Tenho observado mais: como ele cresceu! Ele nem um ano tem e já se faz um homem. Há já meses que se vira quando ouve o seu próprio nome, reconhece a voz e a face dos pais, amigos e vizinhos. Sorri a todos que lhe passam com a inocência que lhe caracteriza. Sorri, ri e dá gargalhadas. Diferencia amigo de desconhecido, e explora o inexplorado – aliás explora com a leveza de um cientista tudo o que estiver ao seu alcance.
Naturalmente, à medida que ele for crescendo passará da imediatez infantil, que o caracteriza num mundo real dos sentidos, para uma existência mais permeável, cada vez mais autónomo e responsável por si e pelo seu meio.
Orientado pelos pais, qualquer criança autónoma vai aumentando o seu espaço de liberdade (responsável). À medida que vai crescendo, continua necessitando “
imperiosamente directrizes e normas de vida simples que lhe permitam orientar-se”, mas que se devem ir flexibilizando através de “
mais liberdade na medida em que pode assumir mais responsabilidade” (
Lukas).
Aí, encontraremos uma dessas crianças (ou jovens?) de dez, doze anos, como aquela que conheci há pouco tempo, que se preocupa com a vida e a existência, que se assusta com os ataques terroristas, que teme pelo bem-estar dos demais e, que, irreverentemente procura o sentido da insegurança global e da ausência da paz.
É por isso que um dos meus autores favoritos e um dos maiores psicólogos da história,
Jung, afirma:
“Mas o mais belo mesmo é escorregar com leveza e sem dor para a terra das crianças, sob a protecção dos pais, livre de qualquer responsabilidade e preocupação. Pensar e preocupar-se é da competência dos que estão lá no alto; lá existem respostas para todas as perguntas e necessidades. Tudo o que é necessário encontra-se à disposição. Esse estado onírico infantil do homem massificado é tão irrealista que ele jamais se pergunta quem paga por esse paraíso. A prestação de contas é feita pela instituição que se lhe sobrepõe, o que é uma instituição confortável para ela (…). Quanto maior o poder, mais fraco e desprotegido o indivíduo”.
Portanto, quanto menos liberdade se der, quanto maior a pressão, quanto maior o poder que prende, menos livre para flutuar e mais preocupado estará a criança.
É a minha ardente prece que os pais deste mundo sejam daqueles capazes de manter a inocência dos filhos, enquanto forem crianças, e de continuarem lado a lado com elas, quando elas percam a sua inocência e se convertam em um de nós: adultos!
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