quarta-feira, agosto 27, 2008

Tipos de pessoas e as paredes...

Ontem tive uma conversa com um dos meus mais antigos amigos e, com base naquilo, pude concluir que existem vários tipos de pessoas.

As pessoas paredes que são imóveis e são de dois tipos: das paredes que ouvem e nada fazem e que só servem para que nelas nos apoiemos e as paredes que de tão ríspidas e desagradáveis nem para encostarmos nelas servem.

Depois há uma panóplia de pessoas: as preguiçosas que se encostam em qualquer uma das paredes, as vítimas da sociedade que se encostam nas paredes ríspidas e reclamam dela, as aproveitadoras que tentam escalar as paredes calmas e de apoio, as medrosas que temem que ambas as paredes lhes caiam em cima, as aventureiras que só querem saltar a parede ríspida e... aquelas, cada vez mais raras, as sagazes:

Dotadas de capacidade de observação ajustada da realidade e capacidade de rápida análise tais pessoas são capazes de discernir, prontamente, uma parede da outra e, por seus dotes de perspicácia, sabem que devem transcender os obstáculos que as paredes ríspidas demonstram ser e descansar sobre o regaço da outra parede.


Qual dessas pessoas você acha ser?

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sexta-feira, agosto 22, 2008

O Cavaleiro Negro em cada um

No início da semana, um amigo e leitor do blog perguntava-me se havia visto o Dark Night e hoje lhe respondo que não só vi, como acho que posso ter percebido quem era o Cavaleiro Negro.

Muito tem-se falado sobre quem poderia ser essa figura. Os blogs da Psychology Today são claros exemplos ao dizerem que Batman estava perdido ao oscilar entre o herói e o anti-herói, ou que o filme diferencia caos (Joker), ordem (Batman) e sorte (Two Faces) ou mesmo que o Joker era o verdadeiro Cavaleiro Negro, uma vez que ele e o Batman precisam um do outro para viver, talvez como a relação entre a luz e as trevas, a ordem e o caos.

Verdade seja dita, o vegetariano e ativista dos direitos dos animais Christian Bale (cuja carreira acompanho desde que ambos eramos crianças, em O Império do Sol) foi muito bom no seu personagem de Batman; os irmãos Nolan conseguiram, sem sombra de dúvidas, criar um ambiente obscurecido que penetra a mente do espectador, construindo nervosismo a cada cena de calma; e, assim deram espaço a que Ledger em sua fabulosa e derradeira performance nos servisse de “doloroso lembrete da fragilidade da vida, também presente”.

O filme nos recorda que ou morremos heróis ou vivemos o suficiente para nos vermos no papel de vilões. Isto porque o ser humano vê, ante si, dois caminhos: o caminho da perfeição e o caminho da aceitação.

Batman, o Cavaleiro das Trevas, estava a caminho da perfeição, mas não aquela dos deuses do Olimpo, mas do homem que quer ser perfeito e, assim, a cada tentativa se frustrava, a cada passo via o contrário: entrava na profundeza da treva do desagrado crónico, aonde a busca da perfeição faz-se doentia.

Temia, na realidade, olhar para si e ver-se incapaz de poder tudo. Olhava dentro de si e achava encontrar um monstro e não um herói e, por mais que tentasse agradar aos demais, mais os outros lhe traíam, mais ele mesmo se traía.

Foi na presença do seu arqui-inimigo que o Cavaleiro das Trevas compreendeu que reconhecer os seus próprios limites (que durante tanto tempo tentou evitar) não é símbolo de mediocridade, mas de grande valor. O psicólogo Ricardo Peter diz que “a obrigação de viver a toda velocidade, de destacar a todo custo, leva-nos à depressão e, nos piores casos, ao ódio a nós mesmos”. Diz também que é necessário:

Superar a separação que me impõem os meus limites e encontrar-me a mim mesmo, aos demais e à vida. Deixo de me recriminar, atormentar e viver em função dos erros dos demais, como se o sentido de minha vida consistisse em ser caçador dos erros e dos afetos alheios e dos males do mundo.

E será que Batman foi ou será, algum dia, capaz disso? Veja o filme e me diga.

