sexta-feira, agosto 31, 2007

O início depois do fim...

Arrumar o quarto não é para qualquer um. Ainda mais quando se arruma um quarto com quinze anos de história lá dentro. Aliás, com uma vida lá dentro. Arrumar e decidir o que fica e o que vai. O que continuará nos acompanhando ao longo da vida (até à próxima arrumação) e o que será (esperemos) reciclado (papéis que já de nada servem, plásticos inutilizáveis, etc., etc., etc.).

A vida humana se comparte entre a articulação do passado, onde temos as nossas memórias, o presente, aonde realmente vivemos, e o futuro, aquele local imaginário pelo qual lutamos. Não há como voltar atrás no tempo a não ser através das memórias e não há como avançar nele senão através dos atos.

Somos resultados de um crescimento exponencial das crianças que outrora fomos e dos jovens que decidimos ser. Encontrei cadernos e livros da secundária, fotocópias dos tempos da universidade, comentários dos tempos da primária até. Folhas soltas ao vento, a caminho de uma pasta ou de um saco de lixo.

E, enquanto encontrava cada pedaço do meu passado perdido, ouvia o CD que a minha mãe, tão carinhosamente, trouxera, para mim, do Brasil: Frejat (Sobre Nós 2 e o Resto do Mundo).

E cada vez que decidia deitar fora algo, um pedaço do meu passado remoto, lembrava daquele verso "Eu ja me cansei dessa história, não vou viver de memórias.. viver é bem mais". Viver é bem mais! Foi com esse pensamento que comecei a arrumação e lá vou terminando o árduo trabalho de ver o meu passado e pensar no meu futuro, arrumando o quarto, a mente e o coração, pensando no início, depois do fim.


Eu já fechei todas as portas, arquivos, gavetas
Eu já fechei todas as malas, as contas, os dias
Fechei os olhos, a boca
Fechei a cara, o corpo
Fechado no escuro do quarto
O início depois do fim
O que não cabe mais em mim
É bom você saber
Agora é pra valer
O início depois do fim
O início depois do fim

Estou fechado para reformas, obras, mudanças
O abraço eu tentei, o beijo eu nem sei
Os braços, as pernas, as mãos e o meu coração
Fechado no escuro do quarto
O início depois do fim


Letra e música de:
Frejat, Maurício Barros e Bruno Levinson
(se encontrarem a música, ouçam-na!).

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domingo, agosto 26, 2007

A minha pátria é a língua portuguesa

A minha pátria é a língua portuguesa, já dizia um dos heterónimos de Fernando Pessoa. Não dizia ele "português do Brasil" ou "português de Angola", tampouco dizia "português de Trás-os-Montes" ou "português dos Açores", dizia, simplesmente, "português".

Essa é a pátria de 230 milhões de seres humanos por todo o mundo. Bem, na realidade um conjunto de oito (ou mais) pátrias que poderão se unir, não se tratasse de um esforço conjunto.

O Blog da Embaixada de Portugal no Brasil transcreveu, há uns dias, o texto publicado no Jornal O Estado de São Paulo acerca do tema do acordo ortográfico, no qual pode-se ler que "O fim do trema está decretado" e que "A nova ortografia também altera as regras do hífen e incorpora ao alfabeto as letras k, w e y". O acordo deverá vigorar somente a partir de 2008, como resultado da decisão da CPLP de que tal ocorreria apenas "quando três países ratificassem o acordo (...). O Brasil ratificou em 2004. Cabo Verde, em fevereiro de 2006, e São Tomé e Príncipe, em dezembro".

O que me intriga é como é que a decisão de três países (ainda que como resultado de acordo dos oito) possa sobrepor-se aos demais cinco (uma maioria). Portugal, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e o recém-nascido Timor Leste não o ratificaram (nem o ractificaram), mas deveriam participar no processo.

