segunda-feira, julho 30, 2007

Edgar Allan Pöe - Um Sonho

Em visões de noites de escuridão,
Sonhei com júbilo abandonado
Mas um despertante sonho de vida e iluminação,
Deixou-me de coração destroçado.

Ah! O que não é um sonho diário
Para aquele de olhar entibiado
Em coisas rodeantes num raio
Volvendo-se ao passado?

Aquele sonho sagrado -- sonho sagrado
Enquanto o mundo todo ia ralhando,
Me anima como um raio adorado
Que a um solitário vai guiando .

O quê, apesar daquela luz, que através de noite e tempestade,
Desde ao-longe tão estremecente --
O quê pode haver mais puramente luzente
Na estrela vespertina da Verdade?

Edgar Allan Poe (1809-1849).
Trad. de Sam do original inglês.

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sábado, julho 28, 2007

América Latina? Mundo latino...

Lendo notícias recentes sobre a América do Sul, fico na dúvida sobre a realidade e a ficção da existência humana.

Por exemplo, alguém sabe explicar porque é que não existem leis contra acusados de violação de direitos humanos se candidatarem a novos cargos políticos?

É que não entendo como é que Fujimori, aquele que era peruano há uns anos e que hoje se afirma japonês, “o último dos samurais”, candidata-se a senador no Japão, depois de ser Presidente do Perú, e, ainda por cima, estando "exilado" no Chile... Ainda por cima, na defesa dos princípios e valores de um Japão anterior à Segunda Guerra Mundial...

Quem sabe, regressando a esse Japão, com o Irão liderando o plantel de ataque, possamos ter uma 3ª Guerra Mundial, onde extremistas do Islão, do Socialismo e de Nacionalismos torpes se unem sabe-se lá contra quem...

É que não me refiro ao socialismo de Prodi, de Zapatero ou de Blair, com três estilos diferentes e três visões diferentes da esquerda... Mas daqueles que se perdem no populismo de chamar Fidel de pai, quase em cântico oratório. Hugo Chávez não deve saber bem o que significa continuar o trabalho dele... Ou deve saber! Apesar de todos os avances que a esquerda de Fidel Castro ter demonstrado, há uma coisa que deixa por desejar: a liberdade. Não me refiro à expressão, à crença ou à opinião... Nem essas! Mas a liberdade de escolher o seu líder. Não a mais importante das liberdades humanas, mas a que mais pode influenciar a manifestação das outras.

Prestes a mudar, como alguns rumores afirmam, a constituição do seu país, Chávez deixa-me uma pergunta no ar: o que o faz melhor que um ditador? Sim, porque Saddam foi eleito com 100% dos votos e Hitler chegou democraticamente ao poder...

E, mais interessante, é o aparente apoio de Cristina Fernández de Kirchner a Chávez. Afirma ela: a "América Latina necessita de Chávez como a Europa de Putin". Bem, que a América Latina precise uma Venzuela forte ou que a Europa necessite uma Rússia amiga: não há dúvidas! Mas o que é a Nação: queremos um líder, reeleito ad aeternum, ou uma cultura de amizade e intrínseca relação entre os povos?

Afirma também nessa mesma entrevista que no "Mercosul há uma cláusula de salvaguarda da democracia". Espero que a manutenção dessa cláusula seja uma de suas quando for eleita líder de uma Argentina democrática, porque senão, quem sabe, ainda conseguimos colocar a América do Sul, ademais do Japão idealizado por Fujimori, ao nível do que era a Europa do Século passado: dominada por ditaduras que não olham os meios!

Antes que isso aconteça, quero acordar, algum dia, e descobrir que esses sedentos líderes do mundo já não mais existem à minha volta! Quero acordar, amanhã, e ver que as lideranças mundiais já não lideram por liderar, mas que lideram para servir! Quero acordar e ver que os povos do mundo também acordaram! Quero acordar e ver! Quero acordar!

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quinta-feira, julho 26, 2007

A Liderança Servidora...?! Aonde está ela?