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terça-feira, agosto 19, 2008

Dia Humanitário Mundial, o dia de Sérgio Vieira de Mello

Residindo em Portugal, dificilmente o que acontecesse em Timor poderia passar-me ao lado, sem ser notado. E uma das figuras que me recordo desses tempos foi Sérgio Vieira de Mello, apreciado, admirado e, sobretudo, respeitado pelas elites e pelas populações por onde passava.
Senhor de um currículo invejável, o que mais me chamou a atenção nele, enquanto jovem adolescente que eu era, era o seu sorriso na face, apesar de se encontrar nos piores locais do mundo, representando as Nações Unidas.
E nesta lista incluem-se países e locais instáveis como Bangladesh, Sudão, Chipre, Moçambique, Perú, Líbano, Camboja e região africana dos Grandes Lagos.
Era o sorriso na face, a real preocupação no olhar e a eficácia nos atos. Este era o humanitário que, algum dia, gostaria de conhecer.
Mas, após o Kosovo e Timor, foi para Bagdad, aonde um massacre retirou a vida do então Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos e Representante do Secretário-Geral para o Iraque e de outras 21 pessoas.
Cinco anos após o evento trágico, hoje, a ONU, sob proposta da Sergio Vieira de Mello Foundation, virá a considerar o dia 19 de Agosto como o Dia Humanitário Mundial, o dia em que não só se homenagerão esses "mártires" dos direitos humanos, como também outros humanistas que deram e dão, dia após dia, as suas vidas em defesa dos princípios humanos defenidos pelas Nações Unidas.
Cinco anos depois, Sérgio Vieira de Mello sorri-nos novamente a esperança de direitos humanos!

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quarta-feira, agosto 13, 2008

A matemática dos jornais...

Os jornais portugueses estão cada vez mais estranhos. Depois de uma das primeiras páginas do jornal Público que até mencionei neste blog, fiquei pasmo, hoje, ao ler o Diário de Notícias.

Ao mencionar, na versão impressa de um artigo, as estatísticas religiosas do Reino Unido, enumera as estatísticas religiosas daquele Reino como sendo:
  • 71,6% da população é cristã;
  • 2,7% muçulmana;
  • 1 % hindus;
  • 0,6% sikhs;
  • 0,5 são judeus;
  • e 0,3 % budistas.

Ainda um grupo de 15,5% de ateus. Perfazendo, um total de (100%-15,5%=)84,5% de "crentes", certo?

Não! O DN explica que "no total, 76,8% da população do Reino Unido têm Fé e seguem algum tipo de credo ou religião". Além de eu não entender o número em si (não! a soma dos listados acima não é exatamente este número!), ponho-me a pensar... Será que no DN não sabem fazer contas, não têm máquinas de calcular ou, então, simplesmente, a totalidade da população inglesa é constituída por 92,3% ao invés dos tradicionais 100% como no resto do mundo (afinal de contas, até as ruas são ao contrário).

Ou, ainda, outra hipótese me surge: será que além dos 92,3% de população, o Reino Unido é constituído por outros 7,7% de impopulação constituída por mortos vivos, alguma classe de viajantes do tempo ou então seres de outros mundos... Qual será?

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segunda-feira, agosto 11, 2008

Há uma década: o Eclipse, as Profecias e os tais Monstros

Quem me conheceu há uma década atrás concerteza se recordará de me ver viciado com um certo autor francês (e não era nenhum dos dois Dumas que há muito também aprecio), mas um obscuro médico que pouca gente saberá o seu papel crucial na história medieval francesa.

Herói para muitos contemporâneos seus do Século XVI, Michel foi um dos médicos que ajudou populações necessitadas da França e de Itália a sobreviver a grande Praga na Europa. Mas, não foi assim que se fez conhecido. Em contacto com a Monarquia francesa, escrevendo uma elegia a um dos monarcas, inclusive proclamando o seu regresso (Epístola a Henry II) como salvador da humanidade, Michel de Nostradame veio a ser conhecido com o seu nome latinizado de Nostradamus.

