sábado, fevereiro 07, 2009

E o que fui fazer a Londres?

Com a saída determinada da Europa, não pude deixar de fazer uma espécie de peregrinação ao local no qual Shoghi Effendi, o Guardião da Fé Bahá'í, tem o seu último descanso, ou, melhor dito, local em que se encontra o sagrado sepulcro.

Nos dias que estive por Londres, tive a oportunidade de poder, por três vezes dirigir-me à estação de Arnos Grove e caminhar por uns minutos para o cemitério local, no qual pude estar sob a presença daquele “menino pequeno [que] os guiará”, profetizado por Isaías (11:6), o admirável jovem de 25 anos que impediu toda sectarização e se tornou o ponto de convergência de todos os bahá’ís do mundo, no ano de 1921.

Foi a sua visão pragmática e de longo prazo que lhe permitiu ser o elo de ligação entre o passado histórico desta nova religião de índole universal, nascida em 1844 com os seus mais de 20 mil mártires, e o futuro administrativo que em 1963 teria a primeira eleição da Casa Universal de Justiça, o corpo supremo democraticamente eleito por bahá’ís de todo o mundo.

Foi em períodos como a Cruzada de Dez Anos que a Fé Bahá'í conseguiu desenvolver-se ao ponto de, hoje, ser a segunda religião mais disseminada do mundo. E foram as suas traduções que permitiram que povos de todo o mundo pudessem conhecer a literatura bahá’í, que ensina a necessidade de eliminação de todos os tipos de preconceitos, a abolição de extremos de riqueza e pobreza, a igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres, para citar alguns. De entre suas traduções destacam-se As Palavras Ocultas e O Livro da Certeza, de Bahá'u'lláh, sendo capaz de manter a doçura poética da língua persa e a complexidade idiomática do árabe, graças também à sua maestria no inglês, tornando-se ímpar tradutor dentro e fora da literatura bahá’í.

Os seus próprios textos são, por si, prova viva de sua capacidade. Escrito por si, está uma obra única de nome A Ordem Mundial de Bahá'u'lláh, um tratado que apenas o futuro da humanidade poderá dar o devido lugar. Nele descreve as dores de parto de uma humanidade decadente e a esperança de um futuro promissor.

Termino com as palavras de encorajamento que jamais esquecerei, desse mesmo livro:

Comparai as instituições em desintegração, as desacreditadas diplomacias, as teorias destruídas, a degradação assustadora, as loucuras e as fúrias, os artifícios, as fraudes e as concessões que caracterizam a sociedade atual, com a firme consolidação, a santa disciplina, a unidade e a coesão, a inabalável convicção, a lealdade incondicional, e a heróica abnegação que constituem o marco desses fiéis defensores e precursores da Idade Áurea da Fé Bahá'í.

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quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Uma multidão alvoraçada gritava “Will, Will, Will”...

Uma multidão alvoraçada gritava “Will, Will, Will”, flashes batiam, meninas gritavam e seguranças observavam.

De longe, lá estava ele, a estrela do momento (deste e de tantos outros), Will Smith saindo de uma ante-estreia europeia em Londres, sorrindo numa foto que ele mesmo estava tirando com uma de suas fãs, enquanto a multidão tentava obter mais uma foto, um autógrafo, um toque, qualquer coisa.

Impressionante como nos entusiasmamos com actores e cantores, mas não bradamos "Saramago, Saramago", "Pamuk, Pamuk" ou "Annan, Annan" se cruzarmos com eles na rua. Vi Saramago na Feira do Livro de Lisboa há um par de anos, e estava sentado em sua cadeira, esperando que algum possível fã se aproximasse e pedisse, talvez, um autógrafo. Quanto a Pamuk, se o visse, possivelmente nem o reconheceria, quanto mais lhe pediria um autógrafo ou uma foto com ele.

Talvez eu esteja enganado, mas acredito que a maturidade da humanidade virá quando tratarmos de igual forma as estrelas (cadentes) do cinema e da música com as outras estrelas e astros que lutam pelo bem-estar da humanidade, através de suas ideias e pensamentos, ou suas atitudes e ações.

Gritando por eles? Não! Montando aparatos de segurança quando eles passarem? Não! Ao invés, quando Will Smith for tão comum como qualquer um de nós e Koffi Annan for tão humano como nós e deixarmos de pensar no panteão celeste e os convidarmos a serem humanos, sem distinções e sem cânticos exagerados da multidão.

Até lá, só me resta, tentar tirar uma foto de Will Smith…
Will Will Will Will Will…

(fotos à esquerda: Hércules, a estrela da antiguidade "clássica").
(foto à direita, da esquerda para a direita: Socrátes, Antistefenes, Crisippos e Epícuro, pensadores da anitguidade "clássica").
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Londres, carros, futuro: 20 horas de trabalho por semana
Tempo: o dom mais precioso
Restaurante chamado Tradição
Aviões são prova da existência da alma
Dia Humanitário Mundial, o dia de Sérgio Vieira de Mello
Ainda bem que não evitaste a crítica, Sr. Mandela

Mais um que se vai, deixando-nos a fantasia de o que poderia ter sido...

Uma década de conversão de dor
Campeão sem acaso
Quando o medo se converte em livro

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