Li há uns dia o seguinte texto, que não pude deixar de copiar e ponderar sobre.
O texto refere aos líderes eleitos de instituições que se afirmam como sérias e representantes das pessoas e não dos interesses:

"A sua função não é ditar, mas consultar, e consultar não só entre eles, mas tanto quanto possível com os amigos que representam. (...) Não deveriam jamais deixar supor que são os ornamentos centrais (...) intrinsecamente superiores aos outros em capacidade ou mérito, e únicos promotores de seus ensinamentos e princípios. Deveriam abordar a sua tarefa com extrema humildade, e espírito de empreender, pela sua abertura de mente, o seu alto senso de justiça e dever, o seu candor, a sua modéstia, a sua inteira devoção ao bem-estar e aos interesses" de todos.

Só assim poderão eles "ganhar, não só a confiança e o apoio e respeito genuínos daqueles a que servem, mas também a sua estima e real afeição. Devem, em todos os tempos, evitar o espírito de exclusividade, a atmosfera de secretismo, libertar-se de uma atitude de mando, e banir todas as formas de preconceito e paixão de suas deliberações. Deveriam, dentro dos limites da sábia discrição, levar os amigos para a sua confiança, dar a conhecer os seus planos, compartilhar com eles seus problemas e ansiedades, e buscar seu conselho e aconselhamento. E, quando são chamados para chegar a uma certa decisão, deveriam, após uma desapaixonada, ansiosa e cordial consulta (...) e com sinceridade e convicção e coragem registar seu voto e aquiescer à voz da maioria.


Verdade seja dita: não é fácil! Quando vivemos numa sociedade na qual a liderança é um concurso de popularidade e onde as pessoas não querem ganhar a confiança e o apoio genuíno, mas os votos para continuarem. A sociedade não mais prevê o poder como um meio para chegar a uma meta, mas como a meta em si mesma. Existe um ar de secretismo em que ninguém sabe o que se passa por trás da cortina e, por isso mesmo, suspeita sempre o pior. Raros são aqueles que servem o povo, e não o seu bolso. Vejam-se os casos de corrupção endémica que assolam tantas instituições portuguesas ou a corrupção doentia que corrompe a estrutura governativa brasileira.

A população não está longe dos órgãos internacionais, como muitos gostam de fazer crer quando falam da ONU ou da mítica "Europa". Os cidadãos estão longe dos líderes, na medida em que poucos são os que servem!

A liderança, mais do que centrar as decisões, deveria ser o pivot à volta do qual giraria a consulta séria entre todos os extratos da sociedade.
Aqui fica o meu apelo, àqueles que se auto-intitulam de políticos, mas que não se lembram de como funcionavam as coisas na Grécia da democracia ou na Pérsia da igualdade.
Aqui fica! Resta saber se chega a algum lado...

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quarta-feira, julho 25, 2007

Israel e Palestina: irmãos desde sempre!

Parece-me que a imagem abaixo descreve o suficiente as causas de um conflito rídiculo entre dois irmãos: os hebreus e os árabes.


Apesar de ser uma imagem de 1975, ela evidencia o pensamento da ilegalidade da ocupação do território. Os árabes bradam que foram expulsos pelos hebreus que, por sua vez, defendem que os seus territórios foram ocupados pelos gregos, antes de serem ocupados pelos romanos,
antes de serem ocupados pelos bizantinos, antes de serem ocupados pelos árabes, antes de serem ocupados pelos cruzados, antes de serem ocupados pelos turcos, antes de serem ocupados pelos britânicos. Ou seja, só estão a repor o território a quem pertence, ao mesmo tempo que o povo árabes que lá vive defende a sua propriedade.

Tendo em conta que ambos o Islão e os Judeus aceitam o Talmúd como divinamente revelado, poder-se-iam lembrar de que ambos descendem da "semente" do mesmo Abraão. Isaac do qual nasceu a nação hebreia revigorada e Ismael que foi pai da nação islâmica, antepassados de Moisés e de Maomé respectivamente!

No fim de contas, mesmo com argumentos teológico-históricos: o terreno pertence a ambos! Esperemos apenas que Tony Blair e o Quarteto para a Paz consigam lembrar isso a estes dois irmãos divididos...

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terça-feira, julho 24, 2007

Transforme!

Vi há uns dias, pela segunda vez, os Transformers.