Tornou-se assim o autor mais conhecido do mundo das "profecias", citado pelos maiores e pelos piores, como escusa para justificar qualquer coisa. O seu brilhantismo apenas aproximado à sua humildade na recusa de ser reconhecido como profeta, fazia ver-se como mero servo da igreja (apesar de suas origens judaicas). Aliás, o que explicou a seu filho Cesar, foi que reinterpretava a Bíblia (Velho e Novo Testamentos) em quadras de dez sílabas métricas, conhecidas como as Centúrias. Cada quadra, diz-se, possui um evento e, conforme muitos autores, o que parece ter acontecido é que ele misturou-as, como que num baralho de cartas, para que ninguém pudesse compreender a ordem dos eventos. Seja como for, é-lhe atribuído a previsão da I Guerra Mundial, do auge de Hitler, do poder de Staline, da morte de JFK, da revolução islâmica e uma série de outros eventos que me chamaram a atenção.

Mas o que sempre me chamou a atenção foi a seguinte passagem:

No ano de 1999, no mês sept. virá dos céus um grande rei dos Angolmois.
Marte se regozijará de alegria, antes e depois de sua vinda.

A dita profecia, à semelhança de outras que citavam anos exatos, falhavam em alguns meros pares de anos, uma vez que Nostradamus trabalhou com as translações de planetas (movimentos calculados com maior exatidão décadas depois por Galileu). Assim sendo, um par de anos depois de 1999, no mês sete (setembro ou sétimo) algum rei maléfico (Angolmoi é tido como anagrama de Mongol, portanto de anticristo pelos círculos "especialistas") viria dos céus e a guerra despontaria (Marte se regozijando) mais do que nunca.

Mas o fanatismo exagerado de algumas pessoas não despontou em Julho de 1999, mas meses antes, em Agosto de 1998, há dez anos, no dia 11, interpretando outra passagem:

Quando o eclipse do sol vier, em pleno dia o monstro será visto.
Todos irão ter interpretações distintas.

Preço alto será cobrado.
E ninguém estará preparado.

Já lá vão dez anos, pelo menos dois eclipses vieram, e ninguém viu o tal monstro. Ou falharam no eclipse, ou as interpretações foram mesmo tão distintas que ninguém assume a realidade. Ou Nostradamus enganou-se ou já pagamos um preço alto quando o Sol Espiritual nos quer iluminar, fazendo desvelar o mais monstruoso da humanidade e nós justificamos desigualdade social, aquecimento global, doenças, guerras, falta de sentido, fanatismo, terrorismo, racismo, extremismo e tantas outras coisas com interpretações distintas, com filosofias, economias, política e demagogia.

Talvez Nostradamus não soubesse nada de nada e fosse simplesmente bom poeta e bom médico. Mas, uma coisa é certa: O preço alto está a ser cobrado e, apesar das interpretações diversas, ninguém está preparado!

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sexta-feira, agosto 08, 2008

Rumi (trad. de LHBeust)

Ó Meu Senhor! Ó Tu que por Tua bênção
Cumpres tudo aquilo que Te é pedido;
Quem Te dedica amor no coração
De todos os seres tem esquecido.
Permite que o conhecimento em mim
Se santifique do pó. Sim!
Que a gota de entendimento a secar
Se una feliz ao poderoso mar.

Mowlana Rúmí ou Jalálu’d-Dín-i-Rumí (1207-1273 d.C.) .

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quarta-feira, agosto 06, 2008

A verdadeira natureza da nossa galáxia...

Sempre achei estranho viver dentro de uma galáxia e poder vê-la de noite. Achava estranho como viver numa casa e poder ver a sua fachada de dentro dela. Era estranho! Até cheguei a comentar o tema algures na minha dissertação de mestrado. E, por isso, quando alguém me traz uma explicação (mentirosa, por sinal), quase que a aceito sem muito pensar.

Dizia o autor que nem é estranho vê-la. A estranheza é ver em linha reta e não como uma elipse, parecia que estávamos vendo algo do qual não fazemos parte. Pois é! Sinto muito!, dizia ele, pois não fazemos parte da Via Láctea.

Em 2003, cientistas das universidades de Virginia e de Massachussets utilizaram conseguiram efetuar uma observação infra-vermelha do céu, notando que o nosso Sistema Solar (círculo amarelo) está numa das conexões entre duas galáxias: a nossa e a outra, isto é, entre a Via Láctea e a galáxia anã de Sagitário.

