sábado, fevereiro 07, 2009

E o que fui fazer a Londres?

Com a saída determinada da Europa, não pude deixar de fazer uma espécie de peregrinação ao local no qual Shoghi Effendi, o Guardião da Fé Bahá'í, tem o seu último descanso, ou, melhor dito, local em que se encontra o sagrado sepulcro.

Nos dias que estive por Londres, tive a oportunidade de poder, por três vezes dirigir-me à estação de Arnos Grove e caminhar por uns minutos para o cemitério local, no qual pude estar sob a presença daquele “menino pequeno [que] os guiará”, profetizado por Isaías (11:6), o admirável jovem de 25 anos que impediu toda sectarização e se tornou o ponto de convergência de todos os bahá’ís do mundo, no ano de 1921.

Foi a sua visão pragmática e de longo prazo que lhe permitiu ser o elo de ligação entre o passado histórico desta nova religião de índole universal, nascida em 1844 com os seus mais de 20 mil mártires, e o futuro administrativo que em 1963 teria a primeira eleição da Casa Universal de Justiça, o corpo supremo democraticamente eleito por bahá’ís de todo o mundo.

Foi em períodos como a Cruzada de Dez Anos que a Fé Bahá'í conseguiu desenvolver-se ao ponto de, hoje, ser a segunda religião mais disseminada do mundo. E foram as suas traduções que permitiram que povos de todo o mundo pudessem conhecer a literatura bahá’í, que ensina a necessidade de eliminação de todos os tipos de preconceitos, a abolição de extremos de riqueza e pobreza, a igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres, para citar alguns. De entre suas traduções destacam-se As Palavras Ocultas e O Livro da Certeza, de Bahá'u'lláh, sendo capaz de manter a doçura poética da língua persa e a complexidade idiomática do árabe, graças também à sua maestria no inglês, tornando-se ímpar tradutor dentro e fora da literatura bahá’í.

Os seus próprios textos são, por si, prova viva de sua capacidade. Escrito por si, está uma obra única de nome A Ordem Mundial de Bahá'u'lláh, um tratado que apenas o futuro da humanidade poderá dar o devido lugar. Nele descreve as dores de parto de uma humanidade decadente e a esperança de um futuro promissor.

Termino com as palavras de encorajamento que jamais esquecerei, desse mesmo livro:

Comparai as instituições em desintegração, as desacreditadas diplomacias, as teorias destruídas, a degradação assustadora, as loucuras e as fúrias, os artifícios, as fraudes e as concessões que caracterizam a sociedade atual, com a firme consolidação, a santa disciplina, a unidade e a coesão, a inabalável convicção, a lealdade incondicional, e a heróica abnegação que constituem o marco desses fiéis defensores e precursores da Idade Áurea da Fé Bahá'í.

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quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Uma multidão alvoraçada gritava “Will, Will, Will”...

Uma multidão alvoraçada gritava “Will, Will, Will”, flashes batiam, meninas gritavam e seguranças observavam.

De longe, lá estava ele, a estrela do momento (deste e de tantos outros), Will Smith saindo de uma ante-estreia europeia em Londres, sorrindo numa foto que ele mesmo estava tirando com uma de suas fãs, enquanto a multidão tentava obter mais uma foto, um autógrafo, um toque, qualquer coisa.

Impressionante como nos entusiasmamos com actores e cantores, mas não bradamos "Saramago, Saramago", "Pamuk, Pamuk" ou "Annan, Annan" se cruzarmos com eles na rua. Vi Saramago na Feira do Livro de Lisboa há um par de anos, e estava sentado em sua cadeira, esperando que algum possível fã se aproximasse e pedisse, talvez, um autógrafo. Quanto a Pamuk, se o visse, possivelmente nem o reconheceria, quanto mais lhe pediria um autógrafo ou uma foto com ele.

Talvez eu esteja enganado, mas acredito que a maturidade da humanidade virá quando tratarmos de igual forma as estrelas (cadentes) do cinema e da música com as outras estrelas e astros que lutam pelo bem-estar da humanidade, através de suas ideias e pensamentos, ou suas atitudes e ações.

Gritando por eles? Não! Montando aparatos de segurança quando eles passarem? Não! Ao invés, quando Will Smith for tão comum como qualquer um de nós e Koffi Annan for tão humano como nós e deixarmos de pensar no panteão celeste e os convidarmos a serem humanos, sem distinções e sem cânticos exagerados da multidão.