Para os mais cépticos, o filme tem enredo! Para os fãs de aventura e acção: o filme tem quinze cenas das melhores, dignas do director Michael Bay. Para os fãs de boa ficção-científica: o filme é incrível em efeitos especiais. Verdade seja dita, contabilizei seis erros no guião. Mas nada de fundamentalmente crucial no filme que tem sido um sucesso em todo o mundo.

Mas o que me leva a escrever sobre o filme não é o desejo de publicitá-lo. Apenas o regresso à nostalgia infantil de quem até se levantava cedo só para ver o Optimus lutar contra os Decepticons. Regressei àquela infância onde nunca entendi bem como é que os maus eram maiores, como é que os pérfidos possuíam mais armamento, e como é que os bons, pequenos e simples heróis, ganhavam sempre...

Creio que essa é um pouco a história da humanidade. Aqueles que são os bons são sempre vistos como pequeninos pelos olhos dos demais. O mal é sempre mais aliciante. Aliás, é sempre mais fácil escolher pela ausência do bem do que pelo bem.

Soube, por exemplo, que o Irão acabou de construir um jogo para computador onde os maus são os fortes estadunidenses. Os líderes mundiais, incapazes de se juntar pelo progresso humano, sob a camuflada demagogia de quem alega se preocupar com o seu país, pinta o outro como um decepticon dos mais feios e hediondos e se alega o bom da história, o pobrezinho que não deixará os princípios da honra e da liberdade ser destruída pelos "outros".

Pois bem. Senhor Putin lembre-se dos seus jornalistas e não se preocupe com a liberdade do Kosovo! Senhor Ahmadinejad, lembre-se dos bahá'ís que aí vivem, dos curdos e das mulheres, e deixe o EUA seguir o seu estilo de vida, na outra ponta do mundo. Senhor Chavez, deixe lá de ser populista e veja a miséria do seu povo. Senhores líderes: que sejam actos e não palavras! Não se limitem ao populismo de quem quer aparecer, mas marquem a história da humanidade, pela positiva e não pelo exibicionismo gigantesco de um Decepticon.

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sexta-feira, julho 20, 2007

Excessos na comunicação

O mullá, um pregador, entrou num determinado recinto para dar um sermão. A sala estava vazia, excepto pela presença de um jovem cavalariço, sentado na primeira fila. O mullá, cogitando se deveria ou não falar, finalmente disse ao cocheiro: “Você é a única pessoa presente aqui. Acha que eu deveria falar, ou não?” O cavalariço respondeu-lhe: “Mestre, eu sou apenas um homem simples e não entendo dessas coisas. Mas, se eu entrasse nos estábulos e visse que todos os cavalos haviam fugido e apenas um restava, mesmo assim eu daria comida para ele.”

O mullá tomou isso muito a sério e começou a pregar. Falou por mais de duas horas. Depois disso, sentiu-se exultante e queria que a plateia confirmasse a grandeza do sermão. Ele perguntou: “Você gostou do sermão?”. O cavalariço respondeu: “Já lhe disse que eu sou um homem simples e não entendo dessas coisas. Entretanto, se eu entrasse nos estábulos e descobrisse que todos os cavalos haviam fugido e excepto um, eu daria de comer a ele, mas não lhe daria toda a ração que eu tivesse.

Peseschkian (1992). O Mercador e o Papagaio: histórias orientais como ferramenta na psicoterapia.

A fábula do mullá e o cavalariço demonstra os problemas que a comunicação enfrenta: ou dá-se muito pouco, ou dá-se demasiado de uma só vez. E, em ambos os casos, o desenvolvimento humano é desconsiderado.

Muitas vezes observo que, quando estamos a explicar um tema complexo a um adulto, ou a sexualidade a uma criança, quando damos aulas ou estamos em psicoterapia, muitos de nós explicamos para além do que é necessário, para além do que a pessoa está interessada ou, pior, capaz de assimilar.

A comunicação tem muito de comum com os medicamentos. Usadas e aplicadas no momento certo e da forma correcta, pode inclusivamente levar a uma mudança de atitude e comportamento. No entanto, se a mensagem for transmitida de forma errada poderá acarretar consequências perigosas!

E
tudo o que pretendíamos transmitir... mostra-se ineficaz!

Por isso, nada como esperar o outro fazer-nos as perguntas, ao invés de sermos nós a adivinhar por eles...

