quarta-feira, abril 30, 2008

Outra forma de fazer eleições... as eleições Bahá'ís

Hoje foram anunciados os resultados para a eleição do corpo máximo governante da Comunidade Bahá'í de todo o planeta. É interessante notar como a blogosfera está atenta ao tema. Bahá'ís de vários países têm feito diversos comentários sobre a forma como essas eleições são levadas a cabo e, sem dúvida, falando-se nas eleições presidenciais do Brasil para 2010 as primárias estadunidenses deste ano ou mesmo as partidárias do segundo maior partido português para daqui umas semanas, me perdoem, não posso deixar de tentar fazer uma análise.

Para começar, o processo eleitoral não possui candidaturas, plataformas, campanhas:

A diferença fundamental entre os sistemas de candidatura e o sistema bahá’í é que, no primeiro, indivíduos, ou aqueles que os nomeiam, decidem que devem ser posicionados em posições de autoridade e colocam-se em frente para ser votados. No sistema bahá'í é a massa do eleitorado que toma a decisão. Se um indivíduo ostensivamente se posiciona sob o olho público com o evidente propósito de levar as pessoas a votarem nele, os membros do eleitorado consideram isso presunção e sentem-se afrontados por isso; aprendem a distinguir entre alguém que é bem conhecido como resultado desintencional de serviço público ativo e alguém que faz uma exibição de si mesmo meramente para atrair votos (a Casa Universal de Justiça, a 16 de Novembro de 1988, conforme citado).

Conforme a notícia oficial, numa cerimónia que combina “dignidade espiritual com diversidade global”, bahá’ís de 153 países elegeram os nove membros que constituem a Casa Universal de Justiça. Os delegados desta X Convenção Internacional (que decorre a cada 5 anos, desde 1963, ano de estabelecimento da Casa) são membros das Assembleias Espirituais Nacionais de todo o mundo que, por sua vez, foram eleitos por delegados escolhidos nas raízes locais de seus países o que, pode-se dizer, faz com que todos os bahá’ís adultos do mundo participem virtualmente desta eleição.

As eleições que começaram ontem refletem um processo único que enfatiza qualificações e não promessas, inclusão e não dinheiro e outras barreiras. Com um processo que exclui qualquer intento de partidarização, todas as formas de campanha são evitadas e nenhuma nomeação é feita, o que, os bahá’ís acreditam, acaba por proteger contra a divisão e a facciosidade. Como diria uma das delegadas pelo Canadá: “Como um resultado [disso], não há oportunidade para indivíduos encorajarem outros a votarem neles, quer magnificando suas próprias qualidades ou descobrindo falhas noutros candidatos. Subjacente a todo este processo está a confiança na oração e no esforço dos delegados em se manter informados das atividades da Comunidade Bahá’í mundo afora”.

O processo acaba por ser similar em todas as eleições bahá’ís, pois os seus Textos Sagrados enfatizam que se deve votar em pessoas de devoção abnegada, mente bem-treinada, reconhecida habilidade e experiência madura.

Imagine o que seria ao invés de eleger uma só pessoa para assumir a liderança, eleger um corpo de pessoas com estas virtudes para servir o bem comum? Naturalmente, algum leitor pode pensar que será impossível manejar uma eleição sem partidos, campanhas ou nomeações, mas o que acontece é que o sistema político-partidário acaba, assim, mais que unir, separar aos povos. O que seria se não tivéssemos a dicotomia entre um governo e uma oposição [que por definição “se opõe”], mas, em seu lugar, um conjunto de pessoas unidas a trabalhar pelo bem comum?

[A imagem mostra uma das delegadas votando e as 95 rosas enviadas pelos bahá’ís do Irã, aonde os seus cerca de 300 mil membros enfrentam perseguição e a sua administração foi banida pelo estado]

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5 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Fico imaginando o clima de harmonia que deve existir numa eleição de uma Casa Universal de Justiça. Não há perdedores e todos são ganhadores. A diversidade é evidente. Deve ser algo muito lindo.
Parabenizo os bahá'ís de todo o mundo por esse exemplo de civilidade, respeito e amor.

30 abril, 2008 17:56  
Blogger Ricardo Rayol disse...

caracas, não entendi xongas.

30 abril, 2008 18:28  
Anonymous Anónimo disse...

Lindo, magnifico ...e emocionante!!!
Obrigada pela notícia

01 maio, 2008 09:14  
Blogger João Moutinho disse...

Ainda só estamos no início...

02 maio, 2008 15:11  
Blogger Jonice disse...

Que bom saber do que mostras aqui, Sam! Obrigada.

04 maio, 2008 00:34  

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