quinta-feira, junho 26, 2008

Escolha o local do voto e escolherá o resultado...

Estudo recente demonstra que o local aonde votamos influencia a direção do voto.

Por exemplo, votar numa escola sobre o aumento dos apoios financeiros ao sistema educativo faz com que as pessoas, tendencialmente, estejam mais inclinadas a votar a favor que aqueles que votam numa igreja ou na central dos bombeiros.

O interessante é que o estudo foi testado e replicado tanto em laboratório como em sistema real (após ver imagens, no primeiro caso, ou durante eleições que aconteceram mesmo).

Assim sendo, se votarmos na Assembleia da República, ou na própria sede do Governo, talvez estejamos mais atentos em quem votamos, ou não?

Ou melhor, se votamos no local de maior índice de pobreza, estaremos votando naqueles que possuem melhores planos de erradicação da pobreza?

Se votarmos nos tribunais, estaremos mais aptos a eleger pessoas justas?

Acho que nem a investigação nos poderá responder a isso…

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segunda-feira, junho 23, 2008

Encontrando o Bem em si mesmo

Há um par de semanas, a televisão portuguesa de banda aberta deve ter batido algum recorde de índice de novelas produzidas no Brasil. Umas dez eram transmitidas quase em simultâneo. Duas da Record no início da tarde da RTP1, e na SIC uma repetição no início da tarde e mais três novelas no fim da tarde e umas quatro à noite. Não sei se as minhas contas estão certas, até porque, neste momento, só vejo uma destas novelas (e seriamente pondero deixar de ver essa Ciranda de Pedra). E, ainda vai começar outra que parece interessante – A Favorita – que, ao que parece, tem o seu conceito de bom e mau da história, pelo menos nos seus inícios, não muito claro. Parece que a linha entre o certo e o errado parece ser cada vez mais ténue… Ou talvez não!

Na dose de novelas que a televisão nos dá, mesmo que eu não queira – e, de facto, não tenho muito interesse em Duas Caras, a última novela do dia – acabo por receber quase tudo o que há sem sequer assistir… Então, o que eu fui entendendo, por capas de revistas no Supermercado e conversas em casa e som alto da TV é que aquele que era o suprassumo do mal, aquele que roubou a esposa, fugiu, fez plástica e hoje possui um império de dinheiro, Marconi Ferraço é um desses casos de linha ténue. Ele amansou, enamorou-se da esposa, quer ser um bom exemplo para o filho, quer, enfim, ser aquilo que se poderia chamar de cidadão de bem.

Será que tais transformações ocorrem? Profissionalmente acredito que sim. Aliás, como ser humano quero crer que sim. O personagem do Ferraço é um intento de prova de que o mal não existe nas pessoas, mas o que existe é uma possível ausência de bem. Não sendo amado, ele não sabia o que era o amor. Não sendo respeitado, ele não sabia o que é o respeito. Descobrindo em seu filho o amor que nunca havia recebido enquanto ele mesmo era um filho, parece que o seu lado bom foi nutrido e fortalecido, enchendo aquele vazio, aquele buraco ao qual chamamos de lado mau.

Em tais mudanças não há conflitos internos, não há luta entre os tais dois lados da pessoa: o bem e o mal nele. Nada disso! O que há é um vazio que, cedo ou tarde, pode ser preenchido. Há um buraco que aguarda ser cheio. Há uma ausência de amor que precisa ser reencontrado.

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quinta-feira, junho 19, 2008

Ontem, dia memorável de se lembrar...

Geralmente um dia memorável é um dia que fica na memória e que cedo não se esquece.
E o dia de ontem foi desses.

Vamos aos paradoxos do dia.

Há um ano que tenho a nacionalidade portuguesa, pensava, há um ano, que deixaria de ser imigrante, mas continuo a sentir-me migrante neste país de mescla genética (povos ibéricos, nórdicos, latinos e árabes se juntam na miscelânea que se poderia chamar "raça portuguesa").
Há muitos anos que me sinto europeu , mas desde ontem, tendo nascido na América do Sul, acho que não posso continuar a sentir, ou pelo menos deveria ter alguma vergonha disso. Sugiro a leitura da lei (cuja criação percebo, mas cujo teor é abtruso) sobre o repatriamento de imigrantes sem documentação. Sugiro a nota do eurodeputado Miguel Portas, a reação da Adital, do Uruguai e da Bolívia, e de associações europeias.