Até lá, só me resta, tentar tirar uma foto de Will Smith…
Will Will Will Will Will…

(fotos à esquerda: Hércules, a estrela da antiguidade "clássica").
(foto à direita, da esquerda para a direita: Socrátes, Antistefenes, Crisippos e Epícuro, pensadores da anitguidade "clássica").
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Londres, carros, futuro: 20 horas de trabalho por semana
Tempo: o dom mais precioso
Restaurante chamado Tradição
Aviões são prova da existência da alma
Dia Humanitário Mundial, o dia de Sérgio Vieira de Mello
Ainda bem que não evitaste a crítica, Sr. Mandela

Mais um que se vai, deixando-nos a fantasia de o que poderia ter sido...

Uma década de conversão de dor
Campeão sem acaso
Quando o medo se converte em livro

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quarta-feira, janeiro 28, 2009

Londres, carros, futuro: 20 horas de trabalho por semana

Em Londres tive a oportunidade de ver carros que sabia que existem e que nem sonhava ver em vida, ou carros que nem sonhava que existiam. As marcas mais caras de carros foram passando por mim, ao longo dos dias.

Uma limusina branca enorme com vidros duplos passando à minha frente, um Lamborghini amarelo ao fundo da rua, um Lotus acelerado e outro com dificuldade de passar entre um camião estacionado e uma parede há mínimos metros de distância, um Aston Martin parado para os pedestres passarem, um Ferrari estacionado e um Porsche com a capota fechada pelo frio, e carros cujas marcas não conhecia, não conheço e/ou nem reconheci…

Carros de todos os tipos e gostos que fazem pobres coitados de um Lexus, um Mercedes ou um BMW. Mas, não deixam de ser carros. Motor de qualidade, bancos ergonómicos, bons mecanismos de segurança fazem os carros serem carros. Mais que isso é um mero luxo, uma mera necessidade de mantermos um estilo de vida capitalista.

Com as máquinas que existem, ao invés de criarmos luxos para nos exibirmos e provarmos o nosso status, teremos instrumentos que diminuíram as nossas horas de trabalho, mas não reduzirão os empregos.

Imagine-se num futuro aonde só trabalharemos 20 horas por semana, o mínimo e necessário, não para subsistir, não porque o salário é excelente para todos, mas porque o sistema capitalista faliu a tal ponto que percebemos que trabalhar é adoração, é um prazer que se faz por gosto, e uma necessidade para manter a humanidade funcionando.

É para isso que deveríamos trabalhar: não para viver, mas porque é um serviço que fazemos à coletividade, a todos. É um serviço que prestamos, não um esforço que fazemos para ter dinheiro, para o poder gastar em dívidas que foram criadas para termos os excessos e não os necessários.

Pensemos nisso: o que irá acontecer ao dinheiro?
Viveremos num mundo aonde o dinheiro existirá ou deixará de existir? Será que chegaremos ao ponto no qual não nos comparamos através dos carros que temos, mas pelas pessoas que somos? Será que viverei para ver esse dia chegar? Será?

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Tempo: o dom mais precioso
Restaurante chamado Tradição
Aviões são provas da existência da alma
Dia de Ação Blogal: pela eliminação da pobreza Global
Capitalismo ou Solidariedade - a opinião sobre as Empresas Farmacéuticas (2)
Capitalismo ou Solidariedade - a opinião sobre as Empresas Farmacéuticas (1)

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segunda-feira, janeiro 26, 2009

Tempo: o dom mais precioso

Se há uma coisa imparável, é o fluxo do tempo: o rio do tempo flui sem parar e, façamos o que fizermos, a cada quinze minutos o Big Ben de nossas vidas irá soar. Não há nada a fazer! Vivemos, crescemos, envelhecemos. Esse é o processo.

Cosméticos e cirurgias só irão mascarar a realidade do tempo. Cuidados com a saúde irão permitir melhor aproveitamento do tempo, mas o tempo irá passar e nenhuma força da natureza o poderá impedir.

Quando passei pelo Museu Britânico, em Londres, notei que tinha, há pouco tempo, inaugurado uma nova sala de exposição dedicada a relógios de diversas formas e aspectos (um deles é o da imagem ao lado).

É impressionante como, desde os nossos primórdios enquanto espécie, preocupamo-nos com a gestão do tempo. No entanto, enquanto pessoas comuns, esquecemo-nos de coordenar as coisas e dizemos sempre que estamos “com falta de tempo”!

Mas o tempo não escasseia, nos é que o vamos perdendo.

Perdemos um ano, porque reprovámos na escola.
Sofremos um mês, porque o nosso filho nasce prematuramente.
Corremos uma semana, porque somos editores de um semanário.
Contamos os minutos da hora, porque iremos encontrar o amor de nossas vidas.
Amaldiçoamos o minuto, porque perdemos o transporte público.
Seguimos vivos, estupefactos com o segundo que nos salvou do acidente.
Abençoamos o milisegundo que deu a vitória naquela maratona.