A Via Láctea, desavergonhada ao que parece, anda a consumir, a galáxia dez mil vezes menor que ela (em massa), o que faz com que Steven Majewski diga que "é claro quem é o agressor em interação".


O estranho para mim não é pensar que sou Vialacteano e agora descobrir que sou Sagitariano, o que não é verdade! Não é uma crise de identidade que se me coloca, senão o choque de verificar como somos mesmo filhos da nossa galáxia.

Comemos e aniquilamos o que é menor que nós, como se nada fosse. Civilizações inteiras foram aniquiladas pois outras maiores foram fortificadas. Crianças mais fortes batem nas mais fracas. Políticos poderosos instituem autênticas ditaduras e carismáticos facilmente são mortos. Como seria possível pensarmos que não pertencemos a essa Via Láctea, se ela é como nós?
Pensava eu que algo pudesse estar errado no planeta. Desculpem-me: afinal algo está errado no Universo!

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domingo, agosto 03, 2008

Mentiras na verdade

Uma das notícias desta manhã que já começa a estar por todo o lado é a que foi transmitida por um jornal iraniano, o Resalat, citando um certo Sr. Haddad (não aquele que brasileiros conhecem, mas um oficial responsável por assuntos de segurança da corte revolucionária da capital iraniana), de que os sete bahá’ís presos em Maio confessaram o seu crime:

Todos eles confessaram a formação de uma organização ilegal, incluindo (ter ligações) com Israel.

De facto, uma pessoa que lê isso pode achar que afinal de contas, nós os bahá’ís somos espiões do estado de Israel. Mas, o interessante é que apesar disso não ser verdade, a declaração em si não me parece falsa. Vejamos:

1. Sobre a primeira alegação que implica pertencerem a um grupo ilegal, eu iria ainda mais longe, afirmando que os bahá’ís iranianos pertencem a um grupo inconstitucional: ser bahá’í, ter uma religião que, segundo a agência Reuters, acredita na posição divina de “Abraão, Moisés, Buda, Jesus e Maomé” é considerada pela liderança xiita iraniana como “herético”, não estando, portanto legalizada pelo Regime Islâmico Iraniano.

2. A extensão da Comunidade Bahá’í a inúmeros países do mundo também é uma verdade comprovada, uma vez que a sua diversidade inclui uma extensão de 236 países e territórios de todo o mundo, reunindo representantes de não menos que 2.112 raças da Terra.

3. Quanto ao facto de recebermos ordens de Israel, bem, aqui a coisa já muda de figura. Recebemos orientações provindas de Israel, mas não do seu Governo, mas do Centro Mundial Bahá'í que está lá radicado, justamente porque o Governo Iraniano exilou o seu Fundador, Bahá'u'lláh, a Israel, nos primórdios dessa Fé.

Desta forma, sim, todas as alegações são verdadeiras! O que é claramente falso é aquilo que os meios noticiosos iranianos tentam subentender delas: de que somos espiões (hoje de Israel, há uns anos da Rússia) que não tem a mínima lógica. Afinal de contas, se eu fosse espião de Israel, a minha condição financeira era capaz de ser bem melhor!

Mais interessante ainda, é que isso é tornado público dias após a CNN e outras agências reportarem agressões e ataques contra bahá'ís iranianos (casas queimas e pilhadas, entre outras coisas), dois dias depois da Casa de Representantes do Congresso estadunidense aprovar uma resolução a favor da situação dos bahá'ís no Irã e um dia após o jornal estatal Keyhán mencionar relações entre o estado de Israel, o comité Nobel e o Centro Mundial Bahá'í na escolha de Shirin Ebadi para prémio Nobel em 2003. Haja imaginação!

De facto, surpreende-me a capacidade de se tecerem inverdades com base em meias-verdades, ou de se criarem inverdades com base nas mais estranhas imaginações... Supreende-me a capacidade de se verem mentiras na verdade, quanto mais quando no Alcorão se pode ler:

Por que vestes a verdade com a mentira? Por que escondes, intencionalmente, a verdade? (3:71)

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sábado, agosto 02, 2008

A imigração






A ver se alguém me sabe dizer porque a imigração é como esse gato...

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