Participei também do lançamento da Revista Nova Águia, que parece se guiar por ideias que não são nem de esquerda nem de direita, nem de baixo nem de cima, mas que, simplesmente, são ideais justos e nobres. A revista articula questões de humanismo, assim como de literatura, tentando fazer-se mote de debates sociais e civis nos países de língua portuguesa.

Também houve o aniversário do meu pai, cidadão trabalhador, bahá'í nascido no Irã, país de revolução islâmica, aonde os 300 mil bahá'ís são presos e perseguidos, conforme tenho mencionado neste blog.
Fazia 25 anos ontem que foram mortas 10 mulheres bahá'ís, dos 17 aos 57 anos de idade, sob a pena de serem: mulheres e bahá'ís.

As aventuras do dia foram muitas. As memórias que o dia de ontem me trarão manter-se-ão por bastante tempo. Afinal de contas, não é todos os dias que há tanta coisa que lembrar: a minha nacionalidade, os imigrantes e as mortas sem razão.
Ao menos tive um lançamento de revista e uma festa!
Ao menos eu tive algo.
Resta saber os que nada têm...

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sábado, junho 14, 2008

Boa noite!

Impressionantemente, depois de eu ter mencionado a questão de terem-me acordado de madrugada, os blogs especializados nos temas da psicologia começaram a falar do tema. Veja-se a título de exemplo os títulos diversos (os blogs são em língua inglesa, mas os títulos já, por si só, já são sugestivos):

Sinceramente, não havia muitas novidades!

Entretanto, dois blogs já haviam falado do tema na semana passada. Primeiro o meu amigo e ex-“professor” JAM descreve as dez regras para promover o sono (os meus comentários entre parêntesis).

1. Mantenha um horário de sono alterando-o muito pouco, mesmo durante o fim-de-semana (finalmente aprendi isso há um par de meses!).

2. Tente não se esforçar por adormecer já que o sono deve surgir naturalmente. Quando aquele não chega quando se deseja o melhor é levantar-se e realizar qualquer actividade de relaxamento ou descontracção (Frankl explica que o que impede o sono é exatamente pensar nele: “De fato, o sono não é outra coisa que o relaxamento total. Ele, por outro lado, pretende consegui-lo de propósito. Mas o sono é precisamente o abandono completo ao inconsciente. E o pensar no sono e o querer conciliá-lo é o suficiente para não permitir que se possa dormir”).

3. Pratique exercício físico de forma regular de modo a equilibrar os níveis de ansiedade e prevenir o stresse; a isto acresce que a prática diária de exercício físico seguido de relaxamento melhora a qualidade do sono por via das endorfinas. No entanto, é desaconselhável a actividade física antes de dormir (nunca me esquecerei daquela noite em Sevilha que andei duas horas a pé até chegar ao local onde iria dormir, não havia qualquer meio de transporte tendo em conta a vitória dos locais no campeonato nacional de futebol, e quando lá cheguei, cheio de sono, não conseguia adormecer!).

4. Dormir com ruído, excesso de luz, demasiado calor ou frio não promove o sono, por isso providencie um ambiente adequado no quarto de dormir, sem a presença próxima de aparelhos eléctricos como tv, computador ligado, telemóvel ou despertador electrónico próximos (quantos de nós não temos o telemóvel ao nosso lado, enquanto dormimos?)

5. Evite ingerir uma grande quantidade de comida antes de dormir; no entanto tentar adormecer com fome também não é o mais indicado, sendo aconselhável fazer uma leve refeição quinze minutos antes de dormir com, por exemplo: um copo de leite morno e um par de biscoitos sem açúcar (de facto, funciona!).

6. Evite também o café e as bebidas com cafeína depois das 20:00, uma vez que aquelas são estimulantes do Sistema Nervoso Central (comigo é a partir das 19:00).

7. O tabaco também funciona como estimulante assim como pequenas doses de álcool, sendo que ambos devem ser evitados até 2 horas antes de dormir (eu não bebo nem fumo, por isso um ponto para mim).

8. Evite dormir por períodos aleatórios durante o dia, com exceção para uma pequena siesta ou periodo de repouso de 20-30 mins depois do almoço (pessoalmente acho que esse hábito tipicamente hispano ridículo, mas por vezes até faz bem, não é?).