Façamos o que fizermos, não há tempo a perder, nem lugar para vacilações. A vida vai passando, o tempo correndo, a existência fluindo. Bem-aventurados aqueles, dentre nós, que utilizam o passado, para agir no presente criando um futuro com sentido.

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Restaurante chamado Tradição
Aviões são provas da existência da alma
Rumi - Divan Shamsi Tabrizi
Omar Khayyám - Rubáiyat (XXVIII)
Rumi - "Estas preces e guerras santas e jejuns"

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sábado, janeiro 24, 2009

Restaurante chamado Tradição

No outro dia fui a um restaurante ao qual, dias depois, uma amiga o intitulou de restaurante, típico, conservador e tradicional. E hoje, ainda não sei como é que termos como “conservador” e “tradicional” podem ser aplicados com tom político a um restaurante!

Mas a verdade é que o restaurante iraniano (diferente de persa) tinha uma das instalações sanitárias mais sujas que eu havia visto em toda a minha vida num estabelecimento do género. Faltava papel higiénico e sabonete, a pia estava imunda e o chão tinha água e mais água (espero que tenha sido água)! E, um funcionário lá se encontrava: um jovem, não muito mais velho que eu, de luvas, sobre os joelhos, tentando limpar parte da imundície de um dos vasos sanitários. Ao trocar algumas palavras com ele, compreendi que o seu persa não era o persa típico de um iraniano. Perguntando-lhe de onde era, respondeu, sorrindo, como que feliz por finalmente alguém trocar dois dedos de conversa com ele, que era afegão.

Aí, então, compreendi o “conservador” e “tradicional”. É comum, no Irã de hoje, que os imigrantes afegãos sejam tratados como subhumanos, sem muitos direitos e com muitos deveres. Aliás, foi também pela defesa das crianças afegãs e dos seus direitos básicos que Shirin Ebadi ganhou o seu Nobel da Paz.

Então, penso, se ser conservador é determinar a função de uma pessoa com base na sua origem étnica e nacional, quero distância dessa ideologia! Acho que já é tempo de ultrapassarmos essas barreiras e nos vermos a todos como irmãos humanos, cada um podendo desempenhar as suas funções (claro), mas com condições mínimas de dignidade e não de joelhos sobre as fezes de outro que se considera tão superior que nem a descarga puxa…

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Aviões são provas da existência da alma
Faz como eu escrevo, mas não faças o que eu faço...
O Direito a ser bem atendido
Para quando a lua cheia?

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quinta-feira, janeiro 22, 2009

Aviões são provas da existência da alma

Toda vez que vou viajar de avião fico maravilhado com a capacidade humana. Digam o que disserem o avião é a prova viva de que o ser humano não é apenas um animal: temos uma alma, alma racional!

Nós somos dotados de consciência, volição, ideação, reflexão consciente e inteligência coisas que o reino animal não possui. Ora, como é que podemos pertencer a um grupo se possuímos coisas que não existem nele?

Há alguns dias estive ausente, tendo a oportunidade de viajar para Londres num voo de duas horas e meia e não pude deixar de pensar que essa era a maior prova da existência da nossa alma.

Como animais deveríamos estar vivendo sobre a terra, andar sobre ela e nela sentar, mas a nossa alma é capaz de escapar das regras da natureza e de suplantar a todos os animais da terra. Somos, tanto quanto sei, a única espécie capaz de criar civilizações que fogem dessas leis naturais. Criamos os barcos e andamos sobre o mar. Criamos submarinos e mergulhamos nas profundidades do oceano. Construimos aviões e voamos pelos céus. E não somos nem anfíbios, nem peixes, nem aves.

Somos iguais aos animais nas nossas capacidades físicas. Aliás, os animais até, por vezes, são bem mais evoluidos que nós na visão ou na audição, por exemplo. Mas o poder do nosso espírito é incomparável, podendo desvendar todos os mistérios do universo.

Através do poder da alma, diz 'Abdu'l-Bahá, podemos “apreende[r] as idéias universais e traz a lume os segredos da criação”, bem como as “idéias abstratas e universais”.

Ele diz mais:
A mente é o poder do espírito humano. O espírito é o foco; a mente é a luz que dele irradia. O espírito humano é a árvore e a mente o fruto. A mente é a perfeição do espírito, é sua qualidade essencial, assim como os raios solares são uma necessidade essencial do sol.

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quarta-feira, dezembro 31, 2008

É o momento de vermos o que fomos para sabermos o que poderemos ser

Apesar de a data ser apenas simbólica, é interessante reviver o ano que passou e ponderar como será o que virá. E, confesso, 2008 começou de duas formas para mim. A forma pessoal e impessoal.

