Paz como ausência de guerra ou como Símbolo da Humanidade?
O Lino propôs aos seus amigos um debate caloroso sobre a Paz na Terra. São cerca de cem os bloggers participantes, cada um dando a sua opinião pessoal sobre o que entende por esse fenômeno.
E, de facto, nós, humanos, temos a tendência de abordar as coisas pelo que elas não são. Por exemplo, "a riqueza é quando não se é pobre" e "estou descansado quando não tenho stress", o que faz da paz a ausência da guerra. Mas não é bem assim!
Todas as religiões, desde o antiquíssimo hinduísmo à fé bahá'í de século e meio, advogam que a verdadeira realidade é o positivo. A psicologia, hoje mesmo, começa a defender isso, e a física fala em partículas que constituem a matéria, enquanto que uma parte reduzida e recôndita do universo é constituída por anti-matéria.
Neste sentido, poderíamos dizer que "a fome é ausência de alimentação" e que o "mal é a ausência do bem", e, portanto, "a guerra é a ausência da paz", e não o contrário! O buraco, assim, é a ausência e não a verdadeira realidade.
O problema é que temos essa estranha tendência de olhar para o buraco e pensar nele, ao invés de tentarmos ver a terra maravilhosa à sua volta e fazê-la propagar pelo espaço do buraco. A nossa filosofia de século XXI é a filosofia do buraco; a televisão transmite o buraco, os jornais falam de buraco, a economia é um buraco! O buraco, o vazio, o nada que nos querem fazer crer que nos rodeia... Parámos, imobilizamo-nos ante o buraco e, perante tal estranha coisa, não sabemos como agir.
Mas se pensarmos que a paz não só é possível como inevitável e que o bem-estar da humanidade, a sua paz e a sua segurança são inatingíveis e inalcançáveis, a não ser que e até que sua unidade seja firmemente estabelecida, deixaremos de pensar em acabar com a guerra para ter a paz (como no intervalo entre I e II Guerra Mundial) e começamos a agir a favor da unidade do género humano.
A nossa missão, a nossa meta, o nosso norte deve ser fomentar
a unidade da política, nas quais uns não são oposição dos outros, mas cidadãos preocupados, em conjunto, pelo bem de todos;
a unidade de pensamento nas realizações do mundo, para que toda a humanidade caminhe no mesmo sentido e não se choque em sentidos opostos;
a unidade da liberdade, que seguramente virá;
a unidade de religião, no qual todos compreendemos que a Essência Divina que nos cria, seja chamada de Allah, God, Deus, Ellohim, é a mesma e que a religião é o caminho da paz e não a desculpa do conflito;
a unidade das nações, atingida, em grande medida, no nosso século precedente, mas que ainda deve correr muito para que seja verdadeiramente efetivada num conceito de superestado mundial no qual a Terra é um só país e nós os cidadãos de uma única nação-mãe;
a unidade das raças e das etnias, onde o património genético serve para criar beleza na diferença e não a opressão do distinto;
e, quiçá a que poderá vir primeiro, a unidade de idioma, através da escolha de um idioma universal que nos permita a comunicação entre todos os povos do mundo, eliminando as barreiras da má comunicação como causa de maus-entendidos.
Creio que se largarmos o buraco da guerra e deixarmos de nos manifestar contra ela, e se, pelo contrário, apoiarmos a causa da unidade, poderemos, algum dia, passar deste estádio de nações extra-excludentes para o verdadeiro estádio de humanidade interdependente.
Etiquetas: 'Abdu'l-Bahá, Blogs, Direitos Humanos, Educação, Lideranças, Migrações, ONU, Psicologia, Religião, Unidade Mundial
13 Comentários:
Seu texto está perfeito! Talvez eu ainda esteja olhando para o buraco. Um sonho o mundo caminhar para essa igualdade. Não custa fazermos a nossa parte! Beijus
Eu preciso parar de olhar para o buraco que se formou a minha frente...
Gostei da analogia..
Um abraço
Pela Paz...abra�os!!!
Que texto maravilhoso!
Eu jamais havia pensado nesta questão que você colocou sobre o buraco. É a mais absoluta verdade.
E sua abordagem sobre a "unidade" é uma das belas passagens que li nesta blogagem.
Obrigada.
beijos e muito prazer por conhecer este excelente blog.
Uma aula, sem dúvida alguma. Gosto das blogagens coletivas pois ela nos leva justamente à pessoas de opiniões refinadas, como a sua. Valeu mesmo.
Abraços
Ronald
Olá Sam, obrigada por seu comentário.
Sim, todos os poemas do blog são meus.
beijos
Prefiro entender paz como símbolo de humanidade...
Muito interessante a idéia que defendeu da anti-matéria e da ausência. Lembrou-me o símbolo do taoísmo, em quem yin está dentro de yang e vice-versa.
A pergunta inicial dá o que pensar: paz como ausência de guerra ou como simbolo da humanidade. Gostei!
Perfeito seu texto..
Conheci seu blog através da blogagem coletiva do Lino Resende.
Desejo muita paz e sucesso pra vc.
Sam:
A paz é construída a cada momento através de idéias, palavras gestos e principalmente ações. Parabéns pelo texto e um abraço!
Beleza de texto, Sam.
Um grande abraço e bom feriado.
Ótimo texto, com uma abordagem bem original, mas muito verdadeira. Acho que a paz só é possível se a vermos como entendimento e olharmos o todo, não o buraco, como você disse.
Muito obrigado pela participação.
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