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quarta-feira, julho 18, 2007

Ivan Lins no CCB

Definir a música de um compositor brasileira é raras vezes fácil.

Ivan Lins descendente do “mestre” Antônio Carlos Jobim (como ele próprio disse), é filho da MPB, do Jazz, do Samba e da Bossa Nova, ao mesmo tempo que pai e renovador desses mesmos estilos musicais.

Estar no CCB, como estive ontem, sentado, a menos de três metros dele, é receber uma sintonia de calma e ritmo, de alegria ao gracejos satíricos de quem, pela idade e longa carreira, pode-se dar ao luxo de inovar e improvisar no palco sem ouvir críticas.

A plateia, repleta de celebridades ao bom estilo português, contou com os grandes êxitos das décadas de 90 e 80, como o meu querido Ai, ai, ai, ai, ai que foi tocado (versões voz e instrumental) por cerca de 20 minutos.

Outras músicas marcaram a noite. Celebrando o seu novo álbum (2006) Acariocando, ele nos lembra que o Rio de Janeiro (com as músicas que abriram o show) não é só a miséria e a guerra e a opulência que vemos corrida na comunicação social. O Rio de Janeiro, lugar de amor, harmonia e paz de “praia sem fim”, pode ser ainda recuperado e a sua a sua segurança poderá ser atingida quando a sua unidade for estabelecida, através da criação eficaz de meios que eliminem os extremos de riqueza e pobreza.

Onde está a honestidade?” uma das perguntas que o povo faz, segundo uma das mais satíricas canções por ele cantada ontem. Se a honestidade e a veracidade desaparecerem por completo do panorama social, não creio que sobrará espaço para criar e manter as demais virtudes humanas. A humanidade não pode seguir sem rumo, por isso, poderemos usar as músicas da sua segunda e última re-entrada: precisamos “começar de novo” e “desesperar jamais”, pois apesar de tudo, a vida é repleta de bons momentos de felicidade e alegria, como tão bem e tão serenamente Ivan Lins nos fez ver nessas suas quase três horas de actuação, onde até um "fado brasileiro" tivemos.

Se a arte é intervenção social e a música é arte, então Ivan Lins é um dos expoentes dos Séculos XX e XXI.

Desfrutem:



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quinta-feira, julho 12, 2007

A coragem visto nos olhos de uma criança

Meu Deus, teria sido melhor nascer sem um braço do que passar a vida sem ser corajoso.

Katherine Paterson (1977)
Trad. de Rita Simões (2007)
do original inglês.

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terça-feira, julho 10, 2007

A felicidade está nas decisões femininas!!!

Li, recentemente, num dos bons blogs especializados em Psicologia o seguinte artigo: "O Papel da Esposa e a Satisfação Marital".

Remetia a um estudo publicado na Reuters, na qual a equipa liderada por David Vogel, Professor Associado de Psicologia da Universidade do Estado de Iowa, analisou 72 casais, casados em média há 7 anos e com idades próximas aos 33.

Cada um dos membros preencheu um inquérito sobre a satisfação na relação e uma avaliação sobre a habilidade de tomada de decisão. Foi também utilizado um método bastante usual em terapia familiar de casal: a gravação de dez minutos de vídeo e a sua codificação pelos especialistas (codificação dos comportamentos, neste caso, em evitamento, discussão, culpabilização, pressão para a mudança e desistência).

Afirma o autor: "O estudo ao menos sugere que o casamento é um local no qual as mulheres podem exercer algum poder". E o que leva a essa afirmação? As esposas, da investigação, demonstraram maior poder situacional, ou seja: conduziram bem os seus maridos na discussão até chegarem às respostas que elas desejavam. O interessante é que todos os casais que funcionavam assim eram "relativamente felizes".


Dizem no estudo que o interessante não foi "só que as mulheres trouxessem temas que não fossem respondidos, mas que os homens estivessem de facto a acompanhar o que elas diziam. Elas comunicavam com mensagens mais poderosas e que os homens respondiam àquelas mensagens por coinciliação ou desistência".