Na impessoal esteve o meu interesse constante num processo obsoleto que é a política mundial. Não consigo encontrar um sistema em vigor no mundo que me pareça perfeito, não obstante, tentei salientar o que me pareceu interessante:
Todo o resto, acho, aconteceu do lado pessoal. Foi um dos anos, senão o ano, mais emocionante da minha vida, cheio de emoções a cada instante. O motivo principal é simples: fiz a A escolha brasileira! Regressei ao país de minhas origens depois de 16 anos, como explico em Como se fosse ontem quando chega o amanhã?, houve Voltas e Revoltas na Vida e Reencontros do Coração e vi um tucano, e lá comemorei, depois de anos, o ano novo bahá'í, o Naw-Rúz. No Brasil, vi velhos amigos e criei novas amizades, eternas, duradouras, perenes. A minha inspiração se aguçou. Como consequência escrevi longos textos, e continuei a escrever contos durante o ano! Um destes textos é o poema És quem és, sem que eu saiba quem és, escrito nos primeiros dias no Brasil.

Foi em 2008 que fiz questão de lembrar o aniversário de Jean Charles de Menezes ou que a ONU resolveu celebrar o Dia Humanitário Mundial, no dia que é de Sérgio Vieira de Mello. Outra morte me tocou também, a de Heath Leadger, sobretudo pela proximidade etária.

Nas Olimpíadas vi a quem não vejo pessoalmente há um par de anos com uma medalha ao pescoço e no lazer pessoal deliciei-me com o show de Ney Matogrosso. Vi os óscars, pela primeira vez, durante o dia (porque o Brasil não tem tantas horas de diferença com California como Portugal) e achei fabulosa a relação entre a Juventude e os Oscars. Neste ano que termina vi e escrevi sobre alguns filmes e séries:
E foi nesse mesmo ano que surgiu Persépolis 2, sobre a perseguição dos bahá'ís no Irã. Tema ao qual, aliás, dediquei vários textos:
Mas existem outras causas às quais me juntei:
E justamente por causa desta última, escrevi textos, polémicos para alguns círculos, sobre a unidade do idioma português, isto é, sobre o Acordo Ortográfico:
Mas a maior de todas as causas foi pelos Direitos de toda a Humanidade, com participação bastante ativa das mais variadas partes da blogosfera em português.

No entanto, a minha presença não foi tão constante e sistemática como eu poderia desejar, o que levou às minhas reflexões sobre a Fluidez temporal na internet, ou sobre a aldeia chamada Blogosfera, a verdadeira Aldeia Global.

Justamente, os momentos de moratória serviram para tentar aprimorar a minha reflexão em psicologia, graças a influência de Viktor Frankl, que me que me leva sempre a Novos congressos e novas formas de ver a psicologia e, mais recentemente de Irvin Yalom, sobre quem virei a falar.
Muita coisa está por acontecer em 2009 e,s obre isso, poderemos ir falando enquanto ocorrerem. Contudo, considero uma coisa fundamental. Neste período de transição, pararmos e pensarmos sobre tipos de pessoas e as paredes, e vermos o que somos para sabermos o que poderemos ser.

Por isso, espero que sejamos, todos, cada vez mais capacitados a viver os instantes do futuro que começa hoje, dotando a vida de sentido.

Feliz 2009!
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O fim do ciclo é o começo de outro. Feliz 2008!
E assim termina 2006…

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domingo, dezembro 14, 2008

És quem és, sem que eu saiba quem és

Hoje acordei com os pensamentos voltados a este poema
que, há não mais de um ano, escrevi...

«
A densidade do céu é outra, a vida sorri de outra forma.
A cor da água, a sua textura e sabor mudaram.
O chão duro e frio já não é.
O ar, límpido, transparece na suave brisa de seu nome.
Nada é como era. Nada é como foi.

O mundo se recria a cada instante solitário da minha aventura social.
O mar se perde, em terras e vastidão colossal.
O fogo é doce, agradável suplício de quem se vê seu.
O amor: amargo de quem não está com quem deseja estar.

Linhas são linhas e palavras ocas soam por soar.
Versos já não são versos, são provas de algo,
Algo que não sei descrever, algo que não sei identificar,
Algo sem valor, com valor, opulento, paupérrimo, de um valor sem valor.

Isso é o que és: uma nação, uma mulher, uma doce canção
Que me extasia os olhos, uma candura que me alegra a alma.
És o meu futuro, o meu passado, o meu presente,
O meu caminho despedaçado, a ponte que temo passar.

És quem não fui, és quem eu gostaria de ser.
És quem não sou, e quem gostaria de ter.

