2003. Haja imaginação!
De facto, surpreende-me a capacidade de se tecerem inverdades com base em meias-verdades, ou de se criarem inverdades com base nas mais estranhas imaginações... Supreende-me a capacidade de se verem mentiras na verdade, quanto mais quando no Alcorão se pode ler:
Por que vestes a verdade com a mentira? Por que escondes, intencionalmente, a verdade? (3:71)
Etiquetas: Bahá'u'lláh, Direitos Humanos, EUA, Imprensa, Irã, Israel, Religião, Unidade Mundial
2 Comentários:
Terá havido mesmo uma confissão? Se sim, quanto vale uma confissão feita na prisao de Evin?
o quanto não apanharam para confessar?
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