["Não, ele não vai andar de bicicleta hoje. Convenci-o a ficar em casa e ver um filme romântico comigo"]


Na minha perspectiva pessoal: senhores ouçam às vossas esposas e serão mais felizes. Mas, nada como uma boa consulta familiar. Havendo dinamismo no casal e numerosas facetas e mutabilidade da realidade, se torna útil uma confrontação do entendimento. Diferentes intelectos identificam diferentes facetas da realidade e, assim, na troca de ideias, à qual chamo de consulta, eles podem ajudar-se uns aos outros num esforço conjunto, tolerantes (tentando entender o ponto de vista do outro) que evite a teimosa insistência da verdade pessoal como se fosse absoluta – embora, de facto, toda a verdade humana seja sempre parcial.

Seja como for (homens e mulheres): boa sorte! Nada como uma boa relação a dois para crescermos.

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sexta-feira, julho 06, 2007

Espaços na Internet

Hoje descobri dois espaços novos na Net.

Um que me faz pensar na situação absurda na qual o mundo se encontra: impávido e inerte, observando agressões contra minorias! Acontece em todo o lado, sistematicamente. E essa situação acontece, há século e meio, sistemicamente!
Os Bahá'ís, a maior minoria religosa no Irã, são perseguidos, pelo simples facto de existirem!

300 mil Vozes é o nome do site que tenta dar voz a esses 300 mil, entre os quais se encontram familiares meus que foram presos e torturados, sem terem cometido nenhum crime...

Mas, exactamente por isso, espaços como O Blog da Serra me animam o espírito! É um blog que mostra imagens de belos e pacatos recantos do interior do Brasil. As fotos são do meu amigo Carlos Emerson Junior.

Vale a pena conferir os dois sites: um para ver se nos mexermos e o outro para nos relaxarmos logo a seguir!

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quarta-feira, julho 04, 2007

Re-Evolução

Em 1852, no Médio Oriente, matavam a poetisa Táhirih por defender o direito das mulheres, oprimidas por uma falsa religiosidade. Ela retirara publicamente o seu véu e, no momento da sua execução, afirmara: “podeis matar-me, mas não podeis impedir a causa da emancipação da mulher!

Quão não é a minha alegria, hoje, que me recordo dessa história, pois esta personagem, que nos há-de marcar por séculos vindouros, era uma das muitas que defendia somente a igualdade de oportunidades e a democracia.

E, pergunto-me: não é isso que todos nós aspiramos?

Viver na verdadeira democracia? Viver numa sociedade onde cada opinião realmente conta, não apenas num boletim de voto e com uma cruz, mas onde os governantes querem a real participação dos “governados”?

Não será também isso que as pessoas anseiam encontrar algum dia?

Vivemos numa sociedade erguida a partir de revoluções: a revolução francesa da igualdade, liberdade e fraternidade como motrizes de uma cultura verdadeiramente social; a revolução industrial com o progresso dos meios de subsistência e de vida; a revolução freudiana com uma nova visão do ser humano, para além das aparências; a revolução quântica, que permite pensar em microssistemas coerentes e que seguem regras; mais a revolução do 7 de Setembro e do 25 de Abril e a revolução do 4 de Julho, as revoluções da liberdade humana contra a opressão.

Revolução! Essa é a palavra que nos faz erguer!!!

Para evoluir, precisamos de re-voluir.

Ou talvez não…

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terça-feira, julho 03, 2007

Os vírus "duros de matar"...

Ontem vi o Die Hard 4 com alguns amigos e sai pensando: "aí está um filme que não vai dar post!".
Afinal de contas, o que se pode analisar de um filme que encadeia explosões e ataques de sorte dos protagonistas? Até poderia fazer uma análise do senso de humor de MacLane, mas... não!

E em relação ao terrorismo informático? Nem isso!

O que temos hoje, segundo artigo recente do G1 Tecnologias, intitulado Ataque virtual foca e-mail de executivos, são crimes informáticos personalizados e focados a algumas pessoas: 500 emails maliciosos enviados com o nome e o cargo do remetente chefes de investimento de bancos e finanças (30% dos ataques), chefes executivos (11%) e chefes de finanças (6%)foram enviados no dia 26 de Junho, com um anexo que, se aberto e link clicado, levaria à instalação de um cavalo de tróia. E, ao que parece, familiares também podem ser "vítimas" destes modernos "ataques".

Na realidade, eu incluiria estas situações na engenharia social, "a força manipuladora que permite conduzir pessoas a fazerem o que queremos, usando informações do próprio sistema para aceder a ele", como defini em artigo publicado anteriormente.