És, não és, vives ou imagino-te
Existes para fora, dentro de mim
Existes na existência deste ser,
No amor, na criação e no sofrimento.

És quem és, sem que eu saiba quem és!
»
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Sting - Doido Por Ti
Uma música que vai para além do filme...
Nizâmî - Laylí e Majnún (4) - A realidade dos amantes
Como se fosse ontem, quando chega amanhã?
Drummond de Andrade - Mãos dadas
Edgar Allan Pöe - Um Sonho
Rumi - Divan Shamsi Tabrizi
Nizâmî - Laylí e Majnún (2)
Nizâmî - Laylí e Majnún
Saná'í in "Os Quatro Vales"
Bahá'u'lláh - As Palavras Ocultas
Nizâmî - Laylí e Majnún

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quinta-feira, dezembro 11, 2008

O direito (e o dever): agradecer!

Passei o dia de ontem maravilhado, lendo os vários blogs inscritos, atualizando as listas, respondendo a quem mandava o email com a sua participação, com o seu pedido de orientações, com as suas dúvidas. Enfim, um dia de recordar, não pelo cansaço mas pela beleza do desafio.

Uma vez mais, pessoas diferentes conseguiram encontrar um ponto em comum, uma visão única sobre um tema e, com base no respeito mútuo manifesto na maior parte dos comentários entre bloggers, demonstraram que não é possível ficar calado ante o incumprimento de requisitos básicos de dignidade e justiça para todos nós, seres humanos.

Li todos os textos (sem exceção!), e agradeço a todos, através deste singelo texto.

Poderia fazer um comentário padrão a todos, mas prefiro agradecer-vos aqui, pela capacidade em citarem figuras como S. Lucas, Kardec, Nietzsche, Hobbes, ou o “nosso” Sérgio Vieira de Mello, em demonstrar verdadeira preocupação pelas mulheres (igualdade sexual, violência doméstica), por pessoas com capacidades diversas e reduzidas ou pela defesa de crianças de rua, por relembrarem tempos de ditadura e louvarem tempos de democracia, alertarem que hospitais psiquiátricos não podem servir para deter livre-pensantes mas para apoiar pessoas com problemas psíquicos, enfim, por terem citado as mais diversas causas que tocam a cada um e a todos nós.

A humanidade que, tão entusiasticamente firmou aquilo que é muito lindo em papel e se chama Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948 (com três abstenções), parece ter perdido vergonha e é natural que muitos tenhamos perdido a fé nas lideranças, na ONU ou na própria justiça que parece agir contra aquilo que deveria defender...

Mas, com desenhos, fotos, vídeos, a sugestão da cartilha do Ziraldo e o livro de Ruth Rocha para os mais novos, ou fotos de Sebastião Salgado embelezando os textos, a blogosfera foi capaz de, com os gémeos amor e humor, lembrar que o que nos diferencia dos animais é a nossa impossibilidade de mantermos em silêncio ante a injustiça.

Como um corpo único, como folhas de cores distintas da mesma árvore chamada Humanidade, cumprimos o nosso dever de clamar por igualdade de direitos e oportunidades para todos, numa resistência pacífica porém não menos combativa.

O câncer que corrompe o tecido social só pode ser eliminado com pequenos atos como esta blogagem, mas também se a blogagem sair da blogosfera. Se, como lembrava alguém, cada vez que passarmos à frente numa fila, que cuspirmos para o chão, que dissermos mal de alguém ou simplesmente virarmos a cara a um sem abrigo, nos lembrarmos que estamos a desrespeitar a própria Declaração que ontem celebrávamos!

A nossa consciência enquanto humanos nos chama a um exercício de responsabilidade pessoal de apagarmos certas palavras dos dicionários sociais: racismo, sexismo, ódio, dissensão, guerra devem ter no seu lugar apenas igualdade, equidade, amor, união, paz.

A Humanidade mudou muito, desde 1844, quando uma simples mensagem de telégrafo, em Maio daquele ano, serviu de representante de uma nova era de mudanças técnicas e científicas tais que nos permitiu, comparado a tempos passados, evoluir exponencialmente para o melhor. A cada instante somos mais incapazes de cometer atrozes barbáries, derramando o sangue de nossos irmãos humanos. A blogosfera demonstrou-o!

Cada vez mais, se apenas o desejarmos, poderemos estar unidos e agir para que o bem-estar da Humanidade, a sua paz e segurança sejam atingidos, porque, simplesmente, a sua unidade foi firmemente estabelecida. É tão simples, não é?



Sugestão de leitura:
E, por todos nós
Obrigado!