Então, o que será feito? Esperar-se-á uma participação unívoca e focada, um esforço concentrado e conjunto ou apenas uma decisão unilateral de âmbito idiomático? É que, como disse o Presidente da Academia Brasileira de Letras, no mesmo artigo, "Hoje é preciso redigir dois documentos nas entidades internacionais: com a grafia de Portugal e do Brasil. Não faz sentido". Com a aproximação humana, e a globalização da civilização, não seria esse o primeiro passo? O passo para ultrapassar as barreiras idiomáticas que separam as nações para podermos, por fim, ultrapassar as demais barreiras que nos separam mais do que nos aproximam?

Afinal de contas, quando é que veremos a Terra como um só país e, consequentemente, com um só idioma? Demos nós, os da pátria linguística portuguesa, o primeiro passo.

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quinta-feira, agosto 23, 2007

Islão por Bahá'í -- estranho? ou talvez não!

Para todos aqueles que acham que o Islão é obrigatoriamente contrário à Fé Bahá'í, aqui está uma prova do erro.

Na realidade, apesar de serem semelhantas na crença num Deus único, o Islão considera a religião Bahá'í como uma apostasia (de acordo com a lei, o sangue baha'i é considerado Mobah, significando que pode ser derramado impunemente), uma vez que o Islamismo é visto pelos seus adeptos como a última religião divina possível e a Fé Bahá'í se afirma como a nova religião de Deus que cumpre as profecias islâmicas.

Desde a sua origem no mundo islâmico, os bahá'ís foram perseguidos, torturados, martirizados e mortos e desaparecidos em circunstâncias, por vezes, dúbias. Exemplos não faltam!

Recentemente, não sei bem de onde, surge a Rede Islâmica para os Direitos Bahá'ís. Sabe-se da sua existência pois têm publicado artigos do Marco e, recentemente, fizeram um controverso e interessante video. Resta saber se a sua voz será mais uma voz nesse coro de surdos que parece comum nos direitos humanos mundiais ou se essa será a derradeira voz que marcará a diferença...

Afinal de contas, não é todos os dias que o silêncio dos bons é interrompido dessa forma!

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terça-feira, agosto 21, 2007

Curso de formação para homens...

Recebi este curso por e-mail, e não poderia deixar de compartilhar com os meus amigos. Eu mesmo estou a pensar em fazer o último módulo...

CURSO DE FORMAÇÃO PARA HOMENS EM GERAL E MARIDOS EM PARTICULAR

Objectivo pedagógico: Permitir aos homens desenvolver aquela parte do cérebro de que
ignoram a existência e, eventualmente, ganhar o respeito e admiração femininos.

Módulo I: Pré-formação
  1. “A minha mulher não é a minha mãe”. (350 horas)
  2. Entender que o futebol não é nada mais que um desporto e que ficar fora do Mundial não é a morte. (500 horas)
Módulo II: Vida a dois
  1. Ter filhos sem se tornar severo. (50 horas)
  2. Deixar de dizer idiotices quando a mulher recebe as suas amigas. (500 horas)
  3. Superar o síndrome de posse do comando da TV. (550 horas)
  4. Como não urinar fora da sanita – Visualização de casos práticos em vídeo. (100 Horas)
  5. Entender que os sapatos não vão sozinhos para o armário. (800 horas)
  6. Como chegar até ao cesto da roupa suja sem se perder. (500 horas)
  7. Como sobreviver a uma constipação sem agonizar. (100 horas)
Módulo III: Tempo livre
  1. Passar a ferro uma camisa em menos de duas horas (exercícios práticos).
  2. Digerir qualquer bebida sem arrotar à mesa (exercícios práticos).
Módulo IV: Curso de cozinha
  1. Nível 1 (principiantes): Os electrodomésticos: ON=Ligado, OFF=Desligado.
  2. Nível 2 (avançado): A minha primeira sopa instantânea sem queimar a panela.
  3. Exercícios práticos: Ferver a água antes de juntar a massa.

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sábado, agosto 18, 2007

Drummond de Andrade - Mãos dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.


Carlos Drummond de Andrade (31/10/1902-17/08/1987)

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quarta-feira, agosto 15, 2007

Educação, um direito de todos: indubitavelmente!

Nem tudo está mau no mundo, no que concerne à educação.

O Relatório da UNESCO para 2007 (Education for All Global Monitoring Report) relata as boas medidas de alguns governos para a maior inclusão de estudantes. Citarei os casos:

  • Como consequência da abolição das taxas a pagar para a escola primária, o Burundi conseguiu que mais 500 mil crianças ingressassem o ensino.
  • Na Suazilândia, o governo dispôs 7,5 milhões de dólares a crianças orfãs e carenciadas, para poderem ingressar e continuar no ensino primário e secundário.
  • A Bolsa Família, no Brasil, providenciou o apoio financeiro suficiente para que 5 milhões de crianças pudessem, entre outras coisas, entrar na escola.
  • Como medida de inclusão sexual, 10% das meninas com resultados excelentes em ciência, matemática e tecnologia e 33% das que provém de fracas condições financeiras são apoiadas pela Girls’ Scholarship Trust Fund da Gâmbia. Mais de 16 mil são as beneficiadas.
  • O Uruguai criou medidas de inclusão de crianças com e sem discapacidade, num total de 39 mil beneficiadas.

Digam-me: há ou não há esperança? Os passos são pequenos, gatinhamos talvez, mas algum dia (espero!) lá chegaremos.

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terça-feira, agosto 14, 2007

O estranho caso do cinema mudo

"Em cada um de nós, duas naturezas estão em guerra -- o
bem e o mal. Por toda a nossa vida, a luta continua entre
eles, e um deles
deve conquistar. Mas em nossas mãos jaz o poder de escolha --- aquilo que mais quisermos ser, seremos."

É assim que começa o filme de 1931 intitulado Dr. Jekyll and Mr. Hyde. Confesso que sempre tive curiosidade em ver filmes de ficção científica do tempo do cinema mudo e, quando o David aconselhou o Metropolis fiquei bastante curioso. Tive a oportunidade de ver esse filme e fiquei encantado. Os efeitos especiais, naturalmente, não são surpreendentes e as próprias actuações são dignas de exageros cómicos do cinema do Século XXI.

E, por isso mesmo, não pude deixar de notar o excentricismo dos actores, os exageros da música e o berrante do branco. Quando não temos cores, os contrastes são mais fortes: é na escuridão que maior contraste faz o branco. Tenho reparado que quando, naqueles tempos, pretendia-se mostrar que uma mulher era bonita, maquiavam-na de tal forma excessivamente, que nos anos 70 poderia ter sido uma personagem de filme de terror, de tão branca e pálida que estava: afinal, os conceitos de beleza (e não só) vão evoluindo com os tempos. Se o excesso de lividez era considerado sinónimo de beleza, hoje já é considerado possível enfermidade.

Mas, o mais belo é mesmo notar como os seres humanos comunicam, mesmo sem querer. Para todos aqueles que discordam dos modelos da pragmática da comunicação humana, basta ver um filme do cinema mudo e passar a concordar: é impossível não comunicar.

Aqueles olhares de ternura, de angústia, de desolação ou mesmo de indiferença substituem qualquer linha exposta num guião. A postura é, por sua vez, o espelho da mente: inclinação para frente quando estão interessados na mensagem que é transmitida pelo outro, a autoconfiança dos lordes ingleses demonstrada em suas cabeças erguidas e colunas direitas e mesmo o impulso à invasão do espaço do outro por Mr. Hyde e o afastamento retraído do Dr. Jekyll.

Num mundo como o nosso, onde parece que as palavras são pronunciadas antes mesmo de serem pensadas e são ouvidas antes mesmo de serem sentidas, o cinema mudo nos trás algo único, quase que mágico: percebemos que não é só pelas palavras que comunicamos!




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segunda-feira, agosto 13, 2007

Curso de Logoterapia

Formação Sistemática em Logoterapia

Tendo em conta o pressuposto de que cada época possui os seus problemas específicos e que é função do terapeuta servir de co-facilitador do processo de melhoria, a Associação Espanhola de Logoterapia, em parceria com a Fundación Argentina de Logoterapia, está a promover o curso de Formação Sistemática em Logoterapia, a iniciar em Novembro próximo.

O curso de três anos será constituído por módulos de história, antecedentes e fundamentos filosóficos da logoterapia, a visão antropológica e a ontologia dimensional humana, a abordagem existencial da problemática humana, a teoria dos valores, a teoria e terapia da neurose, a logoterapia aplicada (à família e à educação), a resiliência, a terapia de situações limites e a velhice plena de sentido. As aulas presenciais são em fins-de-semana intensivos e a avaliação será feita, anualmente, através de trabalho.

Candidaturas

Pré-inscrição: 30€.

Propinas anuais: 600€.

Processo de candidatura: licenciatura e avaliação curricular.

Contactos

Mª Ángeles Noblejas (ma_aeslo@yahoo.es) – (+34) 91-3234766

Ana Ozcariz (anaozcariz@terra.es) – (+34) 91-6304743

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sábado, agosto 11, 2007

Educação, um direito de todos... ou talvez não

Vindo de uma cultura na qual a educação é vista como necessariamente compulsória, não consigo entender algumas notícias que me chegam diariamente.

Numa das notícias leio que profissionais estaduais iranianos, entros os quais professores, marcaram o dia do trabalhador com um tumulto agressivo, tendo 15 deles sido presos na província do curdistão iraniano. Na mesma notícia relata-se que 143 estudantes tiveram os seus cursos suspensos por decreto e 94 estudantes bahá'ís foram privados da educação.

O Human Rights Watch exigiu a libertação imediata de 19 estudantes presos (outros seis já foram libertados), com confissões retiradas sob coacção, uma metodologia clássica da prisão de Evin. Quem lá esteve, provavelmente, contará a mesma coisa: interrogatórios ininterruptos de
24 horas, privação de sono, ameaças físicas aos prisioneiros e às respectivas famílias, espancamento com cabos e socos, e obrigados a ficar de pé por longos períodos de tempo.

Washington Araújo, citando outra fonte, afirma: "Os jovens bahá´ís iranianos que tentaram matricular-se em institutos técnicos e vocacionais foram definitivamente barrados de admissão ao próximo ano acadêmico", através de um sistema que é "também contra qualquer outro estudante iraniano que esteja sendo igualmente rejeitado em sua intenção de entrar em uma universidade, o que ocorre sob várias justificativas totalmente incabíveis, como se expressarem publicamente contra crenças ou opiniões que não tenham sanção oficial". No ano passado 200 bahá'ís entraram, devido a pressões internacionais sobre o governo, mas pelo menos 128 foram expulsos ao terem sido identificados por funcionários universitários como bahá'ís.

Para mim essas situações não deveriam ocorrer senão no campo da ficção!
Pois, estudante é aquele que sonha com o futuro, é aquele que tenta criar o futuro, é aquele que, indignado com o presente, investe no futuro.
Estudante não deve olhar sobre o seu ombro... Deve, sim, ser dado os instrumentos para que possa criar uma civilização em contínuo progresso.

Isso, sim, me parece ser a definição de estudante!

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sexta-feira, agosto 10, 2007

Cachorro quente, gato frio

Há alguns anos atrás, a música Who let the dogs out (quem deixou os cães de fora) foi um êxito em vários países do mundo. Impressionantemente, não se chamava who let the cats out (quem deixou os gatos de fora)... Isto porque, ao que parece, pensamos mais em cães do que em gatos. Em filmes como o O Passáro Azul, o cão era sempre de confiança e o gato pleno de ciúme e inveja.

O show da Brodway criado e produzido por Andrew Lloyd Webber e o Manda Chuva (Top Cat) de Hannah-Barbera são talvez as exceções à regra. O melhor amigo do SuperBoy era Ktypto, um cão; o Mickey Mouse tinha um cão chamado Pluto e um de seus melhores amigos era o Pateta, um cão; até mesmo o Scooby-Doo era um cão!

Comemos cachorros quentes e Elvis Presley cantou "Hound Dog"e Sting "The hounds of winter". Quantas comidas possuem o nome de um gato, e quantos os filmes dedicados a eles? Pessoalmente não me lembro de muitos.

Isso talvez porque os cães são os nossos melhores amigos!!!

Deborah Wells (da Queen's University) explicou, no British Journal of Health Psychology, que os donos de cães parecem sofrer menos doenças e mesmo menos problemas médicos, tendo menos pressão arterial e níveis de colesterol (porventura devido a caminhadas regulares com os seus companheiros de quatro patas).

Tinha um amigo que poderia dizer que os cães são bons é para chamar a atenção das mulheres. Aliás, de acordo com Wells, "Ser dono de um cão pode também (...) facilitar o desenvolvimento de contactos sociais, que podem incrementar a saúde humana fisiológica e psicológica, numa via mais indireta".

Outros estudos demonstram que a presença de um cão pode ajudar crianças com doenças crónicas a tolerar procedimentos médicos potencialmente dolorosos, sendo capazes de expelir melanomas malignos ou melhorar situações de pouco açúcar na diabete. Em Israel, nação de quatro grandes religiões e precursora de grandes descobertas científicas, foi também sugerido que os animais de estimação poderiam ajudar as pessoas com esquizofrenia a sentirem mais calma e até maior motivação.

Por outras palavras, se quer um animal de estimação: os cães parecem ser a escolha!

Para mais, sugere-se a leitura de Human-Dog Psychology: 5 Weird Studies.

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segunda-feira, agosto 06, 2007

Sucesso organizacional

Há quem diga que eu sou muito novo para falar de determinados assuntos, entre os quais está o sucesso.

A verdade é que venho de uma geração que põe tudo em causa e inquere a todos, pelo simples prazer de entender a verdadeira realidade subjacente às coisas.

Foi por isso que escrevi o artigo Como alcançar sucesso organizacional publicado na .:RH.com.br.

Nela defendo a atenção dos líderes na capacidade individual, de modo a
gerir melhor as potencialidades do seu pessoal, para entender melhor as causas das altas percentagens de depressões, compreender como converter a calma de um funcionário em prudência corporativa ou a hiperatividade de outro em capacidade de produção.

Porque as pessoas são a essência de uma organização!

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domingo, agosto 05, 2007

E tudo muda, adeus velho mundo... Cuide bem do seu amor!

Há músicas cuja letra é linda, seja como for.

Há músicas que são ainda melhores quando sabemos a história anterior à sua aparição e quando vemos toda a banda unida.

E há músicas que são, indubitavelmente, especiais quando reparamos no vocalista.




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sexta-feira, agosto 03, 2007

Sofrendo e sorrindo

Estive há pouco em conversa com uma amiga, também psicóloga e admiradora de Frankl, e reli os textos que ela escreveu, há já algum tempo nalgum lugar, e lembrei-me que Frankl explica que existem três caminhos para conhecermos o sentido da vida, sendo...

A terceira via para encontrar sentido “aí, onde enfrentamos o destino que nos parece irrevocável”, aí onde parece que já não há saída consegue-se “realizar o mais humano dentro do homem”
(Frankl), transformando uma tragédia em triunfo e o sofrimento em progresso.

O ser humano é, assim, movido pelos valores de atitude, convertendo-se no homo patiens, que lhe permitem não só aceitar àquelas situações onde nada pode fazer, mas também agir dentro do marco dos condicionalismos impostos pela situação. Como diriam Campiche e colegas, o ser humano “talvez não tenha liberdade para estar doente ou são (…), ser burguês ou operário, mas tem liberdade para aceitar estados com resignação ou revoltar-se. O ser humano tem liberdade para reagir”.

Frankl reconhece o papel destes valores para o progresso humano ao afirmar que “Somente a atitude e a volição permitem-lhe dar testemunho de algo que só o homem é capaz: de transformar e remodelar o sofrimento a nível humano para convertê-lo em um serviço”. Mas atenção, o sofrimento não é a única via para o sentido: aquilo que seria a procura ou a vontade de sofrimento é mais um masoquismo despropositado: os valores de atitude não são nem sofrimento desnecessário nem mudança da situação limitante inalterável, são na realidade “experiências trágicas inerentes à vida humana” (Frankl) que permitem mudar a si mesmo, crescer, transcender.

É interessante a forma como 'Abdu'l-Bahá aborda este tema:

A mente e o espírito do homem avançam quando ele é provado pelo sofrimento. Quanto mais lavrado o solo, tanto melhor crescerá a semente, tanto melhor será a colheita. Assim como o arado sulca a terra profundamente, purificando-a dos cardos e das ervas daninhas, assim o sofrimento e a tribulação livram o homem dos frívolos assuntos desta vida terra, até atingir estado de completo desprendimento, quando sua atitude será de felicidade divina. O homem é, por assim dizer, verde; o calor do fogo do sofrimento amadurecê-lo-á. Olhai para os tempos passados e verificareis que os maiores homens sofreram o máximo.

Essas experiências trágicas podem ser três: sofrimento, culpa e transitoriedade. Não é pelo sofrimento (ou dor), pela culpa ou pela transitoriedade da vida (morte) que as pessoas desesperam, mas por não verem sentido nelas, por isso devemos tentar converter “o sofrimento em realização, a culpa em conversão e a morte em estímulo para a ação responsável” (Guberman e Soto), ultrapassando esta tríade trágica.

Sei que nenhuma palavra consola. Mas quem sabe, minha amiga, o sentido ajuda!

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quarta-feira, agosto 01, 2007

Quando tudo o que importa é a política e não as pessoas...

200 mil mortos! 2 milhões de desalojados! 4 anos! 1 direito de veto!
E, ainda havia outro conflito na região que durava 21 anos!!! (uma guerra a Sul do país, na qual o governo islâmico foi retaliado por rebeldes cristãos que se negavam à imposição da lei islâmica na sua região, minoritariamente muçulmana).


No norte do Sudão, em Darfur, os negros africanos, descontentes com o "seu" governo começaram, em 2003, o ataque a locais do governo que, em retaliação, admite ter mobilizado milícias de auto-defesa. Há quem diga que, neste momento, surgiram as milícias Janjaweed cujo único objectivo nos roubos, nas violações e nos extermínios era a expulsão dos negros da região, para a manutenção do domínio árabe. Naturalmente, o governo nega!

Dois anos depois foi assinado um tratado... E, ao que parece, pouco foi feito! As milícias continuam activas e o Sudão negava a possibilidade de deixar entrar forças das Nações Unidas?!?

Finalmente, ontem, parecem ter chegado a um acordo. A China já não utilizou o seu direito a veto (veto? impedir a morte de seres humanos? veto? não consigo digerir essas questões juntas...) e a Unamid (United Nations African Union Mission in Darfur), que custará 2 bilhões por ano e contará com 19.555 militares e 6.432 agentes policiais, terá a sua força completa em 2008?!

Mais, o Governo Sudanês aceitou!

Tudo isso é-me surreal! Já vi quadros de Dali ou de Miró que se percebiam melhor que a política internacional.
Façamos as contas: um grupo armado (seja do governo ou não) comete massacres e temos que sentar a espera de negociações económicas e políticas para salvar seres humanos?

A China, com os seus interesses naquele país, deveria ser a primeira a apoiar uma resolução ao conflito. O governo do Sudão deveria ser o primeiro a implorar ajuda aos seus aliados. O EUA que tão bem sabe entrar em todo lado, talvez devesse ter-se preocupado com o Sudão antes do Iraque.

Não sei! A esse andar, a Organização das Nações Unidas, mais do que manter a paz, consegue ser o órgão internacional que mantem a guerra!!!
Não sei! Não entendo! E tenho medo de entender aonde vamos assim... É como dizem os Legião Urbana: "humanidade desumana".
O quadro diz tudo! Tapemos o leão.

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