A engenharia social pretende obter informações que lhes damos para o mesmo de sempre: fraude, espionagem, roubo, destruição de sistema, etc. A diferença é que somos nós que damos a informação. Mandam-nos um e-mail com a simpatia incomparável, e nós, admirados, respondemos. E assim ela vai funcionando, de inúmeras formas: se estivermos no trabalho, podem ser aquele colega que não conhecemos (e que nunca ouvimos falar porque simplesmente não existe) que se esqueceu dalgum código de acesso; são aqueles que entram pela porta descaradamente e saem com o que querem sair, tendo-nos observado com tal confiança como se nos conhecessem que nem suspeitamos.

A engenharia social aplicada às novas tecnologias funciona com textos agradáveis, fáceis de ler e com links que nos prometem mil e uma coisa. Na vida real podem levar-nos a desfalques gravíssimos, como o exemplo relatado noutro blog.

A questão é pensarmos bem no conteúdo do texto (dito ou escrito): relaciona-se conosco (para além do nome)?; como é que esta "pessoa" conseguiu o meu número (ou email)? qual é a informação que eles possuem que não está online?

E, conforme mencionado em tantos locais, siga estes conselhos:

  • Instale antivírus no computador e faça actualizações semanais;
  • Nunca clique em links ou visite sites sugeridos em e-mails;
  • Nunca envie informações sigilosas via e-mail ou mensagens instantâneas;
  • Troque regularmente as senhas utilizadas em transacções financeiras;
  • Crie um e-mail apenas para se cadastrar em sites;
  • Se receber mensagens de "velhos amigos" ou do seu banco neste endereço, desconfie;
  • E, finalmente, siga o princípio de que dinheiro e mulheres não vem fácil e pense duas vezes antes de aceitar propostas "incríveis" recebidas pela internet.

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domingo, julho 01, 2007

Hoje caminhamos para o amanhã

Hoje, Portugal assume a presidência rotativa da União Europeia, uma união na qual 2/3 da sua população considera estar na direcção certa e que 53% encara a sua pertença como positiva (60% em países como a Polónia, o Reino Unido e a Alemanha e apenas 50% em França e Portugal).

Pelos vistos, acompanhei as presidências anteriores, mas nem dei por nada! 1992 e 2000, se não estou em erro. E, como se diz em Portugal, à terceira é de vez!

De facto, se tudo correr bem, não iremos ter uma quarta presidência, uma vez que o Tratado de Lisboa, a ser firmado neste mandato, acabará com o absurdo sistema de, a cada 14 anos, poder ser-se Presidente. A democracia dos estados-membros não se faz pela circulação e rotação presidências por seis meses.

José Pinto Ribeiro, Presidente do Fórum Justiça e Liberdades, dizia que ao pagar impostos os cidadãos esperam receber algo em troca. O raciocínio, para mim, é simples! Paga-se, ergo, espera-se um serviço que, neste caso, manifesta-se através de um poder executivo competente.

A democracia, “mais do que uma questão de autonomia do estado”, dizia ele, deve estar cimentado sob as pessoas, numa “devolução da soberania do cidadão”. Mas como? Ninguém sabe a resposta certa!

Giovanni Grevi, do Instituto de Estudos de Segurança, chamou-me a atenção com duas asserções dignas de reflexão:
  1. No período de 10-15 anos que nos precede, o resto do mundo tem-se desenvolvido mais que a Europa, que se tem centrado nas suas instituições internas. Naturalmente, se não sabemos quem somos, dificilmente poderemos assumir a nossa posição relacional com os demais! Somente uma Europa que se entenda a si mesma, cujos cidadãos e estados-membros aceitem as diferenças e similitudes, é que poderá evoluir a passos largos. Mas será que a evolução interna exclui a externa? A criança não se desenvolve somente intelectualmente ou apenas fisicamente: há a necessidade de uma evolução completa e sistemática.
  2. As mudanças parecem escapar ao controle, à gestão e das decisões democráticas. Talvez devêssemos rever o que entendemos por democracia.

Ou talvez devêssemos sentar, impávidos, e reclamar…

A escolha é dos cidadãos: o certo ou o fácil?

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