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Há 60 anos!
O direito a ter direito
Para quem os direitos humanos?
Blogs (com a ONU) pelos Direitos Humanos
Direitos Humanos?
A 19 dias do Aniversário
Dia Humanitário Mundial, o dia de Sérgio Vieira de Mello
Ainda o Dia dos Direitos Humanos...
A Luta de toda a Humanidade! Obrigado a todos!

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quarta-feira, dezembro 10, 2008

Há 60 anos!

Há exatamente sessenta anos, a Humanidade, cansada de ver o seu próprio sangue derramado, em cada conflito, em cada guerra, farta de ver que existem seres humanos relegados a um segundo plano, consciente de que a sua sobrevivência está em causa, estabelece uma espécie de código de conduta internacional, ao qual veio a designar de Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Contudo, a Declaração não é vinculativa. Nada compele os seus signatários a cumpri-la a não ser o bom senso que dita a dignidade e a justiça é para todos os seres vivos, em iguais circunstâncias.

Afinal de coisas, como dizem os escritos bahá'ís, A mais amada de todas as coisas (...) é a Justiça. Ou, como já diziam os Salmos: Fazei justiça ao aflito e necessitado.
Contudo, Uma pessoa não é apoiante da justiça simplesmente porque fala dela (Dhammapada), é necessário agir!

E hoje cerca de cem blogs, unidos, por vários pontos do mundo demonstraram que podem, apenas o desejem, agir! Agir para que estes sessenta anos não sejam revividos com as suas dissensões e massacres, mas sim revividos com os Direitos Humanos, com uma Humanidade capaz de ver o melhor de si mesma.

Segue-se a lista dos participantes confirmados:
  1. Fênix Ad Eternum
  2. Lino Resende
  3. Leio o meu mundo assim...
  4. Alma Poeta
  5. Reclinada
  6. Doutrina Espirita
  7. "Feliz aquele que transmite o que sabe, e aprende o que ensina"
  8. "Chama da Paz": A luz que nunca se apagará
  9. Blog do joãoáquila
  10. Saia Justa- Ano III
  11. Caminhantes
  12. Pegasus, Cavalo Alado
  13. Arroios
  14. Devaneios & Desatinos
  15. Mirian-crochet
  16. Moralitos EBIC
  17. Flávia, Vivendo em Coma...
  18. Oficina de Palavras.
  19. Fio de Ariadne
  20. Infinito Particular
  21. Educar Já!
  22. Casas Possíveis
  23. Qualiblog
  24. O mundo na Luneta
  25. Viver Melhor
  26. Apenas Nana
  27. Ideia Espírita
  28. blogosfera solidária
  29. Página Russana
  30. Na casa da vovó
  31. Jus Indignatus por Ricardo Rayol
  32. BLOG DO RONALD
  33. By Osc@r Luiz
  34. Entre Mãe e Filha
  35. Luz de Luma, yes party!
  36. Diário de Iza
  37. Pensiere & Parole ano V
  38. Esquinas há muitas - De ver o mar - só a minha...
  39. MOMENTOS DE LUAR
  40. este é o meu local de sonho...
  41. Recordações de um Baú
  42. Das coisas que eu sei
  43. Pasárgada
  44. Chronicle & Tales Unlimited (RED)
  45. Toques de Prazer
  46. TIMOR LOROSAE NAÇAO
  47. PÁGINA UM
  48. De tudo um pouco
  49. feltro, lã, pano e papel
  50. AprendizArte Ateliê
  51. Bem Bolados Projetos
  52. O pulguedo
  53. Ramsés Século XXI
  54. MIVA CROCHET
  55. Maio, 26
  56. Essencialmente Palavras...
  57. O Último Dia de Minha Vida.
  58. O Blog do CanalPsi
  59. aprendemos
  60. Sensata Paranóia
  61. Reflexões e opiniões
  62. Carta de Tarot
  63. SOL POENTE
  64. Só para dizer que tenho um Blog
  65. IPSI LITERIS
  66. Doce de Fel
  67. Dormentes
  68. Marco S/A
  69. Lavanderia Virtual
  70. Tulipas - A dança da vida
  71. Adão Braga - conectado
  72. ZzabeLinha
  73. Bloco de notas
  74. Tudo para Todos sobre Nada
  75. Mexe no Peixe
  76. OPINIÃO LUSÓFONA
  77. associação abril
  78. VERDE QUE TE QUERO VERDE
  79. PÁGINA LUSÓFONA
  80. PORTUGAL DIRETO
  81. No "canto-do-conto": Um punhado de magia...
  82. Conversamos?!...;
  83. Fotografando a Vida
  84. ali-se
  85. O Meu País Azul
  86. Blog do Brasilerô
  87. Caravançarai
  88. Revisitar a Educação
  89. English is Cool
  90. A cor da letra
  91. The pages of my life...
  92. Hoje eu tô de bobeira
  93. Drop Azul Anis S
  94. Acqua
  95. Saúde Alternativa
  96. Portugal, Caramba!
  97. UNIDADE MUNDIAL
  98. Pequenos Pormenores
  99. Ernani Motta
  100. Descobrindo
  101. Retrato em branco e preto
  102. Peciscas
  103. JE VOIS LA VIE EN VERT
  104. A LUZ DO DIA E DA NOITE
  105. A PARTILHA DA ALEGRIA
  106. .Blog
  107. Ideias Soltas
  108. NONA E EU
  109. Consciência Acadêmica
  110. pianomanga
  111. Visão Panorâmica
  112. Dentro da Bota
  113. Quiosque Azul
  114. Lu_Carioc@
  115. Pavulagem da Ro
  116. A vida como a vida quer
  117. MONAMI... 6ª FEIRA
  118. Sindrome de Estocolmo
  119. ius communicatio
  120. Nothingandall
(Atualizado pelas 23.00 de 14 de Dezembro)

Outros blogs asseguram a sua participação:
Conversas de Português; luxuriante; Pequenos Grandes Sentimentos; Chá da tarde & Girassóis; Natureza Poética; fotografa; Um pé na Europa.

E, não se esqueça, para que a sua participação seja considerada,
deve identificar o seu blog ou post através de
link e selo oficial da campanha.

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O direito a ter direito
Para quem os direitos humanos?
Blogs (com a ONU) pelos Direitos Humanos
Direitos Humanos?
Ainda o Dia dos Direitos Humanos...
A Luta de toda a Humanidade! Obrigado a todos!

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terça-feira, dezembro 09, 2008

O direito a ter direito





Amanhã, todas esta causas terão que fazer sentido!

Por isso, amanhã, não se esqueça de
  1. Publicar textos / vídeos / imagens sobre os Direitos Humanos, nos vossos blogs / sites / redes sociais... com um link este blog.
  2. E escolher pelo menos um dos selos originais e publicá-los junto ao texto (para obter os selos, clique na imagem abaixo).
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Para quem os direitos humanos?

Blogs (com a ONU) pelos Direitos Humanos

Direitos Humanos?

Persépolis 2 (legendado)

O dia em que tudo começou, em 1844!

O perigo da diversidade (???)

Bahá'ís presos

Ainda o Dia dos Direitos Humanos...

A Luta de toda a Humanidade! Obrigado a todos!

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segunda-feira, dezembro 08, 2008

Para quem os direitos humanos?

Os direitos humanos, acredita-se, foram pela primeira vez registados neste cilindro da Pérsia antiga. Entretanto a Revolução Francesa, e a Constituição do Estados Unidos da América deram-lhe novo vigor, até que, em 1946, as nações do mundo, unidas, decidiram começar um novo tempo de paz.

Era tempo de não mais se repetir...
  • O Genocídio Assírio (1914-1920), pelos Jovens Turcos - mais de 275 mil mortos
  • O Genocídio Grego (1914-1923), pelos Jovens Turcos - 300 a 360 mil mortos
  • O Genocídio Arménio (1915-1923), pelos Jovens Turcos - 2 milhões de mortos
  • O Genocídio Don Cossacks (1919-1920) na União Soviética - 300 a 500 mil mortos
  • O Holocausto alemão contra judeus, eslavos, romenos, doentes mentais, homossexuais e outros "desviantes sexuais", testemunhas de jeová, oponentes políticos (1933-1944) - entre 16 a 26 milhões de mortos
A Declaração Universal foi criada. Contudo, as dificuldades eram cada vez maiores:
  • Genocídio de índios maias durante a Guerra Civil guatelmateca (1968-1996) - 180 mil mortos
  • Guiné Equatorial (1968-1979) - 80 mil mortos
  • Genocídios durante a guerra do Bangladesh (1971) - estatísticas ascendem até aos 3 milhões de mortos
  • Burundi (1972), eliminação sistemática de Hutus, pelos Tutsis - 80 a 210 mil mortos
  • Assassinatos em massa contra grupos de ideologia suspeita, minorias étnicas, anteriores soldados do governo, monges budistas, intelectuais e academicos, entre outros no Cambodja (1975-1979) - 1,7 milhões de mortos
  • Mortes em Timor Leste, pelo regime indonésio (1975-1999) - 60 a 200 mil mortos
  • Terror Vermelho etíope (1977) - 150 a 500 mil mortos
  • Massacre no campo de refugiados palestinianos Sabra Shatila no Líbano (1982) - 700 mil a 3,5 milhões de mortos
  • Campanha an-Anfal do regime iraquiano contra os curdos (1986-1989) - 50 a 100 mil não combatentes mortos
  • Massacre do povo ticuna (1988) - 4 mortos
  • Burundi (1993), eliminação sistemática de Tutsis, pelos Hutus - 25 mil mortos
  • 100 dias de massacre no Ruanda (1994) contra Tutsis e Hutus moderados - 937 mil mortos
  • Genocídio Bósnio, pelos sérvios (1992-1995) - (não consegui números exactos)
Ainda, nenhuma das listas acima inclui os 20 a 25 mil aborígenes australianos mortos, as 6 milhões de morte por fome na União Soviética, os 500 mil a 1 milhão de mortos na Partição da Índia, as várias mortes durante o conflito de anexação do Afeganistão pela URSS, o número indeterminado de pigméus mortos e canibalizados durante a guerra civil congolesa, os cem mil cidadãos da ilha da Nova Guiné mortos, pois não são considerados genocídios.

Entretanto, o que temos ante nós, hoje?

Uma humanidade cada vez mais consciente. Lideranças talvez não tão eficazes como gostaríamos, mas pessoas cada vez mais atentas e conscientes com o mundo à sua volta.

A instabilidade na Somália, e os genocídios no Darfur não podem continuar!
Não podemos permitir que genocídios culturais no Tibete contra população budista, ou o genocídio cultural contra os bahá'ís no Irã se convertam em massacres como nos anteriores exemplos.

Por um motivo simples:
O bem-estar da humanidade, a paz e segurança do planeta serão conseguidos e alcançados somente e apenas se a unidade mundial for estabelecida.

Dia 10 de Dezembro, bloggers de língua portuguesa, dos mais diversos países, estaremos demonstrando que, pelo menos nós, estaremos unidos.
Pelos Direitos de todos os seres humanos, ou seja, por todos nós!

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Blogs (com a ONU) pelos Direitos Humanos
Direitos Humanos?
O dia em que tudo começou, em 1844!

Bahá'ís presos
A Luta de toda a Humanidade! Obrigado a todos!
Bem-vindos à Somália!
Paz como ausência de guerra ou como Símbolo da Humanidade?
Burma livre, Myanmar livre, Birmânia livre: mundo livre...
Ouvi por aí... no Hotel Ruanda
Quero PAZ!!!

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terça-feira, dezembro 02, 2008

Blogs (com a ONU) pelos Direitos Humanos

«o reconhecimento da dignidade inerente
a todos os membros da família humana
e dos seus direitos iguais e inalienáveis
constitui o fundamento da liberdade,
da justiça e da paz no mundo»
(preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos)


Esta campanha de blogagem coletiva pelos direitos humanos faz-se diferente do ano anterior pois, este ano a blogagem será registada pelo Gabinete do Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, conforme indica a presença do logotipo das Nações Unidas em todos os textos que este blog vier a publicar sobre o tema.

Aliás, o Gabinete esteve a ponderar, há algumas semanas, a utilização desse logotipo em todos os blogs envolvidos na campanha, contudo, a decisão foi a de que apenas o blog promotor do evento o poderia utilizar. Como consequência desta autorização exclusiva e intransmissível devo deixar claro que não se pode copiar o logotipo, acima, das Nações Unidas.

Por isso mesmo, o Lino Resende, teve a sabedoria e a amabilidade de criar três selos para a nossa campanha. Estes selos seguem abaixo e deverão ser usados por todos os que desejarem aderirem. Eles refletem o mesmo espírito que as Nações Unidas deseja que reflitam, chamando a atenção para a dignidade e justiça para todos nós.

Em síntese, no dia 10 de Dezembro...
1. Iremos publicar textos / vídeos / imagens sobre os Direitos Humanos, nos vossos blogs / sites / redes sociais... com um link para o blog promotor, permitindo uma contagem mais facilitada e uma associação a um projeto com o próprio aval das Nações Unidas.

2. E sempre com os selos (quantos e qualquer um dos três) linkados ao blog do seu criador, para dar crédito ao bom trabalho de quem os concebeu.
Que comecemos a campanha pela dignidade e justiça para todos nós!





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Direitos Humanos? – BLOGAGEM COLETIVA PELOS DIREITOS HUMANOS
A 19 dias do Aniversário
Ainda o Dia dos Direitos Humanos...
A Luta de toda a Humanidade! Obrigado a todos!
Um Mundo, Uma Vida, e muitas vozes!
Contagem decrescente para o dia dos Direitos Humanos
Um Mundo, Uma Vida, Seis selos
Um mundo, Uma Vida

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