9. Os estímulos electromagnéticos do televisor e do computador devem ser evitados cerca de uma ou duas horas antes de ir para a cama de modo a permitir que a actividade cerebral diminua durante o período que antecede o sono (eu até acresceria uma sugestão: meditar antes de dormir! Muito bom mesmo!).

10. Se dormir mal uma noite procure não desesperar. Na noite seguinte deite-se à hora habitual (até porque haverá sempre um bom psiquiatra pronto a ajudá-lo ;).

Quanto a mim, raras foram as noites que fiquei sem dormir. Só as viagens é que me conseguem demover de uma boa noite de sono. Jamais fiquei sem dormir por uma festa (nem que dormisse das 6 às 14), por um exame (poderia dormir mais tarde ou mais cedo) ou mesmo para fazer trabalhos da universidade, pois, como se pode ler num dos blogs da Psychology Today, dormindo

Você se sente mais energizado, sua disposição é melhorada, e pode pensar mais depressa e com mais claridade, levando a melhor performance tanto no trabalho como em casa.

Então, porquê perder uma boa noite de sono?

Boa noite!

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sexta-feira, junho 13, 2008

Fernando Pessoa - Feliz 120º Aniversário

Poetas que assim escrevem deveriam ser sempre lembrados...

Tem harém o sultão, mas quem só tem
O pensamento, nunca tem harém.
Medita inutilmente em teu profundo
Coração, livre do que é mal ou bom.

Bebe e sê nada! Queiras ou não queiras,
De umas ou outras infiéis maneiras,
O teu destino invade-se com água
Quando o rio alça o curso sobre as geiras.

Quem sabe do que sabe? Quem conhece
O que é? Quem lembra sem esquecer que esquece?
Sob altos ramos, mudos fugitivos
Do sol, bebamos. Outro dia desce.

3 de Janeiro de 1934

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segunda-feira, junho 09, 2008

A esperança vem de onde menos se poderia esperar...

Hoje, o Centro Mundial Bahá'í enviou uma carta aos bahá'ís do Irã, mencionando as prisões em Março da liderança bahá'í iraniana. Outras membros daquela Comunidade Bahá'í também foram presos: a 19 de Maio Cheraghali Ahmadi, Changiz Derakhshanian e Simin Gorji em Mazandarán e, a 24 de Maio, na cidade de Isfahán, Hushmand Talebi e Mehran Ziny acusados de enterrarem, nos últimos 15 anos, em cemitério bahá’í, seus familiares falecidos. Segundo Ali-Reza Jamshidi, Porta Voz do Judiciário, os bahá’ís têm sido presos por participarem de “reuniões ilegais”.

Mas a verdade é que lhe são atribuídas acusações sem base, resultantes de uma perseguição por suas crenças e práticas religiosas. E, numa tentativa de explicar o inexplicável, um dos “pais” da Revolução Islâmica Iraniana, o Sr. Montazeri, diz “porque os Baha’is não têm um Livro divino, sua fé não foi reconhecida como oficial pela Constituição”. O jornal do estado, o Keyhan, insiste em chamar-nos “seita bahá’í fabricada de ímpios, pervertidos”, e o semi-estatal Fars cita um doutor Rasoul Pour-Ahmad que adverte “se mantém-se silêncio sobre a ilegais, nefasta seita Baha’i, nossas mulheres e nação seriam rapidamente colocados sob as botas de Israel, graças aos Baha’is”, uma vez que, continua ele, os bahá’ís estariam a serviço de espionagem sionista.

As duas falhas dessa última asserção são que:

(1) Fundamenta-se no facto de o Centro Mundial Bahá’í estar na cidade de Haifa (Israel), mas esquecem os seus apologistas que Bahá’u’lláh foi exilado àquela região de Israel pelas monarquias persa e otomana cerca de um século antes de Israel sequer vir a existir, falecendo em 1892 (Israel esteve a comemorar o seu 40º aniversário há alguns dias!).

(2) Se os bahá’ís iranianos não podem aceder ao exército, trabalhar para o estado, ou sequer aceder ao ensino universitário devido às constantes legislações iranianas, de que tipo de espionagem poderiam sequer ser acusados?

Eu proponha outra alternativa ao crime de ser bahá’í.

Na década de 1950, Sheikh Mahmoud Halabi (próximo a Khomeini) fundou, com comerciantes de bazar e alguns clérigos, a Caridosa Sociedade do Mihdí (Anjoman-e Khayryyehye Hujjatiyyah-ye Mahdaviat). Eles eram contra os comunistas e ateus e a sua missão seria a preparação para a vinda do Prometido "Imám Oculto" do Islã, o Mihdí.

Naturalmente que sustendo-se na ideia de que uma de suas figuras centrais, o Báb, seria o já regressado Mihdí, a Fé Bahá’í foi imediatamente vista como prejudicial à agenda desse movimento. Por isso mesmo, o nome alternativa do movimento dos Hujjatiyyah tornou-se “Sociedade Anti-Bahá'í” (Anjuman-e Zidd-e Baha'iyat). O seu propósito tornou-se um só: erradicação dos bahá’ís.

Aqui vai um excerto de um texto publicado no American Thinker pelo americano-iraniano Amil Imani:

(…) Ahmadinejad é um membro dos Hujjatiyyah. Vê-se como o vassalo pessoal do Mahdi-Messias ou Imám Oculto, com quem fantasia tête-à-têtes frequentemente.

Ahmadinejad, um homem movido pela sua religião, tem seu conselheiro espiritual em Ayatollah Mohammad Taghi Mesbah-Yazdi (o defacto líder dos Hojatieh). O conselheiro do Presidente é conhecido por suas visões extremistas sobre o Islã e promove bombismo suicida e ataques a civis no Ocidente. Há só uma visão do Islão para ele. Certa vez disse “… se alguém lhe disser a sua interpretação do Islão, esmurre-lhe a boca”.

Ahmadinejad emerge como completamente são. É completamente previsível, consistente e não mostra nenhuma auto-contradição. Nem sequer pretende que teve um lapso na fala ou desculpa-se por suas declarações ultrajantes. Não é um típico político que pratique a desviante arte de duplo-falar, engano e mudança e posição para adequar sua conveniência imediata.

A Humanidade deve aprender que ignorá-lo por lunático resultará em maior sofrimento, tal como ela fez com Hitler.

Tal atitude teve, como menciona a mensagem do Centro Mundial, o apoio que a imprensa e de outros meios de comunicação em massa têm dado aos crentes oprimidos no Irã, e a advocacia de sua causa por ativistas sociais, e a simpatia manifesta na voz de intelectuais iranianos que evocam sua esperança e gratidão.

Começando a ser comparado ao regime Nazi, e criticado por líderes religiosos, por governos de diversos países, pela União Europeia, pelo Observatório de Direitos Humanos, pela Comissão Internacional de Juristas e pela imprensa internacional, alguns estudiosos iranianos, dentro e fora do país, chegam mesmo a temer que que este possa ser apenas o começo de uma nova e forte campanha contra os bahá’ís e que apenas a voz de livre pensadores fora do país, iranianos e de outras nacionalidades, poderão ascender o nível de debate sobre os bahá’ís e impedir que o genocídio perpetrado há 6 décadas e que o mundo ignorou até que fosse tarde demais possa repetir-se, desta vez, no médio oriente.

E, não se poderia esperar uma guia final senão o pedido expresso aos bahá'ís iranianos de evitarem toda divisão e todo conflito, interagirem com todos com polidez e sinceridade, e engajar com seus compatriotas na discussão de ideias e no intercâmbio de pensamentos em matérias sobre as quais estarão ansiosamente preocupados. Acender em seus corações a flama da esperança, fé e certeza de que o glorioso futuro do Irã e o brilhante destino da humanidade que conhecemos certamente virá em breve. Assim, as vítimas da injustiça se convertem na fonte de esperança para todos.

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domingo, junho 08, 2008

Hoje acordei de madrugada e testaram-me a assertividade...

Hoje de madrugada acordei com um barulho infernal que parecia estar vindo do meu próprio quarto. Música bem alta, pessoas gritando com ela, mas a questão é que no meu quarto, tirando eu mesmo, não havia viv'alma presente.

Então, assim que entendi que o som tinha a sua origem no próprio prédio, lá fui eu, prédio adentro, procurando o responsável. À medida que ia subindo a pé, notei que eu não havia sido o único a acordar, apenas o único a sair de casa. Ouvia-se pessoas reclamando (alto e bom som), comentando com outras pessoas, indo fazer as suas necessidades mais primárias, batendo com sabe-se-lá o que no teto, desejando imitar o gato da foto ao lado, mas ninguém tomando a iniciativa de fazer algo.

Lembrei-me, de imediato, das formações em relações interpessoais que dou e há uma pergunta, de um questionário de Arménio Rego que utilizo que fala mesmo desse tema. A pergunta é "Está em casa, com vontade de dormir. Mas o seu vizinho de cima está a fazer muito barulho. Já não é a primeira vez que isto acontece". E encaminha-nos para três possibilidades de futuro:
  1. Bater-lhe à porta e dizer-lhe: «Há quase uma hora que estou a tentar dormir, mas não consigo por causa do barulho que o senhor está a fazer. Será que pode baixar o volume do som? Obrigado». [no meu caso seria ao contrário: "estou tentando voltar a dormir e quase tive um ataque cardiáco"]
  2. Ficava chateado, mas não fazia nada. Pensava para consigo: «Com vizinhos, é melhor não haver conflitos; um dia, com calma, falo-lhe do assunto». [aparentemente, opção de 90% da população do prédio]
  3. Batia-lhe à porta e dizia-lhes: «Ou o senhor deixa de fazer barulho, ou eu chamo a polícia. Não lhe admito isto». [vontade manifesta das reclamações daqueles mesmos vizinhos]
Pelo qual optaria? Sinceramente...
Eu fui pela primeira. A frase foi bem alterada ao ponto de os meus jovens vizinhos ébrios terem até achado que seria boa ideia ter-me em sua festa privada pelas 6:40 da manhã de domingo. Optei voltar para casa e tentar dormir.

Só voltei a pregar no sono três horas depois...
A música se calou, mas a festa continuou! O barulho não parava e, os vizinhos foram desistindo de dormir... E o barulho do prédio foi aumentando. Pus o leitor de Mp4 no ouvido e pus-me a ouvir Sting cantando música vitoriana. Mas o cérebro já estava totalmente funcional: analisava detalhes nunca antes ouvido de cada música, pensava no que teria que fazer durante o dia e até pôs-se com a ideia de escrever este texto aqui...

Bem, moral da história, tendo em conta o estado alterado de consciência dos meus vizinhos, tendo em conta a minha intensidade de sono e tudo o mais que se pudesse pensar (afinal de contas, é domingo!), consegui fazer aquilo que prego nos meus cursos:

A resistência sem zanga, o saber dizer “não” sem agressividade, a insistência sem o massacre, o pedido que não importuna são habilidades que se conseguem desenvolver ao longo da vida. A essa habilidade dá-se o nome de assertividade.

Comunicar de forma assertiva implica simultaneamente o respeito que se tem por si próprio – ao exprimir os gostos, interesses, desejos e direitos – e o respeito que se tem pelos outros, pelos seus gostos, ideias, necessidades e direitos.

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quinta-feira, junho 05, 2008

É preciso imaginação!

Copiado do Sahba,


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terça-feira, junho 03, 2008

Eleições EUA: o último dos tabus

A questão presidencial estadunidense centra-se hoje numa pergunta: qual é o fator humano que se afigura como mais importante?

Idade? Género sexual? Origem étnica?

Num artigo publicado no mês de Janeiro Gloria Steinem – uma admirável mulher que nos fez, há duas décadas (quer dizer, no meu caso não foi bem duas décadas…), pensar o que seria de Freud e da psicologia se ele fosse uma mulher – analisa uma mulher fictícia: Achola Obama, o alter-ego feminino de Barack Obama, o candidato presidencial. Ela diz:

A mulher em questão torna-se advogada após alguns ano, casa-se com um advogado corporativo e é mãe de duas meninas, de 9 e 6 anos. Ela mesma é filha de uma americana branca e de um africano negro – (…) sendo considerada negra – serviu como legisladora no seu estado por oito anos e tornou-se uma inspiradora voz para a unidade nacional.

Seja honesto: Acha que é a biografia de alguém que poderia ser eleito para o Senado do Estados Unidos? Depois de menos que um mandato lá, acredita que ela poderia ser um candidato viável para encabeçar a mais poderosa nação na terra?

E, ao ler, pensei: o que seria de Hillary Clinton se ela tivesse o seu Currículo e fosse negro e não branca? A autora diz que, tristemente, há dois pesos e das duas medidas nesta corrida:

O que me preocupa é que ele seja visto como unificador pela questão da raça enquanto ela é divisora pelo seu sexo.

O que me preocupa é que ela é acusada de "jogar a carta do género" quando cita o clube dos rapazes, enquanto ele é visto como unificador ao citar os confrontos pelos direitos civis.

O que me preocupa é que votantes homens de Iowa tenham sido vistos como livres de género ao apoiar um deles, enquanto que votantes femininos são vistos como enviesados se o fizessem e desleais se não o fizessem.

Geraldine Ferraro, por sua vez, propõe que sejam feitos estudos que verifiquem se, ipso facto, houve a (in)devida utilização das questões sexuais e raciais na campanha democrata.

Dá que pensar, não? Afinal estarão as pessoas a votar no que? Na pessoa que consideram mais adequada ao lugar, naquela de melhor imagem, ou naquela com quem se identificam mais?

na questão da idade, parece que a coisa amolece: ou não se tem qualquer respeito pela questão etária, ou se considera perigoso brincar com a questão sexual ou racial.

Jay Leno, do Tonight Show, brinca e diz que "Operativos Democratas estão a procura de algo sobre John McCain. Sabem o que se chama a alguém que desenterra coisas sobre McCain? Um arqueólogo". "Ontem tivemos Cindy McCain e ela falou da sua antiguidade favorita: o seu marido".

No Late Late Show Craig Ferguson disse que "John McCain admitiu hoje não ter votado em George W. Bush. Ele, contudo, votou em George Washington.

Obviamente, ninguém faz uma piada sobre a questão racial. Será que preconceito etário (idadismo) não é tão grave quanto o preconceito racial? Possivelmente poucos eleitores daquele país arriscariam dar uma resposta. A Newsweek, por exemplo, foi capaz de a 24-25 de Abril verificar que 19% dos sondados não consideraria o EUA preparado para um líder máximo afro-americano e 7% não estariam seguros. E quando se perguntava aos 74% que disseram que sim, 53% deles achava outros que disseram que sim poderiam estar a mentir (projeção? disseram eles mesmos que sim por ser o politicamente correto?).

É interessante como três aspectos humanos parecem estar aqui em jogo. Afinal de contas, cada um dos três candidatos atuais representa um grupo que tem sido vítima constante de algum preconceito e de alguma discriminação em sua sociedade e cabe ao eleitorado quebrar um dos últimos tabus.

  • Idade? McCane?
  • Raça? Obama?
  • Sexo? Clinton?

Ou, então, simplesmente, demonstrar maturidade e votar no que lhes pareça ter melhor carácter e ser mais competente (será?).

Termino parafraseando Anna Holmes, num artigo recente sobre a campanha democrata:

Por muito tempo, a história da mulher, a questão racial e o preconceito etário têm sido histórias de silêncio. Já é tempo de se começar a fazer algum barulho.

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domingo, junho 01, 2008

Gasolinas em Portugal

O Página Um tem uma análise interessante da situação das gasolineiras portuguesas. Faço uma pequena menção dos números lá expostos.

§ A GALP obteve, no 1º Trimestre de 2008, 175.000.000 € de lucros líquidos, ou seja, mais 22,4% do período homólogo de 2007, num total de 228,6% de lucros quando comparado com o ano anterior. Para quem não sabe, a GALP é uma empresa do estado com acções na bolsa de valores.

§ Os preços sem impostos dos combustíveis em Portugal são superiores aos da média da União Europeia – 2% no caso do gasóleo e 2,4% na gasolina. O que faz com que não se possa responsabilizar, de forma alguma, os altos impostos portugueses para o seu elevado valor.

§ Incluindo os respectivos valores dos impostos, o preço do gasóleo são inferiores em 0,1% ao resto da União (corroborando o meu argumento anterior) e o da gasolina é superior em 5,2%.

§ No período de 2 de Janeiro de 2004 e 22 de Maio de 2008, o preço da gasolina (de 95 octanas) aumentou em 57,3%, o preço do gasóleo rodoviário em 102,7% e o do gasóleo de aquecimento mais de 138,1%. Mas, os rendimentos da maioria da população residente em Portugal aumentaram não 130%, nem 100%, nem 50%, mas meros e escassos 15%. Este simples facto pode influenciar drasticamente a economia nacional e levar a inflação a valores assustadores.

Ou estarei errado? Talvez eu deva parar de pensar em números e deixar a economia aos decisores políticos e gestores privados… ou